segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Apagão geral na segurança pública em São Paulo


Sem comando e com licença para matar. De um lado essa é a atuação da PM nas ruas de São Paulo. De outro, os próprios policiais são vítimas dos criminosos, sem condições de investigar e de desarticular o crime organizado que a tudo comanda de dentro dos presídios. 

Não há outro diagnóstico possível. Esta é a situação da Polícia Militar em São Paulo. Licença para matar, aliás, dada pelo governador tucano Geraldo Alckmin em suas declarações irresponsáveis e desastradas a cada ocorrência de violação dos direitos humanos cometidas por sua polícia. 

É o pior dos mundos, um verdadeiro apagão geral na segurança pública no Estado. Mas, uma coisa vocês, que acompanham o blog, hão de convir: não é por falta de tratar do tema, de criticar. Ano após ano nós criticamos. E a situação só piora.

Leiam as palavras dessa moradora do Jardim Macedônia: "Eu coloquei as mãos para cima, assustada, com medo de ser baleada também (...). Eu não acreditei na cena que vi: as meninas baleadas, o policial com arma em punho pra mim como se eu fosse uma bandida", contou a mãe de uma das meninas atingidas por estilhaços (segundo a PM) quando os policiais atiravam contra motoqueiros suspeitos no bairro Jardim Macedônia, na capital paulista.

“Cala a boca filha. Isso aí foi só um tirinho de raspão”

Uma das meninas foi atingida no nariz e a outra alvejada [segundo a nota d PM por estilhaços] no olho. E não bastasse isso, ambas foram levadas sozinhas, sem a presença de um adulto – repito, elas têm 11 e 14 anos –, pelos policiais ao hospital. Vejam o que a menor delas contou à imprensa: "Dentro da viatura eu falava: cadê a minha mãe? Eu quero a minha mãe? Por que vocês machucaram a gente? O moço (PM) falou assim: cala a boca filha, isso aí foi só um tirinho de raspão".

E há ainda o caso dos PMs assassinados durante suas folgas. Agora foram mais três policiais mortos. O primeiro da ROTA, atingido por tiro de fuzil quando saía de casa, na quinta (27.9). Na sexta (ontem, 28) mais dois PMs. A contabilidade macabra está nos jornais: 73 PMs mortos este ano, 56 em horário de folga. 

Agora vocês imaginem o clima no enterro deste policial da ROTA, também morto quando saía de casa. Estava de folga, como os dois outros mortos também nestes dias.

Governador, talvez não adiante abordar milhares de pessoas...

Vocês querem indicadores mais claros de que o crime está comandando as ações da segurança pública do Estado, de dentro dos presídios? Querem maior atestado de falência da política (será que merece este nome?) de segurança pública instalada no Palácio dos Bandeirantes?

O governador Geraldo Alckmin tem que parar e pensar. Tem que rever a situação, convocar a inteligência, colocar para estudar o problema da segurança pública. Não pode mais continuar com essa política que deixa, de um lado os criminosos à vontade para dominarem a situação, de outro a polícia agindo sem direção, sem condições de enfrentar os criminosos. A polícia tem que proteger efetivamente a população, em vez de se comportar como verdadeira ameaça à população.

Não dá para saber se a ação está ou não relacionada com este problema das mortes dos PMs, mas entre a tarde e a noite da mesma quinta em que morreram mais dois PMs, a polícia militar realizou uma mega-operação e deteve 252 pessoas em todo o Estado. Abordaram 64.291 pessoas. Daqui a pouco abordarão todos os habitantes do Estado. E aí? É essa a inteligência da nossa polícia? 

A que ponto chegamos...

No caso das meninas do Jardim Macedônia, não bastasse tudo o que fizeram, o absurdo dessas meninas estarem sozinhas, ainda um “Cala a boca, filha?” Onde estamos? Onde está o governador? Em nota oficial, após os PMs terem coragem de dizer que as meninas haviam sido acidentalmente atingidas por balas de borracha, a PM afirmou ter instaurado inquérito para apurar os fatos.

"Por motivos a esclarecer, um dos policiais efetuou disparos contra os ocupantes da moto e os estilhaços atingiram as duas crianças que estavam do outro lado da rua”, diz a nota. A que ponto chegamos? Essa é a segurança pública do dr. Geraldo Alckmin. Esta é a PM tucana. 

A situação traduz muito bem a insegurança da população frente a uma polícia que necessita urgentemente de comando, de um plano de ação articulado, e de melhor preparo. Coisas que fazem parte de qualquer política de segurança pública decente, mas que definitivamente não existe em São Paulo, por tudo o que temos visto (e comentado) aqui no blog. 

Há uma crise gravíssima na segurança pública de São Paulo. Uma crise, aliás, que a mídia esconde ou trata como se fosse mais um caso isolado. Não é. A violação dos direitos humanos em São Paulo é sem precedentes. E é um dos lados da moeda. A falta de efetividade das ações policiais para conter os criminosos é o outro lado. Eles se complementam e mostram uma polícia desorientada, agindo a esmo e amedrontando as pessoas. Mas não os criminosos.


Fonte: Linha Direta - http://virou.gr/P6qhdH

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