domingo, 13 de novembro de 2011

Escolas particulares tem mais aumento

As escolas particulares continuam fazendo a farra. Com a má qualidade das escolas públicas, toda família com um pouco mais de recursos coloca seus filhos nas escolas particulares. O ensino público em São Paulo teve avaliação pior do que Teresina. É a Prefeitura encarecendo a vida dos paulistanos que pagam impostos para ter um serviço público de qualidade.

Mensalidade sobe mais que inflação pelo 10º ano seguido

Alta média nos colégios da cidade de São Paulo deve ficar entre 8% e 12%

É preciso justificar aumento, diz Procon; pais de alunos em escola no Morumbi fazem abaixo-assinado


TALITA BEDINELLI

DE SÃO PAULO

"Se eles querem lidar como um negócio, vão ter que escutar os clientes", desabafa o administrador financeiro Frederic Armand, 39, que no ano que vem terá um custo 23% maior na escola das duas filhas, o Porto Seguro.

O colégio no Morumbi (zona oeste) recebeu neste ano um abaixo-assinado com 1.700 assinaturas de pais indignados com o aumento da mensalidade, que, no ano que vem, deve ficar bem acima da inflação.

Para pais que pagam a anuidade em mensalidades, o aumento em relação a 2011 será de até 19%. Mas os que pagam à vista, como Armand, perderam ainda parte do desconto que vinha com essa modalidade; terão então custo 23% maior do que em 2011.

O colégio não é o único que terá um aumento grande em 2012. Segundo o sindicato das escolas particulares de SP, o reajuste deverá ser de 8% a 12%. A estimativa é que a inflação fique em 6,5% (IPCA-IBGE) ou 5,61% (IPC-Fipe).

Este será o décimo ano em São Paulo em que as escolas reajustam acima da inflação, segundo dados da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), quando se considera o ensino fundamental, nível onde o aumento acumulado foi maior desde 2000.

A Folha consultou 20 das principais escolas de São Paulo e apenas uma, o Santo Américo (zona oeste), terá aumento abaixo dos 6,5% da previsão do IPCA. Será de 6% (maior que o índice da Fipe).

O maior reajuste será o do Centro Educacional Pioneiro, na Vila Mariana: de até 30%.

O Procon diz que a lei não impede que mensalidades aumentem mais que a inflação. Mas o aumento tem que ser justificado para os pais.

"A escola deve colocar a planilha com custos detalhados 45 dias antes da matrícula em local visível para que o pai saiba o porquê do aumento", diz a assistente técnica do órgão Leila Cordeiro.

O problema é que, quando as escolas divulgam esses dados, eles não são detalhados o suficiente para que os pais entendam, diz Hebe Tolosa, da Associação de Pais e Alunos de Escolas de São Paulo.

"Geralmente, a escola entrega uma planilha cheia de números que ninguém consegue analisar." Foi o que aconteceu no Porto Seguro, segundo Armand. "Não conseguimos entender nada da planilha. Tem que fazer auditoria."

Os pais recorreram também ao Ministério Público. Já a escola disse que não volta atrás.

Mesmo assim, para Armand, a mobilização foi proveitosa. Após o abaixo-assinado, eles decidiram montar uma associação de pais para discutir mais cedo o reajuste de 2013.

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