Samurai
A palavra e a espada.
Há uma espada na sala do
Samurai.
Pousada sobre o silêncio da
madeira.
E uma aguda noção de honra.
A palavra disparada em
descargas curtas
traía o vulcão sob a neve.
Ensaiava um exercício barroco
incapaz de traduzir
- por escasso -
a multidão de sonhos
que manteve este homem
de pé diante da dor e sereno
diante da morte.
Deposito sobre a terra do teu
peito devastado
este ramo de ipê coroado de
branco
para cantar com as cerejeiras
ancestrais
a eternidade fugaz de tua
vida
agora entregue ao silêncio
acolhedor
do meu verso e do meu
coração.
Aqui repousa, dentro do meu
peito,
libertado da dor e do
cansaço,
o que não se deteve diante da
infâmia.
A 'surda força dos
vermes'*
tão estridente neste país,
não alterou a serenidade
ou a vocação da semente
que deixou de pulsar.
Aqui repousa a espada de
sonhos
do companheiro Luiz Gushiken:
metal colhido pela réstia de
luz
que se evade pela janela
de nossa indignação...
Pedro Tierra
___
*Verso de Cecília Meireles no 'Romanceiro da
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