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quinta-feira, 25 de julho de 2013

Rillo apresenta pedido de investigação contra Alckmin


O deputado estadual João Paulo Rillo apresentou nessa quarta-feira, dia 24, representação ao procurador-geral de Justiça de São Paulo, Márcio Fernando Elias Rosa, para apurar indícios de improbidade do governador Geraldo Alckmin em relação às denúncias de desvios de recursos públicos do Metrô e da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos). 

O objetivo da representação é “apuração de possível improbidade administrativa por omissão na conduta do governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, face ao acordo de leniência da multinacional alemã Siemens junto às autoridades brasileiras, representadas pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), e diante de reportagens publicadas veiculadas nesta última sexta-feira, 19 de julho de 2013, pela revista Istoé, do Brasil, e portal Deutsche Welle, grupo de mídia da Alemanha, que apontam para uma ação ininterrupta, por quase 20 anos, de 1995 até os dias atuais – durante sucessivos governos do PSDB no Estado de São Paulo - de pagamentos de supostas propinas pela multinacional alemã Siemens, originárias de desvio de dinheiro das obras do Metrô e dos trens metropolitanos (...)”.

Rillo e o deputado Enio Tatto já haviam alertado o Ministério Público e o governador sobre os desvios na Linha 5 do metrô, em 2011. O então presidente do Metrô foi afastado do cargo pela Justiça e, mesmo após o Ministério Público apontar um prejuízo de mais de R$ 300 milhões, Alckmin retomou as obras da Linha 5 apesar das denúncias de acertos entre as empresas concorrentes da licitação. O escândalo teve recentemente mais um capítulo com o acordo de leniência feito entre a Siemens e o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica). A empresa alemã confirmou o esquema de propinas e apresentou planilhas de pagamento e nomes. 

O documento apresentado por Rillo ao procurador foi instruído com cópias de dezenas de matérias publicadas em diferentes veículos de comunicação, no Brasil e no exterior, com informações sobre o esquema.


quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Brasil melhora a sua posição em ranking de combate à corrupção

No ano do julgamento do mensalão e de eleições com a Lei da Ficha Limpa, o Brasil melhorou quatro posições no ranking de 176 países com menor percepção de corrupção no setor público e alcançou o 69º lugar. Os dados foram divulgados na terça-feira, 4, pela ONG Transparência Internacional.

Neste ano, o topo do ranking foi compartilhado por Dinamarca, Finlândia e Nova Zelândia, com 90 pontos em uma escala de 0 a 100, em que 0 representa um país considerado por especialistas como muito corrupto e 100, muito limpo. Apesar dos avanços, como a Lei de Acesso à Informação e as recentes condenações de políticos, o Brasil obteve apenas 43 pontos no índice.
Pelo levantamento, o País faz parte do grupo de 117 Estados ou territórios com a avaliação menor do que 50. Na América Latina, o desempenho do Brasil ficou bem atrás do Chile e do Uruguai, que dividiram a 20ª posição no ranking, ambos com 72 pontos. Os dois países estão acima de Espanha, Portugal e França.
"Houve uma grande melhoria, mas creio que para um país tão importante em termos políticos e econômicos como o Brasil, que deveria servir de exemplo para a América Latina, é preciso fazer mais esforços", afirma o diretor Regional para a América Latina da TI, Alejandro Salas.
De acordo com Salas, o Brasil está progredindo porque, diferentemente de outras nações, agiu simultaneamente na criação de leis que combatem a corrupção e no Judiciário reduzindo a impunidade. "O caso do mensalão é importante porque a Justiça está mostrando que aqueles que são poderosos e ricos também pagam", diz ele.
Os gargalos de corrupção que ainda rebaixam o Brasil a níveis inferiores aos da República Dominicana e da Costa Rica, segundo Salas, estão na administração pública no interior do País. Outros dois problemas seriam a polícia e as licitações, principalmente às vésperas da Copa do Mundo e das Olimpíadas.
A corrupção no Brasil, para Salas, é também uma questão de mentalidade. "Os brasileiros têm que entender que a corrupção não é só o dinheiro que roubam os políticos. Falta que os cidadãos, que muitas vezes são parte do problema, também sejam parte da solução", afirma.
Em 2012, Afeganistão, Coreia do Norte e Somália dividem a última posição da lista (174ª). Segundo nota da TI, nesses países, que já estavam no final da classificação no resultado anterior, "faltam lideranças confiáveis."
A ONG alerta que a metodologia do índice, que usa opiniões de analistas, empresários e investidores, varia ao longo dos anos e que não é possível fazer uma comparações de longo prazo.
Fonte: Estadão - http://www.estadao.com.br/noticias/nacional,brasil-melhora-a-sua-posicao-em-ranking-de-combate-a-corrupcao-,969253,0.htm

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

O PSDB é onde mais tem ficha suja


Os TREs (Tribunais Regionais Eleitorais) barraram até agora a candidatura a prefeito de 317 políticos com base na Lei da Ficha Limpa, mostra levantamento da Folha nos 26 Estados do país.
O número deve aumentar, já que em 16 tribunais ainda há casos a serem julgados. Entre esses fichas-sujas, 53 estão no Estado de SP.
Na divisão por partido, o PSDB é o que possui a maior "bancada" de barrados, com 56 candidatos --o equivalente a 3,5% dos tucanos que disputam uma prefeitura. O PMDB vem logo atrás (49). O PT aparece na oitava posição, com 18 --1% do total de seus postulantes a prefeito.
Todos os candidatos barrados pelos tribunais regionais podem recorrer ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral). A presidente do tribunal, Cármen Lúcia, já disse que não será possível julgar todos os casos antes das eleições, mas sim até o final do ano, antes da diplomação dos eleitos.
Os nomes barrados pelos TREs irão aparecer nas urnas eletrônicas, mas todos os seus votos serão considerados sub judice até uma eventual decisão no TSE.
Exemplo: se o ficha-suja tiver mais votos, mas seu recurso for rejeitado, assume o segundo colocado na eleição.
Entre os barrados, destacam-se o ex-presidente da Câmara dos Deputados Severino Cavalcanti (PP-PE) e a ex-governadora Rosinha Garotinho (PR-RJ).
Severino tenta se reeleger prefeito de João Alfredo (PE) e foi enquadrado na lei por ter renunciado ao mandato de deputado federal, em 2005, sob a acusação de ter recebido propina de um concessionário da Câmara.
Já Rosinha Garotinho, atual prefeita de Campos (RJ), teve o registro negado sob a acusação de abuso de poder econômico e uso indevido de meios de comunicação durante as eleições de 2008.
A maioria dos barrados foi enquadrada no item da Lei da Ficha Limpa que torna inelegível aqueles que tiveram contas públicas rejeitadas por tribunais de contas.
De iniciativa popular, a lei foi sancionada em 2010, mas só passa a valer na eleição deste ano. A lei ampliou o número de casos em que um candidato fica inelegível --cassados, condenados criminalmente por colegiado ou que renunciaram ao cargo para evitar a cassação.
"A lei anterior era permissiva demais", disse Márlon Reis, juiz eleitoral e um dos autores da minuta da Ficha Limpa. Para André de Carvalho Ramos, procurador regional eleitoral de São Paulo, os próprios partidos vão evitar lançar fichas-sujas.

