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quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Em crise de manutenção, Metrô de São Paulo põe trens com falhas para circular

São Paulo – A Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô) ignorou falhas apontadas por funcionários e colocou em circulação, na noite da última sexta-feira (23), pelo menos um trem com defeito para atender os usuários da Linha 3-Vermelha, que liga a capital paulista de leste a oeste. A “solução” teria sido adotada para contornar um desfalque de sete composições no trecho, todas afastadas por problemas técnicos. Registros no diário de condutores e telas de monitoramento do sistema revelam ainda que, na semana passada, dois trens da chamada frota K foram retirados e colocados em circulação pelo menos seis vezes em cinco dias – também devido a falhas.
A frota K possui 25 composições, que estão sendo paulatinamente reformadas desde 2010 pelo consórcio MTTrens, formado pelas empresas MPE, Temoinsa e TTrens – esta última envolvida nas denúncias de formação de cartel em conluio com governos tucanos em São Paulo. Pertence a essa frota a composição que descarrilou na manhã do dia 5 de agosto, nas proximidades da estação Palmeiras-Barra Funda, na Linha 3 Vermelha. Havia passageiros, mas, felizmente, ninguém se feriu. Segundo o Sindicato dos Metroviários, o acidente foi provocado pela ruptura de uma peça chamada “truque” ou “truck”, termo técnico que designa o sistema composto por rodas, tração, frenagem e rolamentos do trem.
Devido ao acidente do dia 5, que atingiu uma composição conhecida como K07, o Metrô recolheu todas as unidades da frota K para testes e manutenções. A empresa, porém, voltou a colocar em operação duas delas – os trens K10 e K14 – na segunda e terça-feira, dias 19 e 20 de agosto. Um dia depois, na quarta (21), ambas voltaram a ser encostadas. Na quinta (22), entraram novamente em circulação. Com a persistência das falhas, detectadas pelos condutores e denunciadas ao controle operacional, no mesmo dia os trens foram recolhidos para novos testes. Os defeitos foram confirmados, e as máquinas permaneceram no pátio.
Na sexta-feira (23), deparado com o afluxo de passageiros no horário de pico, o Metrô decidiu colocar novamente o K14 para atender os usuários – falhas constantes teriam deixado a frota da Linha 3-Vermelha com um desfalque de sete composições, e a eficiência do serviço estava comprometida. O K14, porém, não conseguiu operar dentro de limites aceitáveis de segurança e teve de ser encostado mais uma vez. Só que no meio da noite a empresa resolveu colocá-lo novamente para atender a população, mesmo com irregularidades. Ainda ontem (26), o K14 continuava apresentando defeitos. “Ruídos anormais” motivaram novo check up: um dos discos de freio estava solto.
Registros elaborados pelos condutores – e que são repassados periodicamente às equipes de manutenção – mostram que o K14 sofreu ao menos 16 falhas entre os dias 20 e 23 de agosto. No sábado (24) há registro de um defeito “grave”: o sinalizador de descarrilamento deixara de funcionar. Isso significa que, caso a composição saísse dos trilhos, como ocorreu no último dia 5, o condutor não seria avisado sobre o acidente e, portanto, não teria condições de acionar imediatamente os freios de emergência. Essa mesma falha ocorreu quando do último descarrilamento, um dos poucos na história do Metrô, e a pessoa que conduzia o trem só percebeu que havia algo errado quando viu usuários correndo pela passagem de fuga.
Isso mostra outra falha preocupante, na opinião dos metroviários: a cabine tampouco sinalizou para o condutor que as alavancas da saída de emergência haviam sido acionadas. Normalmente, o painel de controle tem de avisar o condutor sobre a abertura das portas quando o trem ainda está em movimento. Uma das possíveis consequências desse tipo de falha foi observada no dia 5: apesar de descarrilado e com as saídas de emergência acionadas, a composição continuou em frente, danificando o trilho eletrificado, provocando curto-circuitos, estouros e fumaça, e colocando em risco a vida de passageiros e funcionários do Metrô.
Procurada pela reportagem para comentar as falhas, a Companhia do Metropolitano não respondeu às solicitações feitas por e-mail e telefone.

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Dilma anuncia R$ 2,1 bilhões em investimentos para mobilidade e habitação em São Paulo


A presidenta Dilma Rousseff anunciou, nesta segunda-feira (19), investimentos da ordem de R$ 2,1 bilhões do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC2) para cidades do Grande ABC, em São Paulo. Serão R$ 793 milhões para obras de mobilidade urbana e R$ 1,186 bilhão em urbanização e construção de 8.477 unidades do programa Minha Casa, Minha Vida.

“Avançamos muito, mas temos sempre de enfrentar novos desafios. Por isso, volto para anunciar mais investimento do governo federal para a região. (…) Temos o desafio enorme de garantir que a qualidade de vida das pessoas seja aprimorada com esses investimentos e obras. (…) O importante é que essa população daqui, que estuda e trabalha, receberá mais 84km de corredores de ônibus”, afirmou Dilma.

Ainda serão investidos R$ 104 milhões para contenção de encostas. As obras vão beneficiar famílias que hoje moram em 113 áreas de risco. Os investimentos em mobilidade urbana totalizam R$ 793 milhões, sendo R$ 31,6 milhões para produção de projetos e R$ 761,3 milhões para a execução de obras.

Mobilidade

Serão construídos os corredores de ônibus: Guido Aliberti/Lauro Gomes/ Taioca (R$ 162,5 milhões), Alvarenga/Roberto Kennedy/Couros (R$ 306,3 milhões), Leste-Oeste (R$ 101,2 milhões), Sudeste (137,8 milhões), Centro de Controle Operacional e sistemas (R$ 5 milhões). Os municípios beneficiados são: Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul, Diadema, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra.

Urbanização e Contenção de Encostas

Na área de urbanização de assentamentos, as 8.477 unidades habitacionais do programa Minha Casa, Minha Vida vão abrigar 19.639 famílias (cerca de 80 mil pessoas) retiradas de áreas de risco a serem recuperadas. As obras são em Santo André (R$ 355,7 milhões), São Bernardo do Campo (R$ 580 milhões), Diadema (R$ 72,6 milhões) e Mauá (R$ 178 milhões). Em contenção de encostas, os recursos de R$ 104 milhões irão recuperar 113 áreas de alto risco nos municípios de Diadema (R$ 25 milhões), Mauá (R$ 49 milhões) e São Bernardo (30 milhões).

terça-feira, 6 de agosto de 2013

PT quer CPI na Câmara dos Deputados para investigar corrupção no metrô de São Paulo

São Paulo – O deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP) pediu ontem (5) ao líder do partido na Câmara dos Deputados, José Guimarães, que encabece um pedido de abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Casa para investigar a prática de cartel denunciada pela empresa Siemens através da delação premiada. O cartel teria promovido um esquema de corrupção que envolve o governo do estado de São Paulo, liderado pelo PSDB, desde a gestão Mário Covas, passando pelas gestões José Serra e Geraldo Alckmin.
A bancada do PT discute hoje (6) quem deve ser o autor do pedido de instalação da CPI. Teixeira se prontificou a apresentar o pedido. Diante da dificuldade de instalação da comissão para investigar o mesmo tema na Assembleia Legislativa de São Paulo, o deputado afirma que, na Câmara, as resistências devem ser vencidas sem dificuldades, já que a sociedade, além de órgãos públicos, pedem esclarecimentos sobre as denúncias.
“Não vai ter como esconder porque já tem procedimento do Ministério Público Estadual e na Polícia Federal. Há uma mobilização da sociedade, dos jovens que pedem esclarecimento do fato. Não terá como segurar este escândalo sem que seja investigado.”
Segundo ele, a investigação deve ser a mais abrangente possível. “Tudo deve ser investigado por todos estes órgãos, para que tenhamos o maior esclarecimento possível e que se recuperem os recursos desviados. Fala-se em R$ 517 milhões. Esse dinheiro daria para construir inúmeras escolas, creches, e até mesmo aumentar o tamanho do metrô.”
Ainda segundo Teixeira, que falou à Rede Brasil Atual, o PSDB tenta desqualificar o caso dando a ele motivação exclusivamente política. “O PSDB está tentando transformar debate numa briga com o Cade, com o governo federal. O que precisa ser feito é ir a fundo na investigação, e não se deixar colocar panos quentes e engavetar denúncias.” O Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) é vinculado ao Ministério da Justiça.

