São Paulo – O deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP) pediu ontem (5) ao líder do partido na Câmara dos Deputados, José Guimarães, que encabece um pedido de abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Casa para investigar a prática de cartel denunciada pela empresa Siemens através da delação premiada. O cartel teria promovido um esquema de corrupção que envolve o governo do estado de São Paulo, liderado pelo PSDB, desde a gestão Mário Covas, passando pelas gestões José Serra e Geraldo Alckmin.
A bancada do PT discute hoje (6) quem deve ser o autor do pedido de instalação da CPI. Teixeira se prontificou a apresentar o pedido. Diante da dificuldade de instalação da comissão para investigar o mesmo tema na Assembleia Legislativa de São Paulo, o deputado afirma que, na Câmara, as resistências devem ser vencidas sem dificuldades, já que a sociedade, além de órgãos públicos, pedem esclarecimentos sobre as denúncias.
“Não vai ter como esconder porque já tem procedimento do Ministério Público Estadual e na Polícia Federal. Há uma mobilização da sociedade, dos jovens que pedem esclarecimento do fato. Não terá como segurar este escândalo sem que seja investigado.”
Segundo ele, a investigação deve ser a mais abrangente possível. “Tudo deve ser investigado por todos estes órgãos, para que tenhamos o maior esclarecimento possível e que se recuperem os recursos desviados. Fala-se em R$ 517 milhões. Esse dinheiro daria para construir inúmeras escolas, creches, e até mesmo aumentar o tamanho do metrô.”
Ainda segundo Teixeira, que falou à Rede Brasil Atual, o PSDB tenta desqualificar o caso dando a ele motivação exclusivamente política. “O PSDB está tentando transformar debate numa briga com o Cade, com o governo federal. O que precisa ser feito é ir a fundo na investigação, e não se deixar colocar panos quentes e engavetar denúncias.” O Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) é vinculado ao Ministério da Justiça.
Dificuldades da Assembleia
No âmbito estadual, o PT quer a abertura de uma CPI na Assembleia para investigar a responsabilidade ou omissão de agentes públicos e políticos do PSDB relacionados às denúncias de formação de cartel entre empresas para obras e manutenção de equipamentos do Metrô e da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM).
O cartel seria formado pelas empresas Alstom, Bombardier, CAF, Siemens, TTrans e Mitsui, envolvendo superfaturamento nos preços, pagamento de propinas e fraudes em licitações e contratos desde 1997, período de hegemonia do PSDB no Palácio dos Bandeirantes.
A instalação da CPI tem duas barreiras difíceis de transpor. A regimental, que depende do Colégio de Líderes para ser superada, e a política. Com 26 assinaturas já coletadas, o PT teria de conseguir o apoio de mais seis deputados entre os 68 que Alckmin tem a seu favor. A aposta é que as assinaturas que faltariam para viabilizar a CPI sejam de deputados que se sintam constrangidos em não apoiar uma iniciativa cuja demanda tem a ver com as recentes manifestações de rua por transparência e contra a corrupção, um risco alto em ano pré-eleitoral.
O deputado Olímpio Gomes, o Major Olímpio, é um dos 26 que apoiam a CPI, embora seu partido (PDT) seja da base do governador. “O caso é uma das grandes roubalheiras da história e eu não compactuo com ladrão”, justifica. “Está mais do que escancarado que esse cartel se formou desde o governo Covas, passou por Alckmin, Serra, e Alckmin de novo. E não é a oposição que denuncia. Foi a Siemens que veio a público.”
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