Fonte: Folha de São Paulo - http://virou.gr/OkUJjP

terça-feira, 31 de julho de 2012

Mulher de Cachoeira é suspeita de tentar corromper juiz

Andressa Mendonça foi levada "coercitivamente" para prestar depoimento na PF. Agentes também cumpriram mandado de busca e apreensão na casa dela

Andressa Mendonça, esposa do empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, deixa o Congresso Nacional após depoimento de Cachoeira na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (José Cruz/ABr)

A mulher do contraventor Carlinhos Cachoeira, Andressa Mendonça, foi levada à Polícia Federal (PF) nesta segunda-feira para prestar depoimento sobre uma suposta tentativa de corromper o juiz Alderico Rocha Santos, responsável pelo caso Cachoeira. De acordo com a PF, Andressa foi "conduzida coercitivamente" para a sede da corporação em Goiânia. A Justiça determinou que Andressa terá de pagar uma fiança de 100 000 reais e não poderá manter contato com os investigados na operação Monte Carlo - o que inclui o seu marido.

Segundo Polícia Federal, Andressa tentava cooptar o magistrado para obter uma decisão judicial favorável ao marido. Os policiais federais também apreenderam computadores na casa dela. Apesar de ser investigada pelo crime de corrupção ativa, a mulher de Cachoeira foi liberada após prestar depoimento. Ela chegou ao local por volta de 9h e saiu da PF às 12h20.

Cachoeira, que controlava a máfia dos caça-níqueis em Goiás, corrompia autoridades e atuava como lobista da construtora Delta, está preso desde 29 de fevereiro e tem fracassado em sucessivas tentativas de obter um habeas corpus na Justiça. O primeiro juiz responsável pelo caso, Paulo Augusto Moreira Lima, deixou as investigações após ser ameaçado. O irmão da ex-mulher de Cachoeira, Adriano Aprígio, foi detido no início de julho por intimidar a procuradora Lea Batista de Oliveira.

Andressa Mendonça foi convocada a depor na CPI do Cachoeira. Ela deve falar aos parlamentares em 7 de agosto, no primeiro encontro da Comissão Parlamentar de Inquérito após o recesso do meio do ano.

Fonte: Jus Brasil - http://virou.gr/OzPziJ

terça-feira, 19 de junho de 2012

"Golpe" de prédios fez SP perder R$ 42 milhões


O Ministério Público Estadual tem indícios de que uma quadrilha agia dentro da Prefeitura de São Paulo para ajudar empreendimentos a omitir vagas de garagens e, dessa forma, ficarem livres de pagar qualquer contrapartida em melhorias para o trânsito. Só em seis casos analisados desde outubro pela Promotoria de Habitação e Urbanismo e aprovados pela Secretaria de Habitação (Sehab), envolvendo casos entre 2007 e 2011, os cofres do Município deixaram de receber R$ 42 milhões.

A lei municipal dos polos geradores de tráfego determina que qualquer edifício com 500 vagas ou mais de estacionamento pague 5% do seu valor em obras que reduzam o impacto causado no tráfego do seu entorno. Mas, segundo a Promotoria de Habitação e Urbanismo, o setor comandado pelo ex-diretor Hussain Aref Saab – investigado por corrupção e enriquecimento ilícito, após ter acumulado mais de 125 imóveis em sete anos na Sehab – aprovava empreendimentos acusados de usar “truques” para camuflar as vagas que ultrapassavam esse limite.

Uma das táticas usadas pelas construtoras é fatiar um conjunto de torres – que, no total, apresentam mais de 500 vagas de estacionamentos – como se fossem dois empreendimentos, cada um com menos vagas que o limite a partir do qual são exigidas as contrapartidas. Segundo o promotor Maurício Ribeiro Lopes, esse é o caso do Club Life Morumbi, condomínio no bairro nobre da zona sul que é alvo de ação civil pública.

Com um total de 1.218 vagas, o Club Life Morumbi vai ter oito torres de 25 andares. Cada edifício teve um licenciamento diferente dentro do setor de Aref, cada um com menos de 500 vagas, o que livrou o empreendimento de fazer melhorias viárias no entorno, como forma de amenizar os impactos causados no trânsito pelas novas vagas de estacionamento. “Em vários condomínios, a estratégia se repete: o licenciamento era fatiado, torre por torre, para livrar o construtor de pagar as melhorias para o trânsito”, disse o promotor.

Outra ação se refere aos Condomínios Menara e Andalus, também no Morumbi. Os conjuntos são da mesma construtora, a Cyrella, e estão sendo erguidos um ao lado do outro. Mas o Departamento de Aprovação de Edificações (Aprov), órgão da Sehab que era chefiado por Aref, aprovou-os separadamente. “Eram dois condomínios em um único terreno, com cinco torres de um lado e seis do outro. É um condomínio com 11 torres que não pagou qualquer contrapartida para o trânsito”, acrescentou o promotor.

