A Folha de São Paulo abriu o jogo no seu editorial de hoje. É contra a política do salário mínimo aprovada pela Câmara dos Deputados na última quarta-feira. O seu argumento é o de sempre: a indexação dos salários leva ao aumento da inflação. É o argumento que desde sempre justificou uma política de arrocho aos salários no governo FHC e nos anteriores e que levou o salário mínimo ao patamar mais baixo de toda a sua história.
Se as Centrais Sindicais não tinham entendido até agora, basta ler o editorial para entender porque o PSDB, o DEM e o PPS se uniram a elas para combater o governo. Queriam derrotar o governo e os trabalhadores, e isso ficou evidente no destaque do Dep. Roberto Freire ao artigo que determina que todod ano deverá ser feito um DECRETO para regulamentar a política aprovada agora. Na verdade, eles querem é rediscutir ano a ano a política permanente para o salário mínimo e com isso reverter essa conquista.
É interessante que nunca a Folha e nem a oposição criticaram a indexação dos pedágios, das tarifas de energia elétrica e de telefone, entre outras. Para eles vale a "segurança" dos contratos que não podem ser alterados. Foi essa política sim que retardou o combate à inflação no Brasil e que faz com que tenhamos as tarifas mais altas do mundo nos pedágios, na energia e na telefonia.
Se a Folha quer de verdade desindexar os preços porque não propõe rever esses contratos. Isso sim faria bem no combate à inflação. Deixe o salário mínimo em paz, que essa é conquista dos trabalhadores.
Leia o editorial da Folha de São Paulo de hoje 21/02/2011
Legado inflacionário
Indexação de ajustes do salário mínimo alimenta a transmissão de aumentos do passado para o futuro, que dificulta o combate à inflação
A aprovação do salário mínimo de R$ 545 para este ano, com manutenção da regra de correção negociada pelo governo com as centrais sindicais até 2015, reforça um problema que ainda aflige a economia brasileira: a indexação.
A vigorar a norma, que prevê correção do mínimo pela inflação do ano anterior somada à variação do PIB de dois anos antes, a alta em 2012 será de 13%.
O Brasil passou por um longo processo de desinflação desde o advento do regime de metas em 1999. Entre 2005 e 2010 a média da inflação anual ficou em 4,9% -um bom resultado considerando-se a meta de 4,5%. Parece claro, porém, que reduções para patamar entre 2% e 3% esbarram em obstáculos -entre os quais a indexação salarial, que a nova regra do mínimo ressuscita.
Sobrevivem no Brasil muitos resquícios do passado inflacionário. O principal é o repasse automático da inflação passada a preços importantes da economia, como aluguéis, telefonia, energia elétrica, ônibus, pedágios, água, esgoto, escolas etc. A maior parte desses ajustes segue, formal ou informalmente, o IPCA, índice oficial do consumidor, ou o IGP, muito influenciado pela taxa de câmbio e por preços no atacado, que guardam pouca ou nenhuma relação com os setores citados.
Com isso, um choque inflacionário como o que se vê hoje na agricultura é transmitido a praticamente todos os preços, independentemente do quadro competitivo de cada setor da economia. Em 2010, por exemplo, a alta do IGP foi de 11,3%, por conta da elevação das cotações de matérias-primas. Por que razão o aluguel residencial ou o valor do pedágio teriam de ser corrigidos na mesma proporção no ano seguinte?
As consequências desse mecanismo são perversas. Vão além da redução do poder de compra da população. Quando o pedágio sobe 11%, encarece a logística das empresas, que repassam os custos aos preços. E assim ocorre com todos os itens indexados. Cria-se um crônico problema de competitividade e uma tendência quase irresistível a passar tudo para o preço final. Não surpreende que o Brasil venha se tornando um país caro para produzir e consumir.
