segunda-feira, 30 de julho de 2012

Hospitais de Kassab ainda estão em ruínas


Teias de aranha, goteiras, infiltrações, falta de equipamentos, nada que lembre um ambiente hospitalar. Assim estão os prédios onde a gestão Gilberto Kassab (PSD) promete inaugurar três novos hospitais até o fim deste ano. Dificilmente o prefeito terá tempo de cumprir a promessa de entregar 175 novos leitos antes que seu mandato termine, em 31 de dezembro.

Para agilizar o processo, a Prefeitura decidiu reformar hospitais desativados, porém os prédios escolhidos pela administração pública estão em péssimas condições. Segundo especialistas, a desapropriação, a reforma e a instalação de equipamentos serão finalizadas em, pelo menos, três anos. Os imóveis ainda estão em fase de desapropriação, processo que pode durar até um ano. A inauguração das unidades ficará, portanto, para o próximo prefeito.


Como a Prefeitura não conseguiu emplacar a parceria público-privada (PPP) avaliada em R$ 6 bilhões para a construção de três unidades – a PPP foi adiada pela 14.ª vez no início do ano –, o plano é adaptar imóveis existentes no Carrão, na zona leste, Capela do Socorro, na zona sul, e Freguesia do Ó, na zona norte. De acordo com a Prefeitura, para acelerar a implantação, o objetivo é aproveitar as estruturas que já foram, em algum momento, hospitais.


No prédio escolhido na Freguesia do Ó, na Avenida Itaberaba, por exemplo, funcionava uma unidade do supermercado Dia. O imóvel está fechado há cerca de seis meses. “Esse prédio é muito velho e está em um terreno acidentado. Chegou a ser um hospital, há cerca de 15 anos. Agora, precisará de uma boa reforma”, lembra o comerciante Sidnei Ramiro, de 46 anos, dono de um estacionamento ao lado do imóvel.


A reforma dos prédios será custeada pela Secretaria Municipal da Saúde, mas a administração dos equipamentos deverá ser repassada a uma Organização Social (OS). Para o coordenador da Rede Nossa São Paulo, Oded Grajew, um dos idealizadores do plano de metas, a administração pública terá dificuldades para cumprir a promessa. “É preciso reformar os prédios, contratar profissionais, equipar o imóvel. Se a Prefeitura tivesse corrido atrás logo no início da gestão, hoje teríamos três novos hospitais em regiões que são carentes desse atendimento”, afirma Grajew.


É o caso dos moradores da Capela do Socorro, na zona sul, uma das regiões mais carentes da cidade em equipamentos de Saúde. “O Hospital mais próximo é o do Grajaú. Seria fantástico ter uma nova unidade aqui”, afirma o aposentado José Rogério Viana, de 71 anos. Ele mora em frente ao prédio escolhido para ser reformado. “Aqui já funcionou um hospital, depois virou escola. Mas o imóvel está fechado há 14 anos e foi todo depredado”, completa.


No local sobrou um esqueleto de tijolos à vista. Pouco poderá ser reaproveitado do antigo hospital. Janelas foram retiradas e as que ficaram estão com os vidros quebrados. Peças, portas e azulejos foram saqueados e as paredes estão com várias infiltrações. A capital tem ao menos 20 hospitais inativos, de acordo com estimativas do Sindicato dos Médicos de São Paulo (Simesp).

Fonte: Linha Direta - http://virou.gr/Ou6XFy

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