O MP também investiga dois empreendimentos no Butantã, na zona oeste. Ambos têm seis torres cada, mas o licenciamento foi “fatiado”, “bloco a bloco”, pelo setor de Aref. Os outros dois casos alvos de ação civil pública são na Mooca, zona leste da capital. Nesses quatro casos somados, foram construídas mais de 3 mil vagas de estacionamento sem que a Prefeitura recebesse qualquer pagamento.

Empresas. As construtoras acusadas pelo MP – Camargo Corrêa, Multiplan Engenharia e Cyrella – negam qualquer irregularidade e afirmam que os imóveis são independentes. Elas dizem que os empreendimentos foram aprovados obedecendo a todos os trâmites legais dentro do governo municipal. A Prefeitura informou que os casos aprovados pelo setor comandado por Aref são alvo de sindicância interna. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Fonte: Linha Direta - http://virou.gr/KxvHeA


terça-feira, 5 de junho de 2012

Comissão pode votar proposta que pune empresas corruptoras nesta terça


A comissão especial que trata de atos lesivos contra a administração pública reúne-se nesta terça-feira (5), para debater e votar o parecer do deputado Carlos Zarattini (PT-SP ), relator do projeto de lei (PL 6826/10), do Executivo, que estabelece punições administrativas e civis contra empresas corruptoras. O encontro está previsto para as 15h, no plenário 3. Segundo o deputado, o cenário é propício para a votação e aprovação da proposta.
"O Congresso Nacional tem um papel a cumprir para a vigência dos valores éticos nas relações entre o público e o privado no país. Empresas que usam artifícios nada republicanos para obter favores solapam os princípios morais e espalham na sociedade um sentimento de que se pode levar vantagem em tudo. Numa democracia moderna é preciso estabelecer regras claras para a punição não só dos corruptos, mas também dos corruptores. Chegou a hora de a sociedade dar uma basta" defende Zarattini.
No Brasil não existe lei específica que puna atos ilícitos praticados por pessoa jurídica. De acordo com Zarattini, o objetivo do projeto é criar medidas "duras" que reduzam a possibilidade de corrupção na máquina pública e estabeleça responsabilização administrativa e criminal às empresas corruptoras.
Sanções -Em relação à aplicação de multas, o texto original manteve os índices que variam entre 0,1% a 20% do faturamento bruto do exercício anterior ao período de instauração do processo administrativo. Nesse caso, excluiu-se a cobrança de impostos. Quanto aos contratos firmados com a administração pública, o texto estabelecia uma punição cujo prazo oscilava entre dois e dez anos. Esse prazo foi fixado em cinco anos.
O texto tipificou também o que são irregularidades relativas a licitações e contratos. Além disso, incluí o suborno no que diz respeito à fiscalização trabalhista, previdenciária e fiscal. Essa fiscalização vai abranger agências reguladoras e o próprio Banco Central, em caso que envolve a prática de corrupção.
Outros pontos previstos no substitutivo tratam da inclusão do nome das empresas que cometem atos ilícitos no cadastro de firmas inidôneas; suspensão de contrato com o poder público e acordo de leniência.

Fonte: http://virou.gr/LwnkMQ

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Atingir patrimônio pode diminuir corrupção


O ministro-chefe da CGU (Controladoria-Geral da União), Jorge Hage, defendeu nesta terça-feira a aprovação do projeto que visa a punir administrativamente a empresa que tem o patrimônio favorecido por atos de corrupção de seus gestores. Segundo ele, a medida seria uma forma de ampliar os mecanismos atuais de combate à corrupção.

Jorge Hage se reuniu pela manhã com o deputado Carlos Zarattini (PT-SP), relator da proposta. Em entrevista, o ministro disse que o projeto "está encontrando resistência dos setores interessados em defender ilícitos desse tipo", pois o patrimônio empresarial seria afetado com o "confisco de dinheiro", o que hoje só pode ser feito contra a pessoa física.

Segundo Jorge Hage, a aprovação do projeto, que está em fase de recebimento de emendas em uma comissão especial da Câmara dos Deputados, pode impedir que a responsabilidade por atos de corrupção continue sendo atribuída só a gerentes, diretores ou supervisores.

O ministro destacou que a responsabilização da empresa, por via administrativa, quando o patrimônio aumenta como resultado da corrupção, tornaria desnecessário nesses casos ter que recorrer ao Poder Judiciário. O ministro falou sobre o assunto depois de participar do 2º Encontro de Corregedorias do Poder Executivo Federal, no Espaço ParlaMundi da Legião da Boa Vontade, em Brasília.

