Responsável por conduzir, como representante
brasileiro, as negociações sobre a integração comercial entre Mercosul e
União Europeia, o ministro Ronaldo
Costa, diretor do Departamento de Negociações Internacionais do
Itamaraty, garantiu que o Brasil não assinará o acordo se este trouxer
prejuízos ao País.
A declaração se deu durante audiência
pública, ontem, na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional
(CREDN) da Câmara. “O Brasil tem a capacidade de dizer não a um acordo
que não interessa”, afirmou o ministro.
Ronaldo Costa ressaltou
que um dos pontos mais “delicados” das negociações é o tema da
agricultura. “Estamos tentando juntar o bloco mais protecionista do
mundo, em termos agrícolas [União Europeia], com o bloco mais
competitivo do mundo. Não é um casamento fácil”, explicou Costa.
A posição do governo, expressada pelo ministro Ronaldo Costa, foi
elogiada por parlamentares petistas. “A afirmação de que um mau acordo
não será assinado – e o ministro considera que um mau acordo seria um
rebaixamento da proteção aos direitos trabalhistas, perda da qualidade
de vida na dimensão econômica e social, entre outros – nos transmite uma
certa tranquilidade quanto à seriedade e ao cuidado com que esse acordo
vem sendo discutido”, avalia o deputado Dr. Rosinha (PT-PR).
O
parlamentar paranaense considera que é preciso toda a cautela na
formulação das bases do acordo para que ele não prejudique a economia
dos países do Mercosul. “Não podemos nos inserir na economia mundial em
desvantagem. Até porque a Europa está passando por uma grave crise
econômica e pode ter interesse em se recuperar a partir de acordos como
esse. Temos o exemplo do México, que hoje está totalmente submetido às
regras ditadas pela economia dos Estados Unidos, e não podemos repetir
esse erro”, argumentou Rosinha.
O deputado Carlos Zarattini
(PT-SP) questionou o representante da Confederação Nacional da Indústria
(CNI) sobre setores da indústria brasileira que seriam beneficiados. A
entidade se diz favorável ao acordo, desde que haja salvaguardas para o
parque industrial brasileiro, mas seu representante não soube precisar
que setores e em que medida poderiam ganhar com a integração comercial.
Participação – Os representantes da Central Única dos Trabalhadores
(CUT) e da Rede Brasileira Pela Integração dos Povos (Rebrip) cobraram,
durante a audiência pública, mais participação da sociedade civil no
processo de negociações. As entidades entendem que é preciso maior
transparência e diálogo com a sociedade e com os trabalhadores. A
Rebrip, inclusive, defende que o acordo, caso seja aprovado pelo
Mercosul, seja submetido a consulta junto à população através de
plebiscito.
Nesse contexto, Dr. Rosinha propôs a criação de uma
subcomissão parlamentar, no âmbito da CREDN, para garantir o
acompanhamento, por parte do Congresso, das negociações sobre o acordo.
O deputado Nelson Pellegrino (PT-BA) também acompanhou a audiência.
Fonte: PT na Câmara
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