Dificuldades da Assembleia

No âmbito estadual, o PT quer a abertura de uma CPI na Assembleia para investigar a responsabilidade ou omissão de agentes públicos e políticos do PSDB relacionados às denúncias de formação de cartel entre empresas para obras e manutenção de equipamentos do Metrô e da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM).
O cartel seria formado pelas empresas Alstom, Bombardier, CAF, Siemens, TTrans e Mitsui, envolvendo superfaturamento nos preços, pagamento de propinas e fraudes em licitações e contratos desde 1997, período de hegemonia do PSDB no Palácio dos Bandeirantes.
A instalação da CPI tem duas barreiras difíceis de transpor. A regimental, que depende do Colégio de Líderes para ser superada, e a política. Com 26 assinaturas já coletadas, o PT teria de conseguir o apoio de mais seis deputados entre os 68 que Alckmin tem a seu favor. A aposta é que as assinaturas que faltariam para viabilizar a CPI sejam de deputados que se sintam constrangidos em não apoiar uma iniciativa cuja demanda tem a ver com as recentes manifestações de rua por transparência e contra a corrupção, um risco alto em ano pré-eleitoral.
O deputado Olímpio Gomes, o Major Olímpio, é um dos 26 que apoiam a CPI, embora seu partido (PDT) seja da base do governador. “O caso é uma das grandes roubalheiras da história e eu não compactuo com ladrão”, justifica. “Está mais do que escancarado que esse cartel se formou desde o governo Covas, passou por Alckmin, Serra, e Alckmin de novo. E não é a oposição que denuncia. Foi a Siemens que veio a público.”

sexta-feira, 26 de julho de 2013

É fato: corrupção tucana no Metrô de SP está escancarada


Há 20 anos, desde Mário Covas e mantido pelos governos de José Serra e Geraldo Alckmin, o esquema envolve volumosas cifras pagas em propinas por aproximadamente 11 transnacionais, além do desvio de dinheiro público das obras do Metrô e da Companhia Paulista de Transportes Metropolitano (CPTM).

A Siemens, que também fazia parte do esquema, revelou que as empresas venciam concorrências com preços superfaturados para a manutenção e a aquisição de trens e para a realização das obras de expansão de linhas férreas tanto da CPTM, quanto do Metrô.

Segundo investigações concluídas na Europa, a teia criminosa também vinculada a paraísos fiscais, teria onerado minimamente, até o momento, 50 milhões de dólares dos cofres públicos paulistas.

Ademais, informações recentes de um inquérito realizado na França apontam que parte da verba movimentada nas fraudes seria para manter a base sólida do esquema no Brasil, formada pelos governadores tucanos, funcionários de alto escalão do governo, autoridades ligadas ao PSBD e diversas empresas de fachada montadas para atuar na trama.

Dessa forma, o financiamento de campanhas eleitorais aos governadores do PSDB foi constante desde o início da fraude na tentativa de manter a homogeneidade do esquema ilícito.

“Não dá para manter uma armação dessas sem uma base, um alicerce que garanta a continuação das falcatruas. Por isso José Serra e Alckmin, que se alteram no poder nos últimos anos, estão intimamente bancados e ligados a essa tramoia”, acusa Simão Pedro, secretário municipal de Serviços.

Um dos executivos da Siemens, que prestou depoimentos ao Ministério Público paulista, confirma as acusações de Simão. “Durante muitos anos, a Siemens vem subordinando políticos, na sua maioria do PSDB e diretores da CPTM”, relata.

Agora, diante de provas contundentes, sobre o que seria um dos maiores crimes de corrupção da história envolvendo o transporte público no Brasil, políticos da oposição, autoridades no assunto e parte dos próprios metroviários questionam no momento a forma como a justiça brasileira vem tratando o caso.

Para eles, o episódio ganhou apenas mais um capítulo com a delação da Siemens ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE), pois a situação já é investigada e denunciada com vigor desde 2008 por países europeus. Porém, no Brasil, algo parece amarrar o andamento dos 15 processos abertos pelo Ministério Público, só em São Paulo.

Há 20 anos, desde Mário Covas e mantido pelos governos de José Serra e Geraldo Alckmin, o esquema envolve volumosas cifras pagas em propinas por aproximadamente 11 transnacionais. Foto: Goveno SP

Nomes

A transnacional francesa Alstom, a canadense Bombardier, a espanhola CAF e a japonesa Mitsui são algumas das que fazem parte do esquema delatado pela Siemens. Após ganhar uma licitação, essas empresas geralmente subcontratavam uma outra para simular os serviços, e por meio da mesma realizar o pagamento da propina.

Em 2002, no governo de Geraldo Alckmin, a alemã Siemens venceu a disputa para manutenção preventiva de trens da CPTM. Para isso, subcontratou à época a MGE Transportes. A Siemens teria pagado a MGE R$ 2,8 milhões em quatro anos. Desse montante, ao menos R$ 2,1 milhões foram distribuídos a políticos do PSDB e diretores da CPTM.

Diversos nomes foram citados na delação da transnacional alemã que fariam parte da lista de pagamento de propinas das diversas empresas de fachada. São eles: Carlos Freyze David e Décio Tambelli, respectivamente ex-presidente e ex-diretor do Metrô de São Paulo; Luiz Lavorente, ex-diretor de Operações da CPTM; além de Nelson Scaglioni, ex-gerente de manutenção do Metrô paulista. Scaglioni, por exemplo, seria o responsável por controlar “várias licitações como os lucrativos contratos de reforma dos motores de tração do metrô, em que a MGE teria total controle” diz trecho do documento da delação.

No mais, outro ponto do depoimento do executivo da Siemens que vazou à imprensa cita Lavorente como o responsável por receber o dinheiro da propina e fazer o repasse aos políticos do PSDB e partidos aliados.

Silêncio no Tribunal

Se as provas estão às claras, a pergunta que paira no ar é por que a justiça brasileira, sendo previamente avisada por órgãos da justiça internacional europeia sobre casos parecidos que pipocavam, em outros lugares do mundo, envolvendo a Alstom, por exemplo, não tomou as devidas providências e permitiu que novos contratos fossem realizados com o governo paulista.

Em 2010, dois anos após as investigações terem se iniciado também no Brasil, José Serra estabeleceu um contrato de R$ 800 milhões com a Alstom para supostamente resolver o problema da superlotação dos trens do metrô. A alternativa era aumentar a malha ferroviária e modernizar o sistema do metrô nas linhas 1, 2 e 3.

Uma das exigências da Alstom, entretanto, era que os trens da composição fossem reformados pela mesma para que se adequassem ao novo sistema. “O orçamento apresentado pela transnacional francesa ficou mais caro do que se fossem comprar novos trens, mesmo assim Alckmin aceitou e bancou”, diz Paulo Pasim, secretário-geral do Sindicato dos Metroviários de São Paulo.

