O líder do PT na Câmara, deputado Carlos Zarattini (SP), criticou nesta terça-feira (14), logo após reunião com os demais líderes partidários, o novo adiamento para definir o comando das comissões permanentes da Câmara dos Deputados. Segundo o líder petista, essa protelação atende a interesses específicos do governo ilegítimo de Michel Temer. “Já consideramos isso uma tática do governo para não deixar discutir outros temas aqui na Casa e priorizar apenas assuntos considerados prioritários por ele, que são as reformas da Previdência, Trabalhista e a terceirização”, observou Zarattini, durante entrevista coletiva. A definição foi remarcada para esta quarta-feira (15).
Zarattini afirmou ser estranho o que acontece atualmente na Câmara, referindo-se ao fato de as comissões estarem paradas há semanas, já que o ano legislativo teve início no começo de fevereiro. “De todo jeito, vamos continuar nos opondo a essas reformas”, reforçou, lembrando que todas as iniciativas do governo que tramitam na Casa suprimem direitos do povo brasileiro. “Agora, já está se falando de o governo fazer uma reforma Tributária, inclusive por medidas provisórias, voltando o tema da CPMF. Ou seja, um governo que dizia que jamais introduzira a CPMF, volta a falar nela”.
O líder do PT lembrou que, para se opor a todas essas “reformas”, parlamentares de oposição estarão em vigília durante toda a noite desta terça-feira (14) e madrugada de quarta-feira (15), logo após o encerramento da sessão plenária. “Teremos vários convidados. Vamos fazer uma vigília e uma grande bateria de debates sobre a reforma da Previdência, sobre a reforma trabalhista e sobre a chamada terceirização que, na verdade, é a precarização das atividades dos trabalhadores”.
Caixa 2 – Durante a entrevista, ao ser questionado sobre a questão do “caixa 2”, Zarattini reforçou que, pela legislação atual, o caixa 2 já é uma irregularidade e pode levar inclusive à cassação de uma candidatura. Lembrou ainda que a Câmara já aprovou no rol das chamadas “dez medidas” dispositivo que estabelece tipificação penal para o caixa 2. “Ou seja, terão penalidades muito mais graves. Já é uma irregularidade hoje e, caso aprovado esse projeto no Senado, o caixa 2 passa a ser um crime passível, inclusive, de prisão”.
Acerca das doações oficiais, o chamado caixa 1, o líder do PT explicou que elas só podem ser consideradas irregulares se estiverem vinculadas a um ato de corrupção. “Além disso, tem que haver uma prova desse ato de corrupção. Não é simplesmente alguém dizer [que tem], é necessário que se comprove que houve um ato de corrupção. Isso é o que vai tornar essa doação ilegal”.
Ao ser questionado sobre uma possível movimentação de parlamentares na Câmara com objetivo de anistiar crimes de agentes públicos, Zarattini reforçou a postura defendida pelo PT. “Somos contrários a qualquer anistia de crime de corrupção. Queremos separar o que é irregularidade e crime de corrupção daquilo que é ação política legítima de deputados, de senadores, enfim dos agentes políticos. É importante separar isso. E principalmente a gente quer que haja provas para se condenar uma pessoa, não simplesmente indícios e muito menos suposições ou convicções”, defendeu.
Regulamentação – Como medida passível de dar mais transparência à relação entre agentes públicos e privados, Carlos Zarattini defendeu a aprovação de projeto de sua autoria (PL 1202/07) que regulamenta a atividade do lobby. “Isso vai disciplinar a relação entre empresas, setores econômicos e os agentes públicos, principalmente parlamentares. Isso é uma coisa importante, porque vai dar legitimidade a essa ação que acontece em todos os lugares do mundo. Aqui não é diferente”.
“Temos que resolver essa questão, porque toda atividade política hoje está criminalizada. Em segundo lugar, queremos fazer uma reforma política que retire definitivamente o financiamento privado, de empresas, das eleições e dos partidos, e queremos estabelecer um sistema eleitoral barato aos cofres públicos, que garanta um processo lícito sem perturbações”, finalizou.
“Temos que resolver essa questão, porque toda atividade política hoje está criminalizada. Em segundo lugar, queremos fazer uma reforma política que retire definitivamente o financiamento privado, de empresas, das eleições e dos partidos, e queremos estabelecer um sistema eleitoral barato aos cofres públicos, que garanta um processo lícito sem perturbações”, finalizou.
PT na Câmara /Foto: Gustavo Bezerra
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