Fonte: http://virou.gr/JucTYr

terça-feira, 29 de maio de 2012

Ao punir empresas, PL mira o corruptor


Um ano antes das Olimpíadas de 2008, 38 pessoas foram presas na China por suspeitas de corrupção, prática que levou ao desvio de pelo menos US$ 15,8 milhões destinados aos jogos, mas gastos em apartamentos para os dirigentes que comandavam o evento. No ano passado, o ex-presidente do comitê organizador dos Jogos Britânicos, realizados na Índia em 2010, foi preso sob a acusação de participar de um esquema que teria desviado US$ 1,8 bilhão dos US$ 6 bilhões orçados para a competição - coincidência ou não, o forro do principal estádio do evento desabou dias antes de seu início. Não há como impedir que episódios como esses ocorram, mas o Brasil pode usar a experiência de seus colegas de Bric (Rússia, Índia e China) e dar um passo para evitá-los. Nesta semana pode ser votado o Projeto de Lei nº 6.826, que, se aprovado, permitirá a punição de empresas que cometam atos de corrupção. Na prática, significa mirar o corruptor, e não apenas o corrupto, como ocorre hoje.
Chamado de "PL anticorrupção", o projeto tramita em caráter conclusivo em uma comissão especial da Câmara dos Deputados. Se a maioria dos deputados que a compõem decidir pela sua aprovação, a proposta segue direto para o Senado. E, se votada e aprovada em tempo hábil, poderá ser aplicada tanto na Copa do Mundo de 2014 quanto na Olimpíada de 2016, que serão realizadas no Brasil.
O projeto, obviamente, não objetiva apenas a lisura dos dois eventos, tampouco garante que ambos ficarão livres de se tornarem um "esporteduto" para o desvio de dinheiro público. As obras da Copa já estão em andamento e duas delas, inclusive, foram abandonadas por uma das vencedoras das licitações - a Delta Construções, envolvida na CPI do Cachoeira, que investiga as relações de agentes públicos e privados com o esquema de exploração ilegal de jogos de azar de Carlos Augusto Ramos. Mas, se o PL anticorrupção passar pelo Congresso Nacional como está, pode garantir ao menos que empresas corruptoras sejam punidas. E que as punições sirvam de exemplo para quem pretende engordar seu cofre pessoal com dinheiro público.
A grande novidade da proposta é a possibilidade de responsabilização objetiva de empresas que praticarem atos lesivos à administração pública ou que atentem contra o patrimônio público nacional ou estrangeiro. Na prática, não será necessário provar, na esfera administrativa ou na Justiça, que a empresa cometeu algum ilícito. Bastará que ela tenha sido beneficiada pelos atos ilícitos cometidos por seus representantes para que possa ser punida (veja quadro abaixo).
Hoje a legislação brasileira permite apenas a punição de pessoas físicas por corrupção, mesmo que elas tenham agido em benefício de uma empresa. A empresa pode ser punida apenas com a inserção de seu nome no cadastro de inidôneas, que a impede de participar de licitações e contratar com o setor público por um determinado período. Pelo projeto, a punição pode incluir multas de até 20% do faturamento bruto da empresa, o veto à concessão de empréstimos em bancos públicos, a rescisão de contratos com o poder público e até mesmo a suspensão de suas atividades.
É a responsabilidade objetiva o maior entrave à aprovação do projeto. De acordo com o deputado Carlos Zarattini (PT-SP), relator do PL na comissão especial da Câmara, as empresas, por meio de diversos deputados, têm reclamado justamente desse ponto da proposta. "Agora que caiu a ficha o pessoal começou a se mobilizar", diz. "Mas a responsabilidade objetiva é o centro do projeto, não vai ser negociada."
Das 35 emendas apresentadas ao texto original do projeto, 7 excluíam a responsabilidade objetiva da empresa. Elas foram propostas pelos deputados Edio Lopes (PMDB-RR), responsável por 4 delas; Natan Donadon (PMDB-RO), com duas emendas no mesmo sentido; e João Magalhães (PMDB-MG), com uma. Já o substitutivo ao projeto recebeu 13 emendas, três delas, de autoria do deputado Laercio Oliveira (PR-SE), pretendiam retirar do texto a responsabilidade objetiva. Todas as emendas foram rejeitadas. "Mas pelo menos mais 10 deputados me procuraram com a mesma intenção", diz Carlos Zarattini. Nesta semana, o relator está conversando com o Executivo, autor da proposta, e com deputados para chegar a um consenso sobre o texto final. Caso isso ocorra, o PL poderá ser votado amanhã na comissão especial ou no plenário, já que não há medidas provisórias trancando a pauta da Câmara. "Estamos na fase de discussão palavra por palavra", afirma Zarattini. A votação na comissão especial já foi marcada e adiada por duas vezes.
Valor procurou associações representativas de empresas para colher delas suas opiniões sobre o PL anticorrupção. Até o fechamento desta edição, não se manifestaram a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), que informou que não faz comentários sobre projetos de lei em tramitação; a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), que não retornou aos pedidos de entrevista da reportagem; e a Associação Paulista dos Empresários de Obras Públicas (Apeop), que reúne 108 empreiteiras - entre elas as cinco maiores do país (Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa, Odebrecht, OAS e Queiroz Galvão) - e também não retornou as ligações.
Apenas a Confederação Nacional da Indústria (CNI) se manifestou. O advogado Sérgio Campinho, consultor jurídico indicado como porta-voz da entidade para falar sobre o assunto, afirmou que a CNI, conceitualmente, aprova o projeto e o vê com bons olhos. "O Brasil já está atrasado em fazer uma lei anticorrupção", diz. "A concorrência do mercado exige o fim de práticas anticoncorrenciais, e a corrupção é uma delas." A CNI, no entanto, contesta a responsabilidade objetiva prevista no projeto. "Temos nos colocado contrariamente a esse ponto, porque se trata de responsabilidade sem culpa", afirma. Por outro lado, diz, provar a culpa da empresa é difícil e oneroso para o Estado. Segundo Campinho, a CNI propôs a responsabilidade subjetiva com inversão do ônus da prova ou com presunção de culpa. "Isso daria a possibilidade de a empresa provar que não teve culpa, que pode ter sido até mesmo vítima da atitude de um funcionário, por exemplo", argumenta.
A resistência ao projeto era previsível. Além de tratar de um tema sensível ao meio empresarial - em especial aos setores que tiram do poder público boa parte de seu faturamento, como as empresas dedicadas a obras públicas -, a proposta faz uma profunda alteração na forma como o país enxerga a corrupção. "A reação da sociedade brasileira é a de sempre focar a figura do corrupto, e nunca a do corruptor", diz o advogado Modesto Carvalhosa. "O foco é sempre no juiz que vende sentença e no servidor que vende alvará." Segundo ele, o projeto de lei faz uma grande inovação ao colocar as empresas como passíveis de punição por corrupção. "É a primeira vez que o foco estará no corruptor", diz. "Em qualquer lugar do mundo, quem corrompe é a empresa. É ela quem paga o valor da comissão, e não seu presidente ou seu diretor", afirma. "Desde o fornecedor de leite condensado para a merenda escolar de escolas públicas até as empreiteiras que participam de grandes obras."
Carvalhosa foi membro da Comissão de Notáveis criada durante o governo de Itamar Franco para investigar a corrupção após o impeachment do presidente Fernando Collor. Sua participação resultou na publicação, em 1995, do "Livro Negro da Corrupção", no qual relata casos emblemáticos de desvio de dinheiro público durante escândalos como o dos "anões do orçamento" - grupo de deputados federais que faziam acertos com empreiteiras para destinar recursos públicos a grandes obras em troca de comissões por meio de emendas parlamentares. Para ele, o caso de Carlos Augusto Ramos - o Carlinhos Cachoeira - é uma exceção, por ser o único em que o corruptor é o foco das investigações.
Mesmo se o projeto de lei anticorrupção for aprovado como está e entre em vigor 180 dias depois de sancionado, como prevê seu texto, suas normas não surtirão efeitos para os casos já em andamento. Como o da Delta, maior empreiteira do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que passou a ser alvo da CPI do Cachoeira depois que a Polícia Federal apontou ligações entre um de seus diretores e Carlinhos Cachoeira, preso sob a acusação de liderar um esquema ilegal de jogos de azar. Após o início da crise, a Delta afastou seus principais executivos - entre eles um diretor apontado como interlocutor de Cachoeira -, além de ter abandonado o consórcio responsável pelas melhorias no Maracanã, palco da final da Copa do Mundo, e as obras do entorno do estádio do Castelão, em Fortaleza, também cidade-sede da Copa. A empresa nega qualquer envolvimento em atos de corrupção.
Pela atual legislação, a Delta corre apenas o risco de ser declarada inidônea pela Controladoria-Geral da União (CGU), o que vetaria a possibilidade de participar de licitações e contratar com o governo - o órgão deve se manifestar nesse sentido em breve. Se as investigações avançarem, seus administradores e sócios podem responder a processos criminais na Justiça. Mas, se a lei que prevê a punição de empresas já estivesse em vigor, a própria Delta também poderia ser punida. E mais: a punição seria mantida mesmo após a empreiteira ser comprada pela J&F, holding que controla a processadora de carne JBS e que anunciou, recentemente, a aquisição da Delta. O PL traz essa previsão expressa em casos de fusões e incorporações.
Se a Delta não poderá ser enquadrada nas regras do projeto de lei, tampouco será a Camargo Corrêa, alvo das investigações da Operação Castelo de Areia, deflagrada pela PF em 25 de março de 2009 para investigar supostos crimes de lavagem de dinheiro, evasão de divisas, corrupção e financiamento ilegal de campanhas eleitorais supostamente cometidos pelo comando da construtora. O processo penal, aberto contra três diretores da empreiteira, foi contestado desde seu início com o argumento de que as provas obtidas pela PF são ilegais. O caso ainda aguarda a análise do Supremo Tribunal Federal (STF), que decidirá pela continuidade ou anulação da ação criminal. A Operação Castelo de Areia foi, inclusive, uma das motivações para que o Executivo, por meio da CGU, elaborasse o projeto que responsabiliza empresas pela prática de corrupção.
O fato de os dois episódios mais recentes envolvendo suspeitas de corrupção em obras públicas no país excluírem a possibilidade de punição das empresas envolvidas não é boa notícia. Mas, em um país repleto de casos de relações obscuras entre o poder público e o setor privado - e de ruidosos escândalos envolvendo empreiteiras ao longo da história -, dar um passo no sentido de evitar novos episódios é considerado essencial. "O grande desafio é como desvincular o interesse público do privado, e é nas eleições onde isso acontece de uma maneira mais forte", diz Jorge Abrahão, presidente do Instituto Ethos, sugerindo que o financiamento público de campanhas poderia resolver parte do problema.
Juntas, as cinco maiores empreiteiras do país doaram R$ 286,8 milhões para as campanhas eleitorais de diferentes partidos e candidatos durante as eleições de 2010, conforme levantamento no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Considerando todas as receitas e despesas, foram gastos R$ 3,3 bilhões nas últimas eleições, boa parte proveniente de doações. Mas não se sabe - e são pouquíssimos os casos que já vieram à tona - o tamanho do caixa dois que abastece as legendas e seus titulares. "As pessoas pensam que o financiamento público vai custar mais caro, mas quanto estamos pagando pelo financiamento privado?", questiona Abrahão