Com o término da implantação do sistema previsto para 2011, até o momento a empresa não viabilizou o prometido. “A Alstom não tinha as mínimas condições técnicas para realizar o projeto e ganhar a licitação, tanto é que estamos em 2013 e a empresa não conseguiu fazer o que foi prometido”, afirma Pasim.

Diante dos fatos, a reportagem do Brasil de Fato tentou contato com diversos promotores de Justiça para apurar sobre o andamento das investigações já instauradas contra a Alstom. O responsável pela investigação sobre a empresa francesa, o promotor Silvio Marques do Ministério Público Estadual, não quis prestar declarações.

Outros dois promotores foram procurados pela reportagem, Marcelo Mendroni, que investiga as irregularidades da linha 5 do Metrô, e Roberto Bordini. Ambos também preferiram não comentar sobre o assunto. Por fim, o promotor Saad Mazum, que investiga a improbidade administrativa do caso não foi encontrado até o fechamento dessa edição.

“O único lugar que o processo de investigação não foi levado adiante foi no Brasil. Nos outros países o desfecho foi mais rápido”, lamenta Pasim. Na Inglaterra, França e Suíça, as investigações concluíram que a Alstom realizava pagamento de propina para ganhar licitações.

Também foi confirmado que os executivos da transnacional francesa estavam envolvidos em lavagem de dinheiro e fraude na contabilidade da empresa. O deputado federal Ivan Valente (PSOL) também reclama da demora e do silêncio da justiça brasileira frente aos crimes. Ele aponta que desde 2009 vem realizando uma série de denúncias contra as relações de irregularidades envolvendo o PSDB, a Alstom e a Siemens em licitações de obras públicas.

“Até agora esperamos resposta do promotor do processo Silvio Marques, mas sem sucesso”, reclama.

Para Valente, é necessário, diante dessas novas denúncias, cobrar com rigor a Justiça para que todos os envolvidos sejam punidos verdadeiramente. “Não cabe ao Cade ou ao Ministério Público conceder delação premiada a Siemens ou fazer acordo e aplicar multa às transnacionais envolvidas num caso de corrupção milionário como esse. Todos têm que pagar, inclusive Serra e Alckmin”, cobra.

Por que a Siemens delatou?

Ao expor à Justiça os detalhes do cartel formado por diversas transnacionais para avançar sobre licitações públicas envolvendo o metrô de São Paulo e os trens da Companhia Paulista de Transportes Metropolitano (CPTM), a alemã Siemens ficará livre de possíveis processos referentes ao caso.

Para o deputado federal Ivan Valente, não resta dúvida de que a Siemens agiu muito mais em busca de uma situação favorável a ela do que por um sentimento de honestidade ou arrependimento por fazer parte das irregularidades.

“A atitude da Siemens é a tentativa de limpar a barra dela caso a situação viesse a público de outra forma, ainda mais nesse clima anticorrupção que vivemos nas ruas”, pensa o deputado.

Ademais, a Siemens teria a intenção de formar um clima favorável para ganhar futuras licitações públicas no âmbito do transporte público na esteira dos grandes eventos esportivos, Copa do Mundo e Olimpíadas. Não por acaso, as empresas denunciadas pela Siemens: Alstom, Bombardier, CAF e a Mitsu apresentaram projeto para as obras do trem-bala entre São Paulo e Rio de Janeiro, que será licitado em agosto. “Por isso, de olho nos diversos negócios futuros no Brasil, a Siemens não queria se comprometer”, conclui Valente.


quarta-feira, 24 de julho de 2013

O esquema que saiu dos trilhos


Os governos tucanos de Mario Covas (abaixo), Geraldo Alckmin
e José Serra (acima) nada fizeram para conter o esquema de corrupção


Ao assinar um acordo com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), a multinacional alemã Siemens lançou luz sobre um milionário propinoduto mantido há quase 20 anos por sucessivos governos do PSDB em São Paulo para desviar dinheiro das obras do Metrô e dos trens metropolitanos. Em troca de imunidade civil e criminal para si e seus executivos, a empresa revelou como ela e outras companhias se articularam na formação de cartéis para avançar sobre licitações públicas na área de transporte sobre trilhos. Para vencerem concorrências, com preços superfaturados, para manutenção, aquisição de trens, construção de linhas férreas e metrôs durante os governos tucanos em São Paulo – confessaram os executivos da multinacional alemã –, os empresários manipularam licitações e corromperam políticos e autoridades ligadas ao PSDB e servidores públicos de alto escalão. O problema é que a prática criminosa, que trafegou sem restrições pelas administrações de Mario Covas, José Serra e Geraldo Alckmin, já era alvo de investigações, no Brasil e no Exterior, desde 2008 e nenhuma providência foi tomada por nenhum governo tucano para que ela parasse. Pelo contrário. Desde que foram feitas as primeras investigações, tanto na Europa quanto no Brasil, as empresas envolvidas continuaram a vencer licitações e a assinar contratos com o governo do PSDB em São Paulo. O Ministério Público da Suíça identificou pagamentos a personagens relacionados ao PSDB realizados pela francesa Alstom – que compete com a Siemens na área de maquinários de transporte e energia – em contrapartida a contratos obtidos. Somente o MP de São Paulo abriu 15 inquéritos sobre o tema. Agora, diante deste novo fato, é possível detalhar como age esta rede criminosa com conexões em paraísos fiscais e que teria drenado, pelo menos, US$ 50 milhões do erário paulista para abastecer o propinoduto tucano, segundo as investigações concluídas na Europa.


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Suspeitos

Segundo o ex-funcionário da Siemens, Ronaldo Moriyama (foto menor),

diretor da MGE, e Décio Tambelli, ex-diretor do Metrô, integravam o esquema

As provas oferecidas pela Siemens e por seus executivos ao Cade são contundentes. Entre elas, consta um depoimento bombástico prestado no Brasil em junho de 2008 por um funcionário da Siemens da Alemanha. ISTOÉ teve acesso às sete páginas da denúncia. Nelas, o ex-funcionário, que prestou depoimento voluntário ao Ministério Público, revela como funciona o esquema de desvio de dinheiro dos cofres públicos e fornece os nomes de autoridades e empresários que participavam da tramoia. Segundo o ex-funcionário cujo nome é mantido em sigilo, após ganhar uma licitação, a Siemens subcontratava uma empresa para simular os serviços e, por meio dela, realizar o pagamento de propina. Foi o que aconteceu em junho de 2002, durante o governo de Geraldo Alckmin, quando a empresa alemã venceu o certame para manutenção preventiva de trens da série 3000 da CPTM (Companhia Paulista de Transportes Metropolitanos). À época, a Siemens subcontratou a MGE Transportes. De acordo com uma planilha de pagamentos da Siemens obtida por ISTOÉ, a empresa alemã pagou à MGE R$ 2,8 milhões até junho de 2006. Desse total, pelo menos R$ 2,1 milhões foram sacados na boca do caixa por representantes da MGE para serem distribuídos a políticos e diretores da CPTM, segundo a denúncia. Para não deixar rastro da transação, os saques na boca do caixa eram sempre inferiores a R$ 10 mil. Com isso, o Banco Central não era notificado. "Durante muitos anos, a Siemens vem subornando políticos, na sua maioria do PSDB, e diretores da CPTM.

