O Movimento Sem Teto de São Paulo fez um importante protesto nesta semana com a ocupação de vários prédios abandonados no centro da cidade. Eles tiveram como objetivo pressionar a Prefeitura e o Governo do Estado a desapropriar esses imóveis e disponibilizá-los para a moradia popular. Em São Paulo a especulação imobiliária tem elevado o preço dos imóveis e afastado as pessoas pobres e de classe média da região central.
PM retira sem-teto de prédio na av. São João
Grupo teve de sair do antigo hotel Cineasta
NATÁLIA CANCIAN
Sob o olhar de 140 policiais militares e de 30 guardas civis, 54 integrantes do movimento sem-teto deixaram ontem um prédio histórico na avenida São João, na região central de São Paulo.
Os sem-teto invadiram o prédio, conhecido como hotel Cineasta, na madrugada de segunda-feira. Na ocasião, outros nove prédios foram invadidos. Destes, sete ainda estão ocupados e dois foram esvaziados voluntariamente.
A ação de reintegração de posse do Cineasta, que pertence à prefeitura, durou cerca de duas horas.
Homens da Tropa de Choque, com escudos e capacetes, posicionaram-se em frente ao antigo hotel por volta do meio-dia. Enquanto isso, cinco assistentes sociais faziam cadastramento dos sem-teto.
A reintegração foi pacífica, mas sob gritos de protesto.
"A polícia vem como se fosse pegar gente da pior espécie", reclamou a sem-teto Carmem da Silva Ferreira, 50. O comandante do 7º Batalhão da PM, Benjamin Francisco Neto, justificou o número de policiais. "Viemos com esse efetivo apenas por cautela."
A estimativa é que 300 pessoas ocupavam o edifício, de seis andares e com cerca de 96 apartamentos.
A reintegração foi palco para outros movimentos. Membros do acampamento Ocupa Sampa e alunos da USP estiveram no local.
Até mesmo o padre Julio Lancelotti, que atua em movimentos sociais, passou por lá e puxou uma oração com o público.
"Deus não pôde vir, mas mandou um secretário", bradou o sem-teto Ivan Mauro, 44, que ajudava amigos a levar os pertences para outros edifícios invadidos.
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