Fonte: Valor Econômico, publicado dia 29/05/2012 - http://virou.gr/KqeBOD


terça-feira, 22 de maio de 2012

Não falarei nada aqui', afirma Cachoeira em CPI

Em audiência na CPI no Congresso que investiga suas relações com empresários e políticos, o empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, afirmou nesta terça-feira (22) que irá permanecer calado.

"Constitucionalmente fui advertido pelos advogados para não dizer nada e não falarei nada aqui, somente depois da audiência que terei com o juiz. Se achar que posso contribuir, pode me chamar que responderei a qualquer pergunta", disse Cachoeira, na sua primeira fala. A audiência está prevista para acontecer no próximo dia 1º.

Cachoeira chegou ao Senado escoltado pela Polícia Federal. A mulher dele, Andressa Mendonça, também acompanha a reunião. O advogado Márcio Thomaz Bastos foi acomodado ao lado do seu cliente, que está numa cadeira separada da mesa em que ficam o presidente e o relator da comissão.

O empresário deu as mesmas repostas às perguntas que lhe foram feitas, e chegou a se incomodar com a insistência dos parlamentares. "Ajudaria muito, deputado, mas somente após a minha audiência. Por enquanto ficarei calado como manda a Constituição", afirmou o empresário. "Tenho muito a dizer depois da minha audiência, pode me convocar".

Segundo ele, os parlamentares forçaram a audiência. "Antes de eu depor no juiz eu não posso falar, não vou falar. Depois disso, vamos ver. Foi o pedido de sempre para reavaliar nossa vinda. Quem forçou foram os senhores."
Diante das negativas, os parlamentares têm reduzido as perguntas. O relator, deputado Odair Cunha (PT-MG), que preparou 200, fez cinco perguntas apenas. O depoimento de Cachoeira, inicialmente marcado para o dia 15 de maio, foi adiado após liminar concedida pelo ministro Celso de Mello na semana passada. 

O argumento usado pela defesa do empresário foi de que não teve acesso aos documentos do processo a que responde e que a CPI usa para investigá-lo. Ontem, no entanto, Mello decidiu que a liminar não tinha mais validade, já que a comissão permitiu o acesso ao processo.

Fonte: Folha de São Paulo, matéria publicada no dia 22/05/2012

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Deputado Zarattini participa do programa Repórter Brasil.