A MGE é frequentemente utilizada pela Siemens para pagamento de propina. Nesse caso, como de costume, a MGE ficou encarregada de pagar a propina de 5% à diretoria da CPTM", denunciou o depoente ao Ministério Público paulista e ao ombudsman da empresa na Alemanha. Ainda de acordo com o depoimento, estariam envolvidos no esquema o diretor da MGE, Ronaldo Moriyama, segundo o delator "conhecido no mercado ferroviário por sua agressividade quando se fala em subornar o pessoal do Metrô de SP e da CPTM", Carlos Freyze David e Décio Tambelli, respectivamente ex-presidente e ex-diretor do Metrô de São Paulo, Luiz Lavorente, ex-diretor de Operações da CPTM, e Nelson Scaglioni, ex-gerente de manutenção do metrô paulista. Scaglioni, diz o depoente, "está na folha de pagamento da MGE há dez anos". "Ele controla diversas licitações como os lucrativos contratos de reforma dos motores de tração do Metrô, onde a MGE deita e rola". O encarregado de receber o dinheiro da propina em mãos e repassar às autoridades era Lavorente. "O mesmo dizia que (os valores) eram repassados integralmente a políticos do PSDB" de São Paulo e a partidos aliados. O modelo de operação feito pela Siemens por meio da MGE Transportes se repetiu com outra empresa, a japonesa Mitsui, segundo relato do funcionário da Siemens. Procurados por ISTOÉ, Moriyama, Freyze, Tambelli, Lavorente e Scaglioni não foram encontrados. A MGE, por sua vez, se nega a comentar as denúncias e disse que está colaborando com as investigações.

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Além de subcontratar empresas para simular serviços e servir de ponte para o desvio de dinheiro público, o esquema que distribuiu propina durante os governos do PSDB em São Paulo fluía a partir de operações internacionais. Nessa outra vertente do esquema, para chegar às mãos dos políticos e servidores públicos, a propina circulava em contas de pessoas físicas e jurídicas em paraísos fiscais. Uma dessas transações contou, de acordo com o depoimento do ex-funcionário da Siemens, com a participação dos lobistas Arthur Teixeira e Sérgio Teixeira, através de suas respectivas empresas Procint E Constech e de suas offshores no Uruguai, Leraway Consulting S/A e Gantown Consulting S/A. Neste caso específico, segundo o denunciante, a propina foi paga porque a Siemens, em parceria com a Alstom, uma das integrantes do cartel denunciado ao Cade, ganhou a licitação para implementação da linha G da CPTM. O acordo incluía uma comissão de 5% para os lobistas, segundo contrato ao qual ISTOÉ teve acesso com exclusividade, e de 7,5% a políticos do PSDB e a diretores da área de transportes sobre trilho. "A Siemens AG (Alemanha) e a Siemens Limitada (Brasil) assinaram um contrato com (as offshores) a Leraway e com a Gantown para o pagamento da comissão", afirma o delator. As reuniões, acrescentou ele, para discutir a distribuição da propina eram feitas em badaladas casas noturnas da capital paulista. Teriam participado da formação do cartel as empresas Alstom, Bombardier, CAF, Siemens, TTrans e Mitsui. Coube ao diretor da Mitsui, Masao Suzuki, guardar o documento que estabelecia o escopo de fornecimento e os preços a serem praticados por empresa na licitação.

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Além de subcontratar empresas que serviram de ponte para o desvio

de dinheiro público, o esquema valeu-se de operações em paraísos fiscais

Os depoimentos obtidos por ISTOÉ vão além das investigações sobre o caso iniciadas há cinco anos no Exterior. Em 2008, promotores da Alemanha, França e Suíça, após prender e bloquear contas de executivos do grupo Siemens e da francesa Alstom por suspeita de corrupção, descobriram que as empresas mantinham uma prática de pagar propinas a servidores públicos em cerca de 30 países. Entre eles, o Brasil. Um dos nomes próximos aos tucanos que apareceram na investigação dos promotores foi o de Robson Marinho, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE) nomeado pelo então governador tucano Mário Covas. No período em que as propinas teriam sido negociadas, Marinho trabalhava diretamente com Covas. Proprietário de uma ilha paradisíaca na região de Paraty, no Rio de Janeiro, Marinho foi prefeito de São José dos Campos, ocupou a coordenação da campanha eleitoral de Covas em 1994 e foi chefe da Casa Civil do governo do Estado de 1995 a abril de 1997. Numa colaboração entre promotores de São Paulo e da Suíça, eles identificaram uma conta bancária pertencente a Marinho que teria sido abastecida pela francesa Alstom. O MP bloqueou cerca de US$ 1 milhão depositado. Marinho é até hoje alvo do MP de São Paulo. Procurado, ele não respondeu ao contato de ISTOÉ. Mas, desde que estourou o escândalo, ele, que era conhecido como "o homem da cozinha" – por sua proximidade com Covas –, tem negado a sua participação em negociatas que beneficiaram a Alstom.

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Entre as revelações feitas pela Siemens ao Cade em troca de imunidade está a de que ela e outras gigantes do setor, como a francesa Alstom, a canadense Bombardier, a espanhola CAF e a japonesa Mitsui, reuniram-se durante anos para manipular por meios escusos o resultado de contratos na área de transporte sobre trilhos. Entre as licitações envolvidas sob a gestão do PSDB estão a fase 1 da Linha 5 do Metrô de São Paulo, as concorrências para a manutenção dos trens das Séries 2.000, 3.000 e 2.100 da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) e a extensão da Linha 2 do metrô de São Paulo. Também ocorreram irregularidades no Projeto Boa Viagem da CPTM para reforma, modernização e serviço de manutenção de trens, além de concorrências para aquisição de carros de trens pela CPTM, com previsão de desenvolvimento de sistemas, treinamento de pessoal, apoio técnico e serviços complementares.

Com a formação do cartel, as empresas combinavam preços e condicionavam

a derrota de um grupo delas à vitória em outra licitação superfaturada

Com a formação do cartel, as empresas combinavam preços e condicionavam a derrota de um grupo delas à vitória em outra licitação também superfaturada. Outra estratégia comum era o compromisso de que aquela que ganhasse o certame previamente acertado subcontratasse outra derrotada. Tamanha era a desfaçatez dos negócios que os acordos por diversas vezes foram celebrados em reuniões nos escritórios das empresas e referendados por correspondência eletrônica. No início do mês, a Superintendência-Geral do Cade realizou busca e apreensão nas sedes das companhias delatadas. A Operação Linha Cruzada da Polícia Federal executou mandados judiciais em diversas cidades em São Paulo e Brasília. Apenas em um local visitado, agentes da PF ficaram mais de 18 horas coletando documentos. Ao abrir o esquema, a Siemens assinou um acordo de leniência, que pode garantir à companhia e a seus executivos isenção caso o cartel seja confirmado e condenado. A imunidade administrativa e criminal integral é assegurada quando um participante do esquema denuncia o cartel, suspende a prática e coopera com as investigações. Em caso de condenação, o cartel está sujeito à multa que pode chegar a até 20% do faturamento bruto. O acordo entre a Siemens e o Cade vem sendo negociado desde maio de 2012. Desde então, o órgão exige que a multinacional alemã coopere fornecendo detalhes sobre a manipulação de preços em licitações.

