Segundo Mantega, a desaceleração foi decorrência da combinação de medidas adotadas pelo próprio governo para conter a inflação e o superaquecimento da economia e da crise internacional. Por isso, diz, a retomada foi mais lenta e difícil do que era esperado.
Mantega afirmou ainda que o Brasil tem condições de acelerar o crescimento, mesmo em um cenário adverso, porque tem fundamentos sólidos, estabilidade política e jurídica, solidez financeira, um grande potencial energético com o pré-sal, grande dinamismo do mercado interno e eficiência na produção de commodities, que é uma vantagem, se bem administrada, afirmou o ministro, que participa de fórum econômico promovido pela Revista Exame, hoje em São Paulo.
`Não é só consumo`
Mantega, procurou, em suas palavras, “desmistificar” a afirmação de que na última década o crescimento brasileiro foi impulsionado pelo consumo. Segundo o ministro, a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) aumentou sua participação como proporção do PIB, enquanto o consumo das famílias, pelo contrário, perdeu participação desde 2001.
“O Brasil está entre os países do mundo em que a participação do consumo das famílias no PIB diminuiu entre 2001 e 2012”, segundo o ministro.
De acordo com o ministro, nos últimos dez anos o investimento no Brasil cresceu a uma taxa anualizada de 8,6%. No gráfico apresentado por Mantega, no entanto, não constava qual foi o aumento do investimento na China. “Não sei por que a equipe técnica não colocou, talvez para não nos humilhar, porque lá foi bem maior”, reconheceu.
Estímulos
O Brasil vem fazendo uma política fiscal anticíclica desde 2008, segundo o ministro da Fazenda. Naquele ano, o Minha Casa Minha Vida veio se somar a iniciativas como o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o que fortaleceu a construção civil, que já vinha em tendência de expansão. Para Mantega, este é um dos polos dinâmicos da economia brasileira.
Além disso, reafirmou o ministro, “temos volume grande de investimentos em petróleo e gás, já que a Petrobras tem o maior plano de negócios do mundo. Até o meio do ano foram mais de R$ 40 bilhões”, disse ele, lembrando que esses aportes independem da crise internacional.
Mantega ainda lembrou que o Brasil tem programas de concessão de investimentos em infraestrutura para a iniciativa privadas. Além dos eroportos já concedidos, Mantega voltou a afirmar que novas concessões em logística devem ser anunciadas. O ministro lembrou ainda das concessões de rodovias e ferrovias.
Além disso, disse o ministro, ontem o governo ampliou a desoneração da folha de pagamentos para mais 25 setores, além dos 15 que já tinham sido beneficiados. Assim, as desoneração fiscais neste ano devem somar R$ 44 bilhões, nos cálculos da Fazenda, ou cerca de 1% do PIB.
Referência a Meirelles
O ministro disse que o Brasil tem praticado uma política monetária moderadamente expansionista e política cambial ativa, que não permite que o real desvalorize.
O fórum tem entre os participantes o ex-presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, com quem brincou: “Nossa política monetária não é tão expansionista assim”.
Mantega citou ainda que o governo tem dado prioridade ao investimento e reformado o marco regulatório.
O ministro disse que a dívida pública está diminuindo e abrindo espaço para mercado de dívida privada, “que deve se expandir, e isso reduz o custo do capital, das transações econômicas de modo geral, embora ainda tenhamos taxas de juros muito elevadas para pessoa física e jurídica. Por isso a politica monetária não é tão expansionista assim”.
Mantega reiterou que os bancos privados têm tido postura mais conservadora sobre expansão do crédito. “Mas temos espaço para melhorar, reduzindo o spread. Temos instrumento que outros países, com taxas de juros lá embaixo, não possuem.”
Retomada à vista
O ministro disse que no segundo semestre ainda se verá mais claramente o impacto de todas as medidas que estão sendo tomadas.
“Temos segurança de que a economia está em aquecimento. Vamos terminar o ano com crescimento próximo de 4% [taxa anualizada]”.
Mantega minimizou a redução da estimativa do governo para o crescimento do PIB em 2012, de 3% para 2%. “A projeção de crescimento de 2% do PIB em 2012 é apenas uma média”, disse.
Fonte: Linha Direta - http://virou.gr/QfVE3O
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