Deputado Zarattini participa do programa Repórter Brasil e fala sobre a Lei Anticorrupção, que prevê punição para as empresas corruptoras.

terça-feira, 17 de abril de 2012

CNI sugere mudanças em projeto de lei anticorrupção

Representantes da indústria apresentaram sugestões à Comissão Especial sobre Atos contra a Administração Pública, que analisa a proposta.



A Confederação Nacional da Indústria (CNI) apresentou nesta quarta-feira (28) sugestões de mudanças ao Projeto de Lei 6826/10, que prevê sanções a empresas que praticarem atos lesivos contra a administração pública. Entre outras alterações, a CNI pediu a flexibilização da multa prevista no texto para essas empresas.
O parecer sobre o projeto, a ser votado na Comissão Especial sobre Atos contra a Administração Pública, pune a empresa corruptora com multa entre 0,1% e 20% de seu faturamento bruto no último exercício financeiro.
Para a CNI, os percentuais deveriam incidir apenas sobre ramos de atividade da empresa responsáveis pelas irregularidades, e não sobre o faturamento global.
O advogado Sérgio Campinho, um dos representantes da CNI na reunião com a comissão, afirmou que uma multa de 20% sobre o faturamento bruto quebraria a empresa. "A multa ou sanção deve ter caráter coercitivo, educativo, e não inviabilizar a atividade econômica."
O relator do projeto, deputado Carlos Zarattini (PT-SP), disse que vai analisar se incorpora a sugestão da CNI ao parecer. Ele antecipou, no entanto, que considera a medida de difícil viabilidade, já que as empresas não têm uma contabilidade separada por ramo de atividade. “Vamos ter de estudar como resolver isso", afirmou.
Direito de defesa
Outra alteração proposta pela CNI é a necessidade de uma decisão judicial para que a personalidade jurídica da empresa seja desconsiderada. Pelo projeto, a própria administração pública pode desconsiderar a personalidade jurídica, o que permitiria aplicar sanções diretamente aos sócios da empresa.
Os representantes da indústria sugeriram, ainda, que o prazo para a defesa das empresas seja ampliado de 15 para 30 dias.
Os representantes da indústria sugeriram, ainda, que o prazo para a defesa das empresas seja ampliado de 15 para 30 dias.
A Comissão Especial sobre Atos contra a Administração Pública recebe emendas ao projeto até quinta-feira (29). A votação do parecer do deputado Carlos Zarattini está prevista para 17 de abril.
O projeto, de autoria do Poder Executivo, adota recomendações das convenções internacionais contra a corrupção assinadas pelo Brasil. Um dos objetivos principais da proposta é combater fraudes em licitações públicas. O texto também prevê a punição, de modo geral, de qualquer empresa que tente obter benefício, exclusivo ou não, por meio da corrupção de agentes públicos.
O projeto, de autoria do Poder Executivo, adota recomendações das convenções internacionais contra a corrupção assinadas pelo Brasil. Um dos objetivos principais da proposta é combater fraudes em licitações públicas. O texto também prevê a punição, de modo geral, de qualquer empresa que tente obter benefício, exclusivo ou não, por meio da corrupção de agentes públicos.


A CNI também quer mudar dispositivo do texto que prevê a responsabilidade objetiva das empresas. Segundo o texto, a administração pública terá que provar apenas o fato e o nexo de causalidade que gerarem irregularidade, sem necessidade de provar a culpa da empresa.
O advogado da CNI reconheceu que, muitas vezes, é difícil para o Estado provar a culpa da empresa, o que acaba frustrando a punição. Ele sugeriu, no entanto, que a empresa acusada tenha a possibilidade de se defender e de mostrar que não agiu com dolo nem com culpa.
Votação do projeto
A proposta tramita em caráter conclusivo. Se for aprovada pela comissão especial, poderá seguir diretamente para o Senado.

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Projeto Prevê Punição à Empresa Que Suborna.

Empresa que suborna terá punição. Essa é a tese defendida pelo deputado Carlos Zarattini (PT-SP), relator do Projeto de Lei(6826/2010), do Executivo, que prevê punições às empresas beneficiadas por atos de corrupção.


Ele argumenta que falta às leis brasileiras a responsabilização objetiva das empresas que são beneficiadas com atos ilegais praticados por seus funcionários, pois atualmente somente aqueles que cometem o ato de corrupção podem ser investigados e punidos.
"Isso quer dizer que, se constatado um ato de corrupção, um suborno por parte de um funcionário público de qualquer nível, desde um prefeito, governador, secretário, ou até mesmo um funcionário de nível mais baixo para beneficiar a empresa, a situação vai ser analisada e, se a empresa foi beneficiada, ela deve ser punida", declarou, em entrevista exclusiva ao DCI. , o deputado petista.

DCI: Como irá funcionar esse projeto, caso aprovado?

Carlos Zarattini: Esse projeto se baseia em algo muito importante, a responsabilização objetiva. Isso quer dizer que se houver e for constatada uma irregularidade, um ato de corrupção, um suborno por parte de um funcionário público de qualquer nível, desde um prefeito, governador, secretário, ou até mesmo um funcionário de nível mais baixo vai ser analisado quem se beneficiou dessa irregularidade. Se uma determinada empresa for beneficiária de uma irregularidade, ela será punida por isso. Hoje, a legislação exige que se faça uma comprovação que um determinado funcionário dessa empresa agiu de acordo com a direção dessa empresa, o que é muito difícil de ser provado. Nós vimos recentemente essa denúncia feita pela Rede Globo, no programa "Fantástico", em que o dono da empresa diz que o funcionário que cometeu o crime já foi afastado, por isso não responde pelas ações dele. Por isso, não se consegue nunca punir a empresa beneficiada pelo ato de corrupção. Agora, se essa lei for aprovada, a situação será diferente. Basta constatar que a empresa foi beneficiária para que ela tenha a punição de acordo com a lei. Principalmente na Lei das Licitações.

DCI: O Brasil precisa de uma lei nesse sentido, devido a tantos fatos de corrupção anunciados tão frequentemente pela mídia?