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Só em contratos com os governos comandados pelo PSDB em São Paulo, duas importantes integrantes do cartel apurado pelo Cade, Siemens e Alstom, faturaram juntas até 2008 R$ 12,6 bilhões. "Os tucanos têm a sensação de impunidade permanente. Estamos denunciando esse caso há décadas. Entrarei com um processo de improbidade por omissão contra o governador Geraldo Alckmin", diz o deputado estadual do PT João Paulo Rillo. Raras vezes um esquema de corrupção atravessou incólume por tantos governos seguidos de um mesmo partido numa das principais capitais do País, mesmo com réus confessos – no caso, funcionários de uma das empresas participantes da tramoia, a Siemens –, e com a existência de depoimentos contundentes no Brasil e no Exterior que resultaram em pelo menos 15 processos no Ministério Público. Agora, espera-se uma apuração profunda sobre a teia de corrupção montada pelos governos do PSDB em São Paulo. No Palácio dos Bandeirantes, o governador Geraldo Alckmin disse que espera rigor nas investigações e cobrará o dinheiro que tenha sido desviado dos cofres públicos.

Montagem sobre foto de: Carol Guedes/Folhapress (abre); FOTOS: RICARDO STUCKERT; Folhapress; EVELSON DE FREITAS/AE

Fonte: Linha Direta - http://www.linhadireta.org.br/noticia/p/?id=31832

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Declaração do Dep. Zarattini sobre as manifestações em São Paulo.


As manifestações contra o aumento das tarifas de transporte exigem de nós petistas uma reflexão. 
Por um lado relembrar que o programa de governo do nosso prefeito Haddad no transporte vem sendo cumprido:reajustou as tarifas abaixo da inflação, prepara as obras de novos corredores e a implantação do bilhete único mensal. 
Em segundo lugar, demonstrar que o governo federal ao desonerar em parte as tarifas colaborou para que o reajuste fosse menor e ainda garantiu que as tarifas do metro e trens do governo estadual também tivessem um reajuste abaixo da inflação.
Em terceiro lugar, nós nunca apoiamos medidas repressivas e violentas como as que foram adotadas pela tropa da PM de Alckimin. Ao contrario, a tradição dos governos petistas, e em particular nos dez anos do governo federal, é a do dialogo e da negociação.
Em quarto lugar, diante do engajamento de uma parte expressiva da juventude nas manifestações e logicamente da repercussão social que elas tem, temos que admitir que a prefeitura não comunicou bem os motivos do reajuste e os limites do orçamento para ter tomado tal decisão.
Portanto, é correta a decisão do prefeito de abrir o debate no Conselho da Cidade. Ela dá transparência para as informações e permite que surjam outras propostas. Mas, se esse debate não for suficiente para resolver a situação, devemos aprofundar a democracia e utilizar um instrumento previsto na lei municipal: a convocação de um plebiscito onde a população vai decidir entre o congelamento das tarifas ou o investimento em melhorias de infra estrutura que melhorem a qualidade do transporte.
O PT não pode abrir mão de decisões democráticas mesmo agora quando acabamos de sair de um processo eleitoral e nosso governo não completou nem seis meses.
Devemos esgotar o debate. Foi assim que fizemos quando, no governo Marta, fomos aos bairros explicar o que ia ser o bilhete único e as transformações no transporte de Sâo Paulo. 
É hora de voltar aos bairros e debater com a população!

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Haddad diz que violência policial nos protestos contra aumento é 'lamentável'

São Paulo – O prefeito Fernando Haddad (PT) condenou hoje (14) a violência da Polícia Militar contra os manifestantes do quarto ato pela redução das tarifas no transporte público em São Paulo. Ele disse que cidade convive bem com manifestações e protestos, mas “não convive e repudia qualquer tipo de violência”.
O prefeito afirmou que, na terça-feira (11), em que um protesto contra o aumento da passagem também foi marcado por confronto, foram vistas “cenas de violência contra policias e ontem (13) o Brasil conheceu cenas de violência que também ensejaram abertura de investigação por parte da Secretaria da Segurança Pública. São cenas lamentáveis e que não condizem com São Paulo”.
As declarações foram feitas no programa Bom Dia SP, da TV Globo.
A manifestação de ontem (13) foram marcadas por forte repressão e violência policial. Já na concentração dos manifestantes, em frente ao Teatro Municipal, ao menos 40 pessoas foram detidas e levadas para o 78º Distrito Policial, nos Jardins, na zona sul. Segundo a polícia, ao final dos confrontos, ao menos 235 pessoas foram presas, das quais 231 foram liberadas após prestar depoimentos.
As quatro pessoas que continuam presas não têm direito a fiança e estão sendo indiciadas por formação de quadrilha. Eles estão detidos na carceragem do 2º DP, no Bom Retiro, e devem ser transferidos para um Centro de Detenção Provisória (CDP) ainda hoje (14).
Entre os agredidos pela polícia na manifestação de ontem estão jornalistas que cobriam o ato. A repórter da RBAGisele Brito, acompanhada por dois jornalistas do portal Terra, foi surpreendida por um grupo de policiais militares que os agrediu com golpes de cassetetes sem motivação alguma.
O repórter Piero Locatelli, da revista semanal Carta Capital, esteve entre o grupo de detidos antes mesmo do início da manifestação, por “porte de vinagre”. Ele foi levado para o 78º Distrito Policial, na região dos Jardins, de onde foi liberado horas depois. Em nota, a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) repudiou a postura da corporação.

terça-feira, 28 de maio de 2013

Deputados cobram combate ao crime organizado em São Paulo


Os deputados petistas Assis do Couto (PR), Cândido Vaccarezza (SP) e Nelson Pellegrino (BA), autores da proposta de audiência pública, na Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado, querem também explicações do secretário do governo Geraldo Alckmin (PSDB) sobre o crescente índice de criminalidade em São Paulo.

Nelson Pellegrino disse que foi um equívoco o governo de São Paulo não ter combatido o PCC logo no início da sua formação, na década de 1990. “Foi um erro. Eles deixaram essa organização criminosa, criada supostamente para defender os direitos de pessoas encarceradas, se fortalecer, e hoje os maiores criminosos do Brasil comandam o crime dentro e fora dos presídios”, criticou.

O parlamentar disse ainda que vai defender que o governo de São Paulo aceite a parceria com o governo federal no combate ao crime organizado no estado. “É outro equívoco do governo do PSDB não aceitar essa parceria que funcionou tão bem no Rio de Janeiro. Por isso, vamos insistir nessa ação conjunta pela segurança da população de São Paulo”, afirmou.

O deputado Assis do Couto fez coro às palavras de Pellegrino na defesa de um combate mais efetivo ao PCC. “Esse não é um problema só do estado de São Paulo. O PCC comanda o crime organizado e espalha o terror e a violência por todo o País. Os estados de Santa Catarina e do Paraná foram alvos recentes dessa organização criminosa”, citou.

Sobre o aumento da criminalidade em São Paulo, os deputados petistas citaram dados da própria Secretaria de Segurança do governo Alckmin. Pelas estatísticas, o número de homicídios dolosos – em que há intenção de matar – subiu 16,85% na capital paulista em janeiro de 2013, em comparação a janeiro de 2012. Ao todo, foram 416 casos de assassinatos contra 356 em janeiro do ano passado. O aumento do número de vítimas foi de 17,8% (de 386 para 455). Os latrocínios também subiram (61,9%), assim como os roubos (9,29%).


terça-feira, 21 de maio de 2013

São Paulo terá triagem mecanizada de materiais reciclados. Prefeito garante empregos.

O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), assinou hoje (20) uma ordem de serviço para que as duas concessionárias de lixo da cidade construam quatro centrais de triagem de material reciclável mecanizadas – duas até junho de 2014 e outras duas até 2016. Cada uma das centrais terá capacidade de triar 249 toneladas por dia, mesma quantidade triada por todas as 20 centrais de reciclagem que existem atualmente na cidade. Quando estiverem todas prontas, o índice de reciclagem na cidade que atualmente é de menos de 2% chegará a 10%. Diariamente, São Paulo produz 13 mil toneladas de lixo por dia.

