A presidenta Dilma Rousseff encaminhou ao Congresso
um pacote anticorrupção, demonstrando que o governo está atento aos anseios da
população, que cobra nas ruas, em todo o país, o fim da corrupção e penas mais
severas aos corruptos e corruptores. Cabe agora ao Legislativo apreciar e votar
com agilidade essas medidas que vão ajudar a coibir atos ilícitos que sangram
os cofres públicos
Há séculos a cultura da corrupção assola nosso país.
Ao longo dos anos, ações punitivas e processos investigativos foram se
desenvolvendo, se aperfeiçoando no sentido de libertar o setor público desse
mal. Mas a corrupção envolve tanto servidores públicos quanto políticos, assim
como empresas. As recentes denúncias que afloram na imprensa de possível
esquema de corrupção na Petrobras para beneficiar servidores, parlamentares,
partidos políticos e empresas privadas são exemplos tristes da participação
dessas esferas em atos ilícitos.
É verdade que hoje os brasileiros estão perplexos
com as denúncias de possível esquema de propina na Petrobras. E todos nós
acompanhamos esse cenário com certa apreensão. Contudo, sigo na defesa de que
essa situação requer de todos nós e dos órgãos competentes cautela,
investigação e punição rigorosa de todos os corruptos e também dos corruptores.
Além disso, nos envergonha e entristece constatar que esse possível esquema se
iniciou lá atrás, no governo de Fernando Henrique Cardoso, sem nenhuma
investigação rigorosa.
Como se diz popularmente: não existe corrupto sem
corruptor. E, na base desse processo, muitas das vezes ocorrem também os
interesses empresariais. No anseio de fechar contratos milionários com a
administração pública – tanto na esfera municipal quanto na estadual e federal
– e na ausência de uma legislação severa e eficiente, as empresas se sentem
impunes para atuar com práticas condenáveis. Por isso, a necessidade latente de
punir de forma rápida e efetiva, garantindo o direito de defesa e coibindo a
continuidade de atos ilegais na administração pública.
Foi com esse entendimento, essa visão, que lutei na
Câmara para que os deputados e senadores analisassem o Projeto de Lei nº
6826/2010, do Executivo, encaminhado ainda durante a gestão do presidente Lula,
que tratava da responsabilização administrativa e civil de pessoas jurídicas
pela prática de atos contra a administração pública, nacional ou estrangeira,
em especial os atos de corrupção. Além de mais abrangente, a proposta previa
punições mais graves do que as previstas na Lei de Licitações.
Esse rigor nas ações punitivas aplicáveis ao setor
privado contribuirá diretamente para coibir irregularidades no serviço público.
Isso porque, no meu entendimento, contrariando a ideia alimentada pela mídia de
que todos os atos de corrupção se resumem ao setor público, algumas empresas
privadas no Brasil estão ligadas à prática de desvios de recursos públicos,
superfaturamento, suborno. E esse comportamento de parte do setor privado não é
exclusividade do Brasil; podemos identificar exemplos nos Estados Unidos e em
países da Europa, com democracia consolidada.
Depois de um árduo caminho de negociações, a
proposta tramitou três anos e meio na Câmara e foi aprovada no Congresso em
2013. Virou lei no dia 18/3/2015, quando foi regulamentada pelo Poder
Executivo, configurando um passo importante nessa luta incansável por maior
transparência e punição rigorosa de pessoas jurídicas nos crimes de corrupção,
que muitas das vezes sangram de forma atroz os cofres públicos. Essa legislação
vem com intuito não só de punir empresas corruptoras, mas especialmente de
incentivar que se estabeleça um novo padrão ético nas relações entre o público
e o privado. E já se percebe, pouco a pouco, seu efeito positivo, não porque
sua existência signifique o fim dos malfeitos, mas porque ela tem, sim, o poder
de mudar o comportamento empresarial no Brasil, fomentando um novo padrão
ético.
Sei que nesse combate o Partido dos Trabalhadores e
os governos Dilma e Lula são elementos engrandecedores e preponderantes para
garantir legislações mais rígidas. É importante que se diga, por exemplo, que
ambos os governos foram os que mais investigaram a corrupção e fortaleceram os
órgãos de investigação no país, como a Controladoria-Geral da União e a Polícia
Federal, responsáveis por milhares de casos de ações de punição contra
funcionários por atos de corrupção.
Essa constatação não é minha. De acordo com pesquisa
Datafolha, por exemplo, 46% dos brasileiros entrevistados também acham que o
governo Dilma foi o que mais investigou a corrupção, desde a redemocratização
brasileira. Em segundo lugar vem o governo Lula, com 16%, seguido do governo de
Fernando Collor de Mello, que obteve 11% dos votos.
Essa mesma pesquisa revela ainda que 40% acham que
foi na administração de Dilma Rousseff que mais corruptos foram punidos. O
governo Collor aparece em segundo lugar, com 12%, seguido pelo governo Lula,
com 11%. Entre os governos em que a corrupção foi menos punida estão o de
Fernando Henrique Cardoso (3%) e o de José Sarney (2%).
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