CZ: Tem um ditado antigo que fala que não existe corrupto sem corruptor. Muita gente fala que existe a corrupção porque o funcionário é aquele que pratica o ato. Mas, nós sabemos que não é bem assim. As empresas vão à busca de oferecer dinheiro ao funcionário público exatamente com o objetivo de serem favorecidas. Isso desvirtua os processos de licitação, a fiscalização trabalhista e previdenciária, da receita e até mesmo do Banco Central. Na medida em que você impede ou cria dificuldades para que as empresas cometam esses atos irregulares, com certeza nós vamos ter equilíbrio nas oportunidades das empresas de todo o Brasil. Então aquelas que não promovem corrupção vão ter as mesmas condições do que aquelas que promoviam. Isso vai dar legitimidade nos processos licitatórios, condições de trabalho iguais para todos, porque se uma empresa não registra seus funcionários, e for um fiscal, ela não vai mais quebrar o galho dando um dinheiro para o fiscal.

DCI: Essa lei também terá validade para empresas brasileiras que atuam fora do País?

CZ: O Brasil também assinou um acordo com a Ocde, de que nós teríamos essa legislação não só para punir as empresas no Brasil, mas também no exterior. Hoje o Brasil é um país com muitas multinacionais e na medida em que essas empresas estão atuando fora, se elas se envolverem em corrupção em outros países, elas serão processadas aqui no Brasil.

DCI: Essa lei será suficiente para coibir a corrupção no País?

CZ: Eu acredito que sim. As punições são fortes, como multas em até 20% do faturamento da empresa, com a declaração de inidoneidade, que deixa a empresa sem poder ser contratada pelo poder público por cinco anos, e com o rompimento dos contratos e cessões. Então, eu acredito que nenhuma empresa, principalmente as grandes, vai se arriscar a entrar num processo desse e correr o risco de encerrar a própria empresa, pois existem empresas que vivem de fazer prestação de serviços ao governo. Se elas deixarem de prestar serviço ao poder público, vão à falência.

DCI: Como o senhor avalia a proposta da CNI de fatiar a punição pelo ramo da empresa envolvido na corrupção?

CZ: As ponderações são razoáveis, Mas é difícil adotar todas as medidas propostas. Eles estão propondo multa por ramo de atividade que pratica atos lesivos. Isso é um pouco difícil de fazer porque as empresas não têm uma contabilidade separada. Vamos estudar como resolver isso. Acredito que as sugestões vêm no sentido de aperfeiçoar o projeto para que ele possa ter uma efetividade maior.

DCI: Como está a tramitação dessa proposta? É possível que ela vá ao Plenário e seja aprovada ainda nesse semestre?

CZ: Se a Comissão Especial aprovar, a proposta vai direto para o Senado, a não ser que 10% dos parlamentares da comissão peçam que a proposta seja apreciada em Plenário. Eu espero que nós possamos votar logo depois da Páscoa e que a proposta virá diretamente para o Senado. É de consciência de todos a necessidade de uma proposta como essa, e eu acredito que ninguém vai se opor.

DCI: Sobre os royalties, que o senhor também é o relator do projeto. Como pretende chegar ao consenso, para que Estados produtores e Estados não produtores fiquem felizes com o texto final?

CZ: Primeiro, nós tivemos uma evolução nos posicionamentos tanto do lado dos estados confrontantes quanto do lado dos estados não confrontantes, que é a maioria esmagadora tanto na Câmara, quanto no Senado. Então, até o ano passado, a posição dos estados confrontantes ou produtores era de que não abririam mão do que eles já têm na atual legislação. Ou seja, eles continuariam ficando com a maioria dos royalties nas áreas já licitadas e só aceitariam discutir as novas licitações na área da partilha do pré-sal. E os estados não confrontantes - não produtores - propuseram aqui [na Câmara] e ganharam a votação de que os royalties seriam distribuídos pelo critério de Fundo de Participação dos Estados e Fundo de Participação dos Municípios, ou seja, tirando praticamente todos os recursos dos Estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo. E agora, nós conseguimos evoluir para uma posição intermediária, de que o Rio de Janeiro e Espírito Santo reivindicam não perder nada e os outros estados estão aceitando essa posição. Dessa forma nós chegamos a um ponto comum, que é garantir a receita desses Estados e a partir desse ponto e discutir as outras questões. Agora, nós temos outra discussão: qual é a data base que se fixa os valores que eles vão manter. Uns falam em 2010, outros falam de 2011. Em 2011 a diferença é a quantidade de royalties de 19% a mais que em 2010. Então, essa diferença pequena de 19% representa muito dinheiro quando colocado no montante. Se nós conseguirmos manter esse ponto em comum, nós vamos conseguir chegar a um consenso com bastante tranquilidade.

DCI: Como ficariam os estados não produtores? Os governadores aceitariam receber menos?

CZ: O projeto que veio do Senado daria aos estados não produtores uma arrecadação para dividir entre estados e municípios de quase R$ 8 bilhões, caso a gente adote a posição de garantir o que o Rio de Janeiro e Espírito Santo receberam em 2011, isso seria R$ 2,7 bilhões a menos, ou seja, eles receberiam R$ 5,3 bilhões. O que nós estamos discutindo, na prática é isso, R$ 2,7 bilhões que serão divididos em 27 estados. Portanto, na média, são R$ 100 milhões para cada um. Nessa situação, a diferença é muito pequena e nós podemos evoluir para um acordo que evite qualquer discussão judicial. Porque se essa discussão for para o Supremo Tribunal Federal, ninguém sabe o que vai sair de lá.
Fonte: DCI - SP.

quinta-feira, 29 de março de 2012

Artigo do ministro-chefe do Controle e da Transparência, Jorge Hage sobre a Lei que pune Corruptores

Veículo:O Globo
Data: 27 de março de 2012 

Empresas Corruptoras 

Não só no Brasil, mas no mundo inteiro, é passada a hora de as empresas privadas deixarem a cômoda postura de colocar-se como inocentes "vítimas" da corrupção. E a mais recente (e primorosa) reportagem do "Fantástico", da Rede Globo, dispensa-me de gastar espaço aqui explicando por quê. O que foi mostrado ali é autoexplicativo e exemplar.