A novidade, apesar de aumentar a eficiência do ponto de vista ambiental e de ter o apoio de lideranças do movimento dos catadores, causa desconfiança para alguns trabalhadores, no momento responsáveis pelo serviço. Atualmente, a maior cooperativa de reciclagem da cidade, a Coopere, emprega 109 trabalhadores, com remuneração de cerca de R$ 1.200. As novas centrais irão empregar 30 trabalhadores.

“É o catador-robô”, classifica Sérgio Bispo, presidente da Cooper Glicério. Para ele, o sistema vai causar desemprego. “É uma tecnologia mecânica, não uma tecnologia social”, afirma.

Já lideranças do movimento apontam como ponto positivo o fato de que o material triado nas centrais mecanizadas será distribuído entre as cooperativas existentes na cidade e que a prefeitura adota uma alternativa à incineração, modelo que vem sendo adotado em muitas cidades do país para atender às determinações da Política Nacional de Resíduos Sólidos, que impõe o fim dos lixões até 2014.

“O meu entusiasmo é ter uma prefeitura que não está optando pelo modelo da incineração. Ela está optando por um modelo que, de alguma forma, a gente precisa discutir”, afirma Roberto Rocha, da coordenação nacional do movimento de catadores.

Haddad, no entanto, garantiu que os dois sistemas serão integrados e que não haverá diminuição de trabalho para os catadores. “Nenhum catador que está hoje contemplado será excluído do programa. Isso é uma garantia. Aqueles que estão hoje nas centrais estão todos contemplados pela nova política”, afirmou.

Atender à demanda 

Para produzir a demanda necessária para que as centrais de triagem não fiquem ociosas e para que ainda sobre material para os catadores cooperados, será necessário aumentar a eficiência da coleta seletiva. Segundo o secretário de Serviços, Simão Pedro, planos municipais de coleta seletiva e manejo serão construídos em parceria com a sociedade civil ainda até o final deste ano.

Neles serão determinadas as formas como irá se reestruturar a coleta na cidade, atualmente bastante ineficiente. “É evidente que vamos ter que ampliar em toda a cidade, vamos ter que estabelecer um plano com as empresas, porque vamos ter que aumentar o número das equipes dos caminhões. Pretendemos aumentar a capacidade das cooperativas. Mas isso vai diminuir também o número de resíduos que vão para os aterros, então, a conta é bem redonda”, afirmou Simão Pedro.


Fonte: Linha Direta - PT - http://www.pt-sp.org.br/noticia/p/?id=28674

quarta-feira, 8 de maio de 2013

Mobilidade em São Paulo é um 'desastre', herança deixada pelas gestões Serra e Kassab.


São Paulo – No quinto debate de revisão do Plano Diretor Estratégico de São Paulo, na noite de ontem (8), os participantes cobraram restrição ao uso do carro, prioridade para o transporte coletivo e inclusão da bicicleta como elemento estrutural e não como modal secundário. Houve consenso de que o plano atual, de 2002, foi desvirtuado para favorecer o transporte individual. O debate ocorreu no Centro Cultural São Paulo, no Paraíso, região central da cidade.
O secretário Municipal de Desenvolvimento Urbano, Fernando de Mello Franco, chegou a chamar de "desastre" a situação da mobilidade na capital. Ele defendeu a racionalização do uso de diferentes modais e investimentos no transporte coletivo.
“Precisamos de mudanças profundas. O foco de investimento deve ser o transporte de massa. A condição de uso do carro hoje tem de ser superada. O plano diretor pode e deve pressionar nesse sentido”, disse Franco.
Já o promotor público Maurício Ribeiro Lopes propôs a radicalização das ações contra o transporte individual. “Hoje o horário de pico em São Paulo é 24 horas por dia. Então o rodizio também deve ser o dia inteiro. É preciso preparar a classe média para usar o transporte público, restringindo o uso do carro. É necessário, inclusive, que a gestão Haddad tenha coragem de enfrentar a questão do pedágio urbano, temos que discuti-la. São necessárias estratégias punitivas para coibir o uso do automóvel”, afirmou Lopes. A necessidade de restrição foi ressaltada por vários outros participantes.
Para o diretor do Departamento de Urbanismo da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano, Anderson Kazuo Nakano, as obras realizadas nos últimos anos não alcançaram os objetivos do plano.
“É muito claro, na análise dos dados, como se desvirtuou a priorização do transporte coletivo. A duplicação da Marginal Tietê, por exemplo, não estava no plano. Custou R$ 2 bilhões e não se pensou em implementar um corredor de ônibus. Esse dinheiro poderia servir à expansão do metrô, mas foi aplicado ao transporte individual”, explica.

Descaso

Os dados apresentados durante o debate mostraram que as gestões de José Serra (PSDB) e Gilberto Kassab (PSD), entre 2005 e 2010, quase nada investiram em mobilidade. Dos 325 quilômetros de corredores previstos no Plano de 2002, apenas 85 (26%) foram construídos, sendo 71 no governo da petista Marta Suplicy (2001-2004). O próprio plano de mobilidade nunca foi instituído. A gestão Kassab chegou a reservar R$ 15 milhões para elaboração desse plano em 2010, mas nada saiu do papel.
“Isso fez com o que o Plano Diretor ficasse capenga”, aponta Nakano. “O plano reúne diretrizes que não sendo muito genéricas, são fundamentais para dar ruma à cidade, mas as políticas de cada área devem ter um planejamento específico”, completa.
O diretor também pontuou a retomada de uso do transporte coletivo, após 35 anos de queda nas estatísticas (de 1967 a 2002), com a instituição do Bilhete Único. O que também representou a inversão dos índices de uso do carro, que vinham subindo constantemente no período. "O Bilhete Único reduziu o custo e propôs uma integração do sistema que não pode ser ignorada", conclui.

Bicicletas

O diretor-geral da Associação de Ciclistas Urbanos de São Paulo (Ciclocidade), Thiago Benicchio, avaliou que o atual Plano Diretor, de 2002, não possui o conceito de mobilidade urbana.
“O plano olhava somente para o trânsito motorizado. As referências à bicicleta são raras e a proposta de construção de 367 quilômetros de ciclovias não saiu do papel”, afirmou. Na opinião de Benicchio, qualquer via poderia ser utilizada por ciclistas, e não somente ciclovias.
A cicloativista Daniela Mattern chamou atenção para a forma como se deram os caminhos para bicicleta na cidade.
“As poucas ciclovias foram pensadas de forma local, como lazer. Não como eixo estrutural que leva grande quantidade de pessoas aos seus empregos, à escola. Esse conceito tem de mudar”, avalia. Ela destacou que a maior parte dos usuários de bicicleta o faz por conta do alto custo da condução no transporte coletivo.

segunda-feira, 29 de abril de 2013

São Paulo ganha mais 23 km de faixas de ônibus a partir de hoje


A cidade de São Paulo terá a partir desta segunda-feira (29) mais três faixas exclusivas para a circulação de ônibus. Ao todo, serão cerca de 23 km de vias.

A novidade será implantada na faixa da direita de vias movimentadas da região da Vila Clementino, Campo Grande (zona sul) e Ponte Rasa (zona leste).

Elas vão funcionar nos dois sentidos, de segunda a sexta, apenas nos horários de pico da manhã (das 6h às 9h, no sentido centro) e da tarde (das 17h às 20h, no sentido bairro).

Invadir a faixa de ônibus nos horários de funcionamento é uma infração leve e rende multa de R$ 53,20, mais três pontos na carteira de habilitação. A CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) não informou se haverá período de orientação sem multas.

