terça-feira, 16 de outubro de 2012

Para Serra, programa de governo é 'coisa exótica' que 'não vale muito'


São Paulo – José Serra nem venceu as eleições e já cumpriu uma de suas promessas de campanha. Nos idos de setembro, ao ser pressionado sobre sua falta de plano de governo, o candidato do PSDB à prefeitura de São Paulo disse que apresentaria o documento durante o 2° turno. Ontem (15), faltando treze dias para o duelo eleitoral com Fernando Haddad (PT), a cúpula do tucanato paulista abarrotou uma das salas do Cine Livraria Cultura, na Avenida Paulista, para o lançamento oficial do programa de José Serra. Em seu pronunciamento, porém, o candidato pouco falou de propostas: preferiu saudar colegas, atacar o rival petista e lembrar feitos passados. Depois, saiu apressado sem falar com a imprensa.
“Leonel Brizola dizia uma coisa que é verdadeira: programa compra-se pela internet. Monta-se uns grupos, o sujeito escreve, o candidato fica se informando sem saber direito do que está tratando... Programa é assim: em geral não tem muito conteúdo, não vale muito no Brasil”, menosprezou José Serra, fazendo referência ao ex-governador do Rio de Janeiro, morto em 2004. “O PT ganhou prestígio no governo federal porque não cumpriu o programa que apresentou em 2002. Às vezes essa coisa de programa é tão exótica que quem não cumpre é aplaudido por isso: propunha tanta bobagem que quando chega e não faz bobagem, essa passa a ser uma virtude. São circunstâncias da vida.”
De acordo com o tucano, um dos elementos mais importantes de um programa de governo são as prioridades. “Quando tudo é prioritário, nada é prioritário”, ensinou. “Para governar é preciso escolher – e isto o PT tem horror de fazer, e nós temos gosto de fazer, porque isso significa viabilizar as coisas.” No entanto, durante sua meia hora de discurso, José Serra não elencou uma só proposta prioritária. O candidato do PSDB fez apenas duas menções a projetos que pretende executar na capital caso seja eleito.
Um deles é o bolsa-creche, espécie de auxílio financeiro para mães que estiverem aguardando vagas para seus filhos nas creches da cidade. A medida foi originalmente proposta pela candidata derrotada no primeiro turno, Soninha Francine, do PPS, e acabou sendo englobada pelo tucano neste 2° turno. "Copiar, na vida pública, não é plágio, é virtude", justificou. "Coisa boa a gente copia." Outro projeto citado pelo tucano foi aumentar a integração com o governo do estado, atualmente ocupado por seu correligionário Geraldo Alckmin, em todas as áreas da administração pública. “São Paulo tem duas prefeituras: a estadual e a municipal”, repetiu. “A estadual é totalmente responsável pela segurança, pelos trilhos e saneamento, além de metade da saúde, metade da educação e outro tanto da habitação. Então, tem que funcionar junto, com a gente ajudando. A parceria é fundamental.”
O plano de governo tucano tampouco enumera prioridades – ou melhor, elenca centenas delas, sem destacar nenhuma. O documento possui 70 páginas e tem uma tiragem de dois mil exemplares. Está composto por três seções. Na primeira, a coligação Avança São Paulo (PSDB, PSD, PR, DEM e PV) traz uma carta de José Serra aos eleitores, reconhece os avanços das últimas duas gestões da prefeitura e esboça os desafios para o futuro. Na segunda parte vêm as propostas propriamente ditas, divididas em 15 temas: saúde, educação, transporte, habitação etc. Por fim, a candidatura publica uma longa lista de colaboradores – gente que auxiliou na elaboração do programa.
“Montamos vinte grupos de trabalho que ouviram técnicos, especialistas e educadores. Foram mais de 120 reuniões, nas quais participaram mais de duas mil pessoas”, contabilizou Hubert Alquéres, coordenador do programa de governo do PSDB. “Tivemos ainda contribuições que vieram pela internet, e nosso vice-governador, Guilherme Afif Domingos, coordenou a caravana Avança São Paulo, que percorreu inúmeras regiões da cidade, nas 31 subprefeituras, para ouvir as demandas da população.” Alquéres destacou a rigorosidade de José Serra ao analisar todas as propostas do plano antes de aprová-las e anunciou que o documento não possui nenhum projeto publicitário. “Estamos preocupados em articular as ações. Nosso programa tem preocupação em ter propostas factíveis, com âncora no orçamento.”
O prefeito Gilberto Kassab (PSD) – que assumiu o governo paulistano após a saída de José Serra, em 2005, e foi reeleito em 2008 – discursou em apoio ao antecessor, dizendo que o tucano recebeu São Paulo mergulhada no caos deixado por Marta Suplicy (PT). “Agora a cidade terá mais um instrumento para comparar as candidaturas”, anotou. “Que possamos daqui a alguns dias ter esse plano de governo como Bíblia da nossa cidade, porque é esse o documento que vai continuar as grandes transformações iniciadas por você oito anos atrás e que vai fazer com que São Paulo cada vez mais seja o orgulho dos paulistanos e referência para o Brasil e para o mundo.”
Fonte: Rede Brasil Atual - http://virou.gr/T9cbtp

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