sábado, 5 de fevereiro de 2011

Para entender a economia brasileira

Publico dois artigos de Zé Dirceu que podem contribuir na discussão da política econômica do governo. Como enfrentar as dificuldades que a economia mundial vem trazendo para o país? Como combater a desvalorização do dolar, provocada pela derrama da moeda americana? Como enfrentar a competição com os produtos produzidos no exterior, principalmente os chineses. Vamos entender um pouco mais:

Por que perdemos mercado para a China?

Publicado em 04-Fev-2011

Nossa câmbio valorizado é uma das principais causas...

Interessante, até porque confirma o que todos nos já sabíamos: pesquisa feita junto a 1.529 indústrias de grande, médio e pequeno porte pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) indica que a concorrência com produtos chineses afeta 28% - mais de 1/4 - das empresas brasileiras.

Dentre as empresas expostas à esta concorrência, uma parcela de 45% perdeu participação no mercado interno. A competição chinesa também causou perda de mercado externo para nossas indústrias. Dentre as exportadoras consultadas, mais da metade (52%), concorre com os produtos asiáticos - destas, 67% queixam-se de terem perdido clientes externos.

A CNI adianta que os efeitos dessa concorrência no mercado interno foram mais sentidos em quatro setores - produtos de metal, couros, calçados e têxteis. No externo (exportador), a perda de clientes foi mais intensa nos setores têxteis, de máquinas e equipamentos, além de produtos de metal e do setor calçadista.

Impedir dumping, reduzir custos, aumentar produtividade
 
O levantamento da CNI aponta que a China converteu-se em importante fornecedora de insumos e matérias-primas pra cá, e que isso cada vez ganha mais espaço nos últimos anos. Em 2006 (ano de pesquisa anterior semelhante), apenas 11% das empresas consultadas importavam matérias-primas da China e parcelas ainda menores compravam seus produtos finais ou equipamentos.

 
Já na pesquisa de agora, 21% das consultadas adquiriram matérias-primas chinesas e quase 10% importavam de lá manufaturados, além de máquinas e equipamentos. E dentre os atuais importadores de produtos chineses, 1/3 afirmou que pretende aumentar suas compras nos próximos seis meses.

Temos aí, comprovada entre nós, a força da China, a de suas exportações para o Brasil, seu papel na economia global e a concorrência com nossos produtos no mundo. A pesquisa/CNI confirma que só temos um caminho: impedir toda e qualquer ação de dumping e aumentar nossa competitividade e produtividade. Para tanto, insisto, há que reduzir nossos custos tributários, financeiros, e na infraestrutura. Como?

Saída: reforma tributária
 
Fazendo a reforma tributária, investindo na infraestrutura e em inovação, sem perder de vista que nosso câmbio depende da política monetária e fiscal, e não apenas do aumento das commodities ou da desvalorização artificial do dólar e do yuan.
 
Afinal, vejam o que diz o relatório-síntese da pesquisa da CNI na justificativa para estas perdas de mercado: "Há fatores de competitividade bem mais favoráveis para a China, como custo salarial menor, juros mais baixos, infraestrutura mais eficiente, escala de produção muito maior e menores barreiras burocráticas. Mas, o fator mais relevante é o câmbio."

Mudanças na política econômica do governo Lula?

Publicado em 05-Fev-2011

A questão do salário mínimo está se transformando ...

A questão do salário mínimo está se transformando numa questão política, não apenas pela natural demanda e reivindicação de um aumento maior pelas centrais sindicais, aumento, diga-se de passagem, maior do que o estabelecido no acordo entre as centrais e o governo Lula. Aprovado pelo Congresso Nacional, este acordo previa como base a inflação e o aumento do PIB de dois anos antes, ou seja, de 2009, que foi negativo. Tudo isso ocorre num momento de riscos na conjuntura econômica, com corte de gastos e aumento de juros, o que leva a uma outra questão: estaria a política econômica do governo Lula mudando? Já que cortar gastos, aumentar juros e ajustar o salário mínimo apenas com base na inflação passada levará inevitavelmente a esse questionamento; já que o objetivo é diminuir a demanda e o consumo, o crescimento econômico e do emprego e renda.

O problema é que o aumento dos juros valoriza mais o real e aumenta o serviço da dívida interna, anulando o esforço fiscal do corte de gastos, restando apenas aos juros a tarefa de reduzir uma inflação fora do centro da meta, mas dentro da banda estabelecida. Será mesmo necessária a descontinuidade, mesmo que conjuntural da política de aumento do salário mínimo, com todas consequências políticas e na expansão de nosso mercado interno, base de nosso crescimento, e redução dos juros?

Isso, evidentemente, sem falar nos lucros e ganhos das empresas no ano de 2010 e na tendência de crescimento desses ganhos em 2011, apesar de todos os problemas que enfrentamos no mundo e no país. E, Nesse cenário, vale lembrar que todas as categorias conquistaram aumentos acima da inflação nos últimos anos, o que reforça a demanda das centrais. Nossa torcida é por um bom acordo entre o governo e as centrais.






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