O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), assinou hoje (20) uma ordem de serviço para que as duas concessionárias de lixo da cidade construam quatro centrais de triagem de material reciclável mecanizadas – duas até junho de 2014 e outras duas até 2016. Cada uma das centrais terá capacidade de triar 249 toneladas por dia, mesma quantidade triada por todas as 20 centrais de reciclagem que existem atualmente na cidade. Quando estiverem todas prontas, o índice de reciclagem na cidade que atualmente é de menos de 2% chegará a 10%. Diariamente, São Paulo produz 13 mil toneladas de lixo por dia.
A novidade, apesar de aumentar a eficiência do ponto de vista ambiental e de ter o apoio de lideranças do movimento dos catadores, causa desconfiança para alguns trabalhadores, no momento responsáveis pelo serviço. Atualmente, a maior cooperativa de reciclagem da cidade, a Coopere, emprega 109 trabalhadores, com remuneração de cerca de R$ 1.200. As novas centrais irão empregar 30 trabalhadores.
“É o catador-robô”, classifica Sérgio Bispo, presidente da Cooper Glicério. Para ele, o sistema vai causar desemprego. “É uma tecnologia mecânica, não uma tecnologia social”, afirma.
Já lideranças do movimento apontam como ponto positivo o fato de que o material triado nas centrais mecanizadas será distribuído entre as cooperativas existentes na cidade e que a prefeitura adota uma alternativa à incineração, modelo que vem sendo adotado em muitas cidades do país para atender às determinações da Política Nacional de Resíduos Sólidos, que impõe o fim dos lixões até 2014.
“O meu entusiasmo é ter uma prefeitura que não está optando pelo modelo da incineração. Ela está optando por um modelo que, de alguma forma, a gente precisa discutir”, afirma Roberto Rocha, da coordenação nacional do movimento de catadores.
Haddad, no entanto, garantiu que os dois sistemas serão integrados e que não haverá diminuição de trabalho para os catadores. “Nenhum catador que está hoje contemplado será excluído do programa. Isso é uma garantia. Aqueles que estão hoje nas centrais estão todos contemplados pela nova política”, afirmou.
Atender à demanda
Para produzir a demanda necessária para que as centrais de triagem não fiquem ociosas e para que ainda sobre material para os catadores cooperados, será necessário aumentar a eficiência da coleta seletiva. Segundo o secretário de Serviços, Simão Pedro, planos municipais de coleta seletiva e manejo serão construídos em parceria com a sociedade civil ainda até o final deste ano.
Neles serão determinadas as formas como irá se reestruturar a coleta na cidade, atualmente bastante ineficiente. “É evidente que vamos ter que ampliar em toda a cidade, vamos ter que estabelecer um plano com as empresas, porque vamos ter que aumentar o número das equipes dos caminhões. Pretendemos aumentar a capacidade das cooperativas. Mas isso vai diminuir também o número de resíduos que vão para os aterros, então, a conta é bem redonda”, afirmou Simão Pedro.
Fonte: Linha Direta - PT - http://www.pt-sp.org.br/noticia/p/?id=28674
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