A indexação também contamina as expectativas de inflação, que são influenciadas fortemente pelos aumentos passados. Isso faz com que seja maior o sacrifício, em termos de desaceleração, para debelar os efeitos de um choque inflacionário -e essa é uma das explicações para juros tão altos.
Seria desejável que o governo começasse a desmontar esses mecanismos, mas infelizmente a investida para indexar o mínimo vai em sentido contrário.
Leia o editorial da Folha de São Paulo de hoje 21/02/2011
Legado inflacionário
Indexação de ajustes do salário mínimo alimenta a transmissão de aumentos do passado para o futuro, que dificulta o combate à inflação
A aprovação do salário mínimo de R$ 545 para este ano, com manutenção da regra de correção negociada pelo governo com as centrais sindicais até 2015, reforça um problema que ainda aflige a economia brasileira: a indexação.
A vigorar a norma, que prevê correção do mínimo pela inflação do ano anterior somada à variação do PIB de dois anos antes, a alta em 2012 será de 13%.
O Brasil passou por um longo processo de desinflação desde o advento do regime de metas em 1999. Entre 2005 e 2010 a média da inflação anual ficou em 4,9% -um bom resultado considerando-se a meta de 4,5%. Parece claro, porém, que reduções para patamar entre 2% e 3% esbarram em obstáculos -entre os quais a indexação salarial, que a nova regra do mínimo ressuscita.
Sobrevivem no Brasil muitos resquícios do passado inflacionário. O principal é o repasse automático da inflação passada a preços importantes da economia, como aluguéis, telefonia, energia elétrica, ônibus, pedágios, água, esgoto, escolas etc. A maior parte desses ajustes segue, formal ou informalmente, o IPCA, índice oficial do consumidor, ou o IGP, muito influenciado pela taxa de câmbio e por preços no atacado, que guardam pouca ou nenhuma relação com os setores citados.
Com isso, um choque inflacionário como o que se vê hoje na agricultura é transmitido a praticamente todos os preços, independentemente do quadro competitivo de cada setor da economia. Em 2010, por exemplo, a alta do IGP foi de 11,3%, por conta da elevação das cotações de matérias-primas. Por que razão o aluguel residencial ou o valor do pedágio teriam de ser corrigidos na mesma proporção no ano seguinte?
As consequências desse mecanismo são perversas. Vão além da redução do poder de compra da população. Quando o pedágio sobe 11%, encarece a logística das empresas, que repassam os custos aos preços. E assim ocorre com todos os itens indexados. Cria-se um crônico problema de competitividade e uma tendência quase irresistível a passar tudo para o preço final. Não surpreende que o Brasil venha se tornando um país caro para produzir e consumir.
A indexação também contamina as expectativas de inflação, que são influenciadas fortemente pelos aumentos passados. Isso faz com que seja maior o sacrifício, em termos de desaceleração, para debelar os efeitos de um choque inflacionário -e essa é uma das explicações para juros tão altos.
Seria desejável que o governo começasse a desmontar esses mecanismos, mas infelizmente a investida para indexar o mínimo vai em sentido contrário.
A solução é simples, congelamento de preços! Já vimos a que o mercado regrado por si mesmo leva (crises e mais crises. De fato não adianta nada aumentar o salário mínimo se antes de ele acontecer de fato o mercado oportunista sempre levanta os preços de tudo de antemão. Isso sim, obviamente gera inflação. A solução é simples como eu já disse, tabelamento de preços máximos e em seguida se aumenta o salário mínimo com moderação, mas ao mesmo tempo de forma significativa - lembremo-nos, os deputados tiveram um aumento de 61.7%, quanto será que o povo merece?
ResponderExcluirGente
ResponderExcluirEste deputado não sabe do que fala.O que transforma os preços dos serviços citados é a brutal incidência dos impostos. Que deverá aumentar mais com a incidência do imposto mais estúpido que já foi criado, a CPMF.É um imposto extremamente nocivo para o país. Se for inevitável, o melhor é criar um imposto igual ao ICMS.