Na Nossa Senhora do Sabará, a faixa de 2,7 km será implantada entre as avenidas Washington Luís e Interlagos. Por causa da faixa, um novo semáforo será instalado no cruzamento com a rua Sant`Ana.

No corredor formado pela rua Domingos de Morais e avenida Jabaquara, a faixa terá 7,2 km de extensão, da rua Sena Madureira até a rua Irerê.

Já na zona leste, a faixa de 13 km será implantada no caminho formado pelas estradas do Imperador, Mogi das Cruzes e rua Embira, desde a avenida Pires do Rio até a avenida São Miguel. Outra mudança será um novo semáforo para veículos e pedestres no cruzamento da rua Embira com a rua Santa Maria de Itabira.

De acordo com a CET, as novas faixas fazem parte da operação "Dá licença para o ônibus", de prioridade ao transporte público. A mesma operação restringiu a circulação de automóveis no largo 13 de Maio, em Santo Amaro (zona sul).

Segundo a SPTrans (empresa que gerencia o transporte municipal), nos três trechos circulam mais de 90 linhas de ônibus, que transportam cerca de 770 mil passageiros por dia. Nos horários mais carregados, o fluxo passa de 600 ônibus por hora.

Com os novos trechos, a cidade chegará a 146,9 km de faixas exclusivas em funcionamento --dos quais 44,5 km desde o início do ano. A promessa da gestão Fernando Haddad (PT) é implantar 150 km até 2016.

Outra das metas do petista é elevar a velocidade média dos coletivos para 25 km/h até o fim do mandato. Em 2012, elas ficaram abaixo de 14 km/h.


quinta-feira, 18 de abril de 2013

Tucanos de SP esbanjam em publicidade


Sem maior estardalhaço, o jornal Estadão divulgou na semana passada os gastos em publicidade dos governadores tucanos José Serra e Geraldo Alckmin. Segundo reportagem de Fernando Gallo, feita com base na Lei de Acesso à Informação, de 2003 a 2012 o governo paulista gastou R$ 2,44 bilhões com propaganda. Enquanto a administração direta desembolsou R$ 1,2 bilhão, as cinco principais empresas estatais de São Paulo gastaram R$ 1,24 bilhão – em valores atualizados pela inflação.
“Somados, os gastos com publicidade do governo paulista nesses dez anos somaram, portanto, R$ 2,44 bilhões. No período, o Estado foi governado por Geraldo Alckmin e José Serra, ambos do PSDB. Com o valor gasto em propaganda, seria possível construir mais da metade da segunda fase da linha 5 do metrô, que vai ligar o Largo Treze à Chácara Klabin, ou custear o Instituto do Câncer por sete anos. O valor gasto com publicidade também equivale a 33 vezes o orçamento da Secretaria dos Direitos da Pessoa com Deficiência”.
O Estadão ainda observa que o pico dos gastos ocorreu em 2009, quando Serra e Alckmin já se preparavam para enfrentar as eleições para a presidência e o governo estadual, respectivamente. Neste ano, estatais como Sabesp, Metrô, CPTM, CDHU e Dersa gastaram um total de R$ 340,6 milhões. “O valor é quase igual aos R$ 345,9 milhões que as cinco estatais gastaram em todos os seis anos anteriores, no período 2003-2008 – em 2008, por exemplo, elas despenderam R$ 110 milhões; em 2007, R$ 48 milhões”.
“Em 2009, quando o PSDB articulava a candidatura do então governador Serra a presidente, Metrô e CPTM fizeram fortes campanhas de marketing sobre a expansão de linhas e a compra de novos trens. A Dersa investiu na publicidade do Rodoanel e da Nova Marginal. A Sabesp criou campanhas sobre o projeto Tietê e o uso responsável da água”. O jornalão da famiglia Mesquita, que sempre dá apoio explícito aos tucanos, só não diz que parte desta propaganda foi falsa. Ele também não revela quem recebeu a grana de publicidade! Quanto será que o Estadão embolsou?

terça-feira, 16 de abril de 2013

Metrô dá sinal verde para Bilhete Único Mensal


Estudo feito pela Secretaria Estadual de Transportes Metropolitanos, a pedido do governador Geraldo Alckmin (PSDB), aponta ser viável a criação do bilhete único mensal no Metrô. A empresa trabalha com a possibilidade de 10% dos atuais usuários do bilhete único aderirem ao plano mensal.
Técnicos do Metrô também avaliaram que o custo para a implementação do novo sistema deve ficar abaixo dos R$ 400 milhões estimados pela Prefeitura, para a criação do bilhete único mensal dos ônibus. “O risco de colapso no sistema é zero”, confidenciou ao Estado um dos técnicos da empresa responsáveis pelo estudo.
A reportagem apurou que o secretário de Transportes Metropolitanos, Jurandir Fernandes, e o secretário municipal de Transportes, Jilmar Tatto, estão realizando reuniões semanais para discutir, entre outros temas, a implementação do bilhete único mensal.
A intenção do Metrô é iniciar o plano mensal junto com a Prefeitura, em novembro, ou no máximo dois meses depois. Para os técnicos da empresa, o bilhete único mensal pode até reduzir o número de passageiros nos horários de pico. Isso porque o usuário, com o bilhete já pago, pode flexibilizar sua rotina, escolhendo horários alternativos para embarcar no trem.
Atualmente, o passageiro tem só até três horas para fazer a transferência entre os ônibus, pagando uma pequena taxa. Além disso, o bilhete mensal, que tem um valor fixo para infinitas viagens no período de um mês, deverá tornar mais atraentes horários que hoje são menos utilizados, como finais de semana e períodos noturnos. Muitas pessoas evitam utilizar hoje esses horários para economizar a passagem que usarão para ir e voltar do trabalho durante a semana.


quinta-feira, 11 de abril de 2013

São Paulo: Vias de tráfego intenso terão corredores de ônibus com catracas nas plataformas


A prefeitura de São Paulo apresentou nesta terça-feira, 9, durante audiência pública, os detalhes do projeto de construção de novos corredores de ônibus nas avenidas Bandeirantes, 23 de Maio, Celso Garcia e Radial Leste. De acordo com projeto, nestas vias, os usuários pagarão a passagem nas plataformas de embarque. A gestão municipal prepara a licitação para a construção de 147 km de corredores de ônibus e 12 terminais.
Na zona sul, além das avenidas dos Bandeirantes e da 23 de Maio, outros 62 km de corredores de ônibus serão construídos nas avenidas Engenheiro Luiz Carlos Berrini, Sabará, Miguel Yunes, Carlos Caldeira, Cocaia, Belmira Marin, M’Boi Mirim e Vila Natal. Já na zona leste, além das avenidas Celso Garcia e Radial Leste, as perimetrais Itaim Paulista-São Mateus e Bandeirantes-Salim Farah Maluf serão beneficiadas com novos corredores.
O projeto prevê que em, alguns trechos, os coletivos terão espaço para ultrapassarem outros ônibus, o que aumenta a agilidade do sistema. O projeto também determina a construção de ciclovias no trajeto de todos os novos corredores.
Outro ponto que visa aumentar a agilidade dos corredores de ônibus é o fato de que o projeto prevê que nos novos corredores não existam interferências que possam reduzir a velocidade dos coletivos como, por exemplo, semáforos. Para isso, serão construídas túneis e pontes para evitar que os veículos da transporte coletivo percam tempo durante o trajeto.
Os doze novos terminais de ônibus serão construídos nas zonas sul, leste e norte. Na zona leste, os bairros de São Mateus, Itaim Paulista, Tiquatira, Vila Maria e Concórdia serão beneficiados. Já na zonal sul, os bairros Aeroporto, Jardim Miriam, Baronesa, Varginha, Jardim Eliana e Pedreira receberam novos terminais. Na zona norte, a Prefeitura pretende instalar um novo terminal na Anhanguera. Todos serão equipados com bicicletários.
A expectativa da Prefeitura é que as obras comecem em 2014 com um orçamento total de R$ 7 bilhões. O cronograma detalhado das obras não foi divulgado por Jilmar Tatto,  secretário de Transportes.

