A insistência do petista Fernando Haddad surtiu efeito ao questionar a “passagem mais cara para quem mora mais longe” do líder nas pesquisas Celso Russomanno (PRB). O candidato perdeu sete pontos em uma semana, segundo o Ibope, perdeu a compostura na tevê chamando Haddad de mentiroso e batendo a mão na mesa, e finalmente disse que vai manter o Bilhete Único, desconversando, mais uma vez, sobre a proposta de tarifa proporcional que ninguém entendeu.
Mais uma vez, fica a dúvida no ar: uma proposta de governo tão importante, que reformularia todo o sistema de transporte coletivo da cidade, ainda existe? Se o bilhete único continua, a tarifa proporcional foi abandonada ou será opcional? Se a “passagem mais barata para quem mora mais perto” continua, surge outro leque de perguntas que também não foram respondidas. Muita dúvida para uma eleição tão importante.
Candidato dos pobres
O primeiro turno da campanha de Celso Russomanno (PRB) à Prefeitura de São Paulo foi marcado por algum tipo de grave equívoco na formulação do seu programa de governo, particularmente no que refere à transporte público e mobilidade urbana. Ainda em 10 de setembro, o SPressoSP percebeu a proposta confusa da tarifa proporcional de ônibus em seu “plano de governo”, contatou a campanha e descobriu que ninguém saberia explica-lá. O próprio candidato respondeu por email com evasivas, sem falar da proposta específica.
Depois que Haddad questionou a injustiça de cobrar mais caro dos moradores da periferia e subsidiar o custo para os moradores do centro, todos começaram a comentar e muitas questões técnicas surgiram, sem resposta alguma, mostrando a fragilidade do “plano de governo” postado no site. Como será cobrada a passagem, se o usuário só pode dizer quanto vai percorrer ao final da viagem?
Haddad acertou em cheio ao mostrar que tem as propostas certas para a população mais pobre, identificada com a candidatura de Russomanno. Acertou também em questionar, justamente, uma proposta que toca no tema mais sensível da eleição paulistana: transporte coletivo e mobilidade urbana. Sua proposta de Bilhete Único Mensal foi a mais atacada pelo tucano José Serra, justamente pelo impacto que teve no eleitorado.
Programa laranja
Estrategicamente, o candidato do PRB tentou evitar cair na armadilha de explicar uma proposta confusa como essa, cheia de implicações e consequências. Percebendo nas ruas que a dúvida aumentava no eleitorado, não resistiu e resolveu dizer que a tarifa máxima seria de R$ 3, o preço atual de três horas de viagem pelo Bilhete Único. Ou seja, confirmou aquilo que Haddad estava acusando, abrindo a Caixa de Pandora da proposta que parece ter sido escrita por um adolescente mimado.
Foi então que todos quiseram saber quem era o adolescente mimado que escreveu o tal “plano de governo” tão sucinto. A coisa começou a ficar ainda mais feia, pois o jornal O Estado de S. Paulo descobriu na última semana que o responsável pelo texto não passava de um laranja, um servidor da Prefeitura que sequer usava o nome verdadeiro. Só então, a coordenação de campanha resolveu correr atrás do prejuízo e tentar fazer, às pressas, um programa de governo de verdade, com a ajuda de especialistas reais.
Desta forma, uma das cidades mais importantes e ricas do mundo pode eleger um candidato sem programa de governo, fugitivo dos confrontos de ideias entre os candidatos representado pelos debates na tevê, e sem respostas para as perguntas que eventualmente surgiram durante a campanha. Como disse a campanha petista, não é por mal, é só falta de experiência.
Fonte: Linha Direta - http://virou.gr/OFstJl
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