Em discurso na tribuna da Câmara, nesta terça-feira (31), o deputado Carlos Zarattini (PT-SP) criticou o silêncio da imprensa brasileira diante das arbitrariedades cometidas pelo governo interino e conspirador de Michel Temer contra os profissionais que atuavam na Empresa Brasil de Comunicação (EBC). O petista se referiu à demissão irregular de Ricardo Melo, ex-presidente da estatal e de outros jornalistas que tiveram seus contratos rompidos, entre eles, Tereza Cruvinel, Paulo Moreira Leite e Sidney Rezende. O deputado lamentou a saída irregular desses profissionais que, segundo ele, sempre buscaram expressar a opinião com profissionalismo e isenção.
“Quando é um governo golpista, que não tem nenhuma legitimidade, a imprensa brasileira se cala, a Rede Globo não fala nada, a Folha de S. Paulo fica quieta, a CBN não emite uma palavra”, criticou Carlos Zarattini, cobrando responsabilidade desses setores que em outras épocas bradaram por liberdade de imprensa e expressão.
Zarattini chamou a atenção para como seria o comportamento da mídia se fato semelhante a este fosse praticado por um gestor do Partido dos Trabalhadores. “Se esses atos tivessem sido feitos por um presidente do PT, estaríamos ouvindo as acusações de que queremos controlar a mídia, de que queremos fazer um governo bolivariano, de que não temos respeito à liberdade de expressão”, lamentou o petista. “Queremos a liberdade de imprensa!”, completou.
O caso – Assim que assumiu de forma golpista a Presidência da República, uma das primeiras ilegalidades cometida por Michel Temer foi exonerar o presidente da EBC, não respeitando a Lei 11.652/2008, que estabelece um mandato de quatro anos ao presidente da estatal. No lugar, o golpista nomeou Laerte Rímoli, aliado de Eduardo Cunha e ex-funcionário da Globo.
Rímoli não economizou na tinta. Assumiu o comando da empresa já quebrando os contratos com os jornalistas Tereza Crunivel, Paulo Moreira Leite e Sidney Rezende. A justificativa apresentada foi a de que “a estatal passa por um processo de reformulação, onde reavalia todos os contratos, diante da severa restrição orçamentária”, conforme noticiou o Portal Imprensa.
Copartícipe da implantação da EBC, Tereza Cruvinel que também presidiu a estatal por um período de quatro anos, classificou seu afastamento como “retaliação”. “A alegação de contenção de despesas também não se sustenta. Contratos de valor muito superior ao meu, com profissionais que atuam em outros programas, estão sendo mantidos. Então, se a razão é política, é perseguição, é macarthismo, algo absolutamente incompatível com a conduta de uma empresa de comunicação publica”, disse Tereza.
À frente do programa "Espaço Público", da TV Brasil , o apresentador Paulo Moreira Leite disse que o programa “expressava o ponto de vista de milhões de brasileiros que jamais se sentiram representados pela televisão. Isso é uma novidade política. Ele e outros programas da TV Brasil estavam contribuindo para aumentar o grau de democracia da comunicação, o que gerou essa reação".
Benildes Rodrigues com Portal Imprensa
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