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Haddad é melhor que Serra e Kassab nos cem primeiros dias de governo, diz Datafolha


Pesquisa do Datafolha, divulgada nesta quarta-feira (10), sobre o desempenho do prefeito  nos cem primeiros dias de trabalho, aponta que Fernando Haddad (PT) só foi menos aprovado que Marta Suplicy (PT) em 2001.
O petista supera seus dois antecessores: Gilberto Kassab (PSD) e José Serra (PSDB). O primeiro teve 16% de aprovação, enquanto que o tucano atingiu 20%. Haddad alcançou a marca de 31% de ótimo ou bom, na avaliação dos paulistanos.
Entre os mais pobres a aprovação do petista sobe para 36%. Outro fato que chama atenção é o perfil de Haddad, revelado pela pesquisa. Para 45%, o prefeito “trabalha muito”, enquanto que 85% avaliam que ele é “moderno” e 78% o consideram “muito inteligente.”
Para 57% dos paulistanos, José Serra, no mesmo período, “trabalhava pouco”. O tucano perde, também, no quesito “sincero”, 48% dos paulistanos viam sinceridade em Serra, enquanto que 58% observam essa qualidade em Haddad.

terça-feira, 26 de março de 2013

Haddad pede união por moradores de rua e afirma que repressão não resolve


São Paulo – O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, reiterou hoje (25) que é preciso união da sociedade para garantir os direitos da população em situação de rua e afirmou que a repressão policial não resolverá a exclusão a que essas pessoas estão submetidas. Haddad participou do lançamento de um programa de qualificação profissional especialmente destinado a este segmento da sociedade. De acordo com censo realizado em 2011 pela prefeitura em parceria com o governo federal, existem na capital paulista cerca de 15 mil cidadãos dormindo ao relento. Os movimentos sociais elevam a cifra a 20 mil devido à "onda de despejos" ocorrida nos últimos anos.
A partir de agora, em parceria com a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), a administração municipal pretende formar em 2013 ao menos 2,5 mil profissionais em áreas como confecção de bolsas e tecidos, mecânica, eletrotécnica, pintura e encanamentos, entre outras. Os cursos terão duração de dois meses e serão viabilizados por verbas do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), do Ministério da Educação, que foi comandado pelo prefeito por sete anos antes das últimas eleições municipais.
A primeira turma terá início em abril e formará 200 pessoas. Durante a solenidade, realizada no salão nobre da Faculdade de Direito da USP, no Largo São Francisco, centro da cidade, Fernando Haddad também assinou o decreto para a criação do comitê intersetorial para elaboração de políticas públicas para a população de rua, uma das reivindicações históricas dos movimentos sociais. Cerca de dez secretarias municipais trabalharão conjuntamente sob a coordenação do titular dos Direitos Humanos e Cidadania, Rogério Sottili, para atender às necessidades desse segmento social. Com o comitê, a prefeitura passa a ter acesso a recursos federais do Plano Nacional de Pessoas em Situação de Rua, sancionado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2009.

Parcerias

“Vamos fazer parceria com todas as entidades que quiserem nos ajudar nesse esforço municipal para enfrentar o desafio da inclusão dos moradores de rua e desenvolver soluções alternativas que não sejam a repressão, que não é solução para nada”, afirmou Haddad entrevista coletiva após a cerimônia. “Não é nada simples o que estamos dispostos a fazer. Vamos acertar em algumas coisas e errar em outras. Por isso, já convocamos os movimentos sociais para nos orientarem. Assim aprenderemos com eles.” 
O petista garantiu que a prefeitura oferecerá auxílio-transporte e auxílio-alimentação às pessoas selecionadas para os cursos e, uma vez que elas obtenham diplomas, a administração atuará junto ao mercado de trabalho para facilitar sua inserção profissional. “Vamos buscar apoio de empresas para que possam ser empregadas”, anotou, “inclusive junto aos prestadores de serviço da própria prefeitura.” 
Apesar de todos os desafios que espera enfrentar com o programa, Haddad acredita que é necessário agir. Até porque, num universo de 11 milhões de habitantes, o número de moradores de rua não é coisa de outro mundo. “É um contingente manejável: 15 mil pessoas, sendo que metade delas já tem ao menos acesso a albergue”, contabiliza. “Dar um passo na direção de incluí-las no sistema educacional e no mercado de trabalho não me parece algo que não deva ser tentado à exaustão.” 
O prefeito afirmou que também está atuando nas causas estruturais que jogam famílias inteiras nas ruas, como o alto preço dos aluguéis e a especulação imobiliária na cidade. “Lançamos em janeiro uma Parceria Público Privada para trazer moradia popular para o centro da cidade, em conjunto com o governo do estado”, afirma. “Há dois programas federais que não tiveram raízes na cidade: Pronatec e Minha Casa Minha Vida vão chegar agora com força na cidade porque são alavancas importantes na superação desse tipo de problema.”

Simbolismos

Antes de discursar, o prefeito vestiu a camisa vermelha do Movimento Nacional da População de Rua (MNPR), cujos integrantes compareceram em peso à Faculdade de Direito da USP para festejar o início do programa. A presença do padre Júlio Lancellotti, histórico defensor dos direitos dos excluídos, completou o apoio da sociedade civil à medida. Mas o religioso prefere esperar antes de falar numa efetiva mudança de postura em relação a esse setor.
“Preferíamos que houvesse mais discussão na elaboração da política, mas foi muito pouco”, afirmou. “Precisamos de uma mudança na integração das políticas públicas e que cada secretaria municipal responda às necessidades da população de rua. Elas precisam de atendimento humanizador. Se não, nenhum programa vai adiantar.”
O padre Júlio Lancellotti lembrou que Haddad foi eleito para “fazer o novo” e criticou a presença do coral da Guarda Civil Metropolitana (GCM) no evento. “É engraçado. Até hoje estavam batendo nos moradores de rua. Agora então quer dizer que eles não batem mais?”, ironizou. “Espero que a mudança não seja a GCM cantando, mas que a população de rua tenha sua cidadania respeitada.”
A prefeitura fez questão de marcar a cerimônia com várias referências simbólicas para sinalizar a chegada de novos tempos. Primeiro, com a presença da GCM, cujos guardas são reconhecidos agressores dos moradores de rua. Depois, haver recebido essa população com toda a pompa do Salão Nobre da Faculdade de Direito da USP. Na gestão passada, pessoas que dormiam em frente ao prédio, no Largo São Francisco, foram repetidamente expulsas do local.
“É uma conquista”, avalia o coordenador do MNPR em São Paulo, Anderson Lopes Miranda. “Desde quando Haddad assumiu, não tem mais funcionários da prefeitura jogando água nos moradores de rua. A gestão parece realmente comprometida conosco, e os recursos federais agora estão vindo pra cidade de verdade. Durante oito anos ficamos abandonados.”
Fonte: Rede Brasil Atual - http://www.redebrasilatual.com.br/temas/cidades/2013/03/haddad-pede-uniao-para-inclusao-de-moradores-de-rua-e-afirma-que-repressao-nao-e-saida