A realidade dos números é totalmente oposta ao discurso falacioso do governo, que aprofunda a crise ao destruir direitos sociais e trabalhistas do povo e ao insistir com uma política econômica ortodoxa que só beneficia segmentos privilegiados da sociedade, o sistema financeiro e grupos estrangeiros.
O déficit de 2017, inicialmente estimado em R$ 139 bilhões, passará para R$ 159 bilhões; e o de 2018 saltará de R$ 129 bilhões para os mesmos R$ 159 bilhões. O curioso é que Temer e seus apoiadores assumiram o governo por um golpe parlamentar acusando a presidenta Dilma Rousseff de descontrole das contas. Mas o atual ocupante do Palácio do Planalto é quem, em pouco mais de um ano, levou o Brasil para o descalabro fiscal. Antes do golpe, o governo Dilma previa déficit de R$ 124 bilhões em 2016 e de R$ 58 bilhões em 2017.
O pior é que a meta fiscal de 2017 turbinada por Temer e Meirelles dificilmente será atingida porque, passada mais da metade do ano, a situação das contas públicas é extremamente negativa. Em junho, o déficit do governo acumulado em 12 meses já superava R$ 180 bilhões, um recorde histórico.
Sabotagem — O grave é que esse déficit recorde não foi gerado com a preocupação de aumentar investimentos, gerar créditos e manter empregos, medida absolutamente imprescindível uma vez que o País permanece submerso na maior recessão de sua história. Ocorre o oposto: justamente quando os investimentos são mais do que necessários, em vez de aumentar, eles têm caído.
Até junho, no acumulado nos últimos doze meses, os investimentos públicos alcançaram R$ 56 bilhões, o menor patamar desde 2009. Em 2015, no mesmo período, Dilma, já alvo da sabotagem golpista, tinha investido R$ 77 bilhões.
Ortodoxia - Que fique claro, a principal explicação para o aumento do déficit do governo é a forte queda da receita tributária provocada pela estagnação da economia, que se aprofunda a cada dia com a política recessiva adotada por Temer e Meirelles. É um círculo vicioso: o aprofundamento dos cortes orçamentários que afetam especialmente os investimentos, mas também as transferências às famílias, contribui para manter a demanda das empresas deprimida e impede qualquer retomada dos investimentos privados.
A ortodoxia do governo — junto com sua fixação na entrega de patrimônio público a preço de banana, sob a pretexto de diminuir o déficit fiscal — já foi testada em outros países, até no Brasil de FHC, entre 1995 e 2002. O resultado foi um grandioso fracasso. Até o Fundo Monetário Internacional já constatou que a ortodoxia não leva a resultados práticos positivos. A permanecer com esta cartilha neoliberal, o Brasil pode ir para o caos econômico e social.
O principal projeto do atual governo é não cair. Haja déficit público. A compra de apoio no Congresso e de empresários que apoiaram a chegada de Temer ao Planalto tem custado bilhões aos Tesouro. Só com o perdão de dívidas junto ao fisco, o atual governo já abriu mão de R$ 225,44 bilhões. Com a economia estagnada, e com o aumento dos gastos do governo para manter seu apoio no Congresso, a situação fiscal vai continuar dramática e sem perspectiva de melhora expressiva.
ARTIGO PUBLICADO NO BLOG DO NOBLAT - O GLOBO
http://noblat.oglobo.globo.com/artigos/noticia/2017/08/farsa-da-meta-fiscal-de-temer-o-maior-deficit-da-historia-do-brasil.html
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