A nova pesquisa Datafolha consolida Celso Russomanno (PRB) como a
grande novidade da fase pré-televisiva da campanha municipal de São
Paulo. Em movimento ascendente desde o final do ano passado, o ex-azarão
aparece pela primeira vez à frente do ex-favorito José Serra (PSDB):
31% a 27%.
Como a margem de erro da pesquisa é de três pontos –para o alto ou
para baixo— o quadro ainda é de empate técnico. Mas até as curvas do
Datafolha desfavorecem Serra: caiu três pontos desde a última sondagem,
realizada nos dias 19 e 20 de julho. Russomanno avançou cinco casas no
mesmo período.
Serra passou a conviver com um desafio novo. Precisa provar-se capaz
de sobreviver ao primeiro round da disputa. Sua prioridade agora é
evitar o fiasco experimentado por Geraldo Alckmin na disputa municipal
de 2008. Naquele ano, Alckmin deslizou da liderança nas pesquisas para a
derrota no primeiro turno. Passaram à segunda fase Gilberto Kassab
(então no DEM) e Marta Suplicy (PT).
Pela lógica, Russomanno deve cair e Fernando Haddad (PT), hoje com
irrisórios 8%, tende a subir. Nessa hipótese, bastaria a Serra manter o
desempenho atual para escorregar à segunda fase. A história mostra,
porém, que o eleitorado de São Paulo, por ilógico, é dado a surpresas.
Recorde-se, a propósito, os triunfos de Luíza Erundina e de Jânio
Quadros.
Nesta terça (21), o jogo entra em sua fase decisiva. Nos próximos 45
dias vai ao ar a propaganda dos candidatos no rádio e na tevê. É nessa
temporada que o eleitor acorda para a disputa travada à sua volta.
Contra Russomanno pesa o fato de que dispõe de vitrine eletrônica miúda:
2min11s. É pouco, muito pouco, quase nada perto do tempo de exposição
de Serra e Haddad –7min39s cada um.
Conhecido por 64% do eleitorado e rejeitado por 15%, Haddad deve
tomar o elevador no instante em que o marketing do seu comitê começar
trombetear na tevê seus vínculos com Lula. Mal comparando, o candidato
do PT atravessa situação análoga à de Dilma Rousseff, que também chegou
ao horário eleitoral de 2010 atrás de Serra nas pesquisas.
Diferentemente do antagonista do PT, Serra e Russomanno são
ultramanjados. O primeiro ostenta taxa de conhecimento de 98%. O
segundo, 94%. A dupla diferencia-se na taxa de rejeição. Para
desassossego do tucanato, 37% do eleitorado paulistano declara que
jamais votaria em Serra. A inquietude aumenta quando se verifica que
Russomanno é rejeitado por apenas 12% dos eleitores.
Dando-se de barato que Haddad vai subir, interessa saber se vai
roubar votos de Serra ou de Russomanno. Analisada em seus meandros, a
pesquisa Datafolha indica que o candidato do PRB corre mais riscos do
que o contendor do PSDB. O problema é que, como já mencionado, o eleitor
nem sempre guia-se pela lógica. E o eleitor de São Paulo já deu mostras
de que não é avesso à ilógica.
Um detalhe potencializa os riscos de Serra. O candidato tucano está
indissociavelmente vinculado à administração do seu apoiador Gilberto
Kassab. O marketing do comitê tucano terá de operar a mágica de vender
Serra como continuador da gestão de um prefeito que inspira em boa parte
do eleitorado os mais primitivos instintos de mudança.
Fonte: Uol - http://virou.gr/MJXVnn
Nenhum comentário:
Postar um comentário