Temos participado de todos os fóruns internacionais onde se debatem meios e formas de combater a corrupção; e um tema importante na agenda global é justamente a necessidade de envolver o setor empresarial nesse esforço. Por uma razão óbvia: a corrupção tem dois lados - até em sua tipificação nos códigos penais ela é a "ativa" e a "passiva". Está nos "dois lados do balcão".

O problema é que nunca se deu a devida atenção ao "lado externo", apenas se demonizando o funcionário corrompido. Óbvio que esse tem de ser punido. E, de uns tempos para cá, tem sido. Não é por outra razão que mais de 3.600 agentes públicos já foram demitidos da administração federal nos últimos nove anos, a partir da criação da CGU. Mas, e o empresário corruptor? Sem ele não haveria o crime, ao menos na espécie aqui focalizada - suborno ou propina, confessadamente referido por uma das corruptoras como da "ética do mercado".

O que ocorre é que, em primeiro lugar, sua punição mais séria depende do Judiciário e este, como sabemos, não consegue aplicar as penas, porque as leis processuais permitem tal número de recursos e protelações que as sentenças nunca transitam em julgado.

Em segundo lugar, ainda que se punisse o empresário, o dono da empresa, o gerente ou o sócio, tal sanção alcançaria hoje apenas a pessoa física cuja culpa estivesse individualmente comprovada, o que, se sabe, é sempre difícil nessa espécie de crime, que não deixa digitais nem enseja flagrante. (Nem mesmo as excelentes imagens do "Fantástico" poderiam ser usadas como prova, pois, sabe-se, a Justiça não aceita o "flagrante preparado", embora possam servir como ponto de partida para a formulação de outras provas.)

Para que o poder público possa alcançar a empresa e seu patrimônio, sem depender da individualização de responsabilidades, seria preciso que o Congresso aprovasse um projeto de lei enviado pelo governo em fevereiro de 2010 e que hoje está sob a relatoria do deputado Carlos Zarattini (o PL 6.826).

Esse projeto institui a responsabilização objetiva da pessoa jurídica (ou seja, independentemente de culpa de A ou B na estrutura da empresa), nas esferas cível e administrativa, facilitando o hoje difícil ressarcimento do dano causado ao patrimônio público. Isso é essencial porque normalmente a corrupção resulta da ação conjunta de vários indivíduos, de hierarquias distintas. Veja-se que, no caso do "Fantástico", as empresas já se apressaram em dizer que não autorizaram seus funcionários a oferecer propina e, assim, não seriam responsáveis pelo ocorrido... É sempre muito difícil provar quem deu a ordem para que o preposto suborne o servidor. A nova lei afastará a necessidade dessa prova, bastando demonstrar que a empresa se beneficiaria do "esquema".

Mas, para que esses processos não se arrastem por anos a fio, será preciso que se alterem as leis processuais e se aprove também a PEC n 15, que retira o efeito suspensivo dos recursos excepcionais ao STJ e ao STF.

Mesmo sem isso, porém, aquela lei já melhoraria muito a situação, pois prevê a aplicação de sanções também pela própria administração, tais como as multas de até 20% do faturamento bruto e o impedimento de receber benefícios fiscais, além do ressarcimento do prejuízo.

Hoje, a sanção máxima que o governo pode aplicar é a declaração de inidoneidade, que impede a participação em novas licitações e contratos. O cadastro exibido no site da CGU já conta com quase seis mil empresas impedidas (inclusive uma daquelas da reportagem já havia sido punida dessa forma).

Além de tudo isso, a aprovação do projeto de lei atenderia ao último compromisso de ordem normativa ainda não cumprido pelo Brasil perante a Convenção da OCDE contra o Suborno Transnacional.

Fica o apelo aos congressistas.

segunda-feira, 26 de março de 2012

Projeto Que Pune Empresas Corruptoras Deve ser Votado em Abril


Marcelo Miranda Becker
Apresentado em fevereiro de 2010 pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o projeto de lei que responsabiliza administrativa e civilmente empresas que praticarem atos de corrupção contra a administração pública deve ir a votação no mês que vem na Comissão Especial dos Atos Contra a Administração Pública da Câmara. Segundo o deputado Carlos Zarattini (PT-SP), relator do projeto, a expectativa é de que o texto final seja votado até a segunda quinzena de abril.

O assunto ganhou força nesta semana após a divulgação de vídeos em que representantes de empresas aparecem negociando fraudes em contratos de prestação de serviços ao Instituto de Pediatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

"Nós vamos votar em seguida à Semana Santa. Eu acredito que até a segunda quinzena de abril, no máximo, a gente já tenha votado na Comissão Especial", afirmou o deputado. De acordo com Zarattini, caso pelo menos 10% dos deputados não requeiram que o projeto seja votado no plenário da Câmara, o texto será encaminhado diretamente ao Senado.

O projeto prevê multas pesadas às pessoas jurídicas condenadas por corrupção ativa de agentes públicos, que podem chegar a até 20% do faturamento do ano anterior das empresas. Caso seja comprovada a responsabilidade das empresas nas irregularidades, elas também estarão sujeitas ao rompimento de contratos públicos e a declaração de inidoneidade, que a impede de contratar por cinco anos com o poder público, em qualquer esfera.

"O ponto central deste projeto é criar a responsabilização objetiva da empresa. É um termo jurídico que diz que, se a empresa foi beneficiada por uma ação irregular - por um suborno, por corrupção -, ela vai ser punida por isso, tanto administrativamente como judicialmente. Essa responsabilização objetiva não existe hoje na nossa legislação", afirmou. Segundo o deputado, a legislação atual prevê apenas a punição às pessoas físicas envolvidas nos atos ilícitos, mesmo que as irregularidades tenham beneficiado diretamente a empresa. "Hoje, para você punir uma empresa, (...) você tem que demonstrar o vínculo entre essa pessoa e a empresa e demonstrar que houve uma ordem da empresa para que ele fizesse aquela irregularidade. Isso é praticamente impossível, e nunca se condenou nenhuma empresa por ação de corrupção", disse Zarattini.

Zarattini apresentou na última quarta-feira o relatório sobre o projeto de lei, que está atualmente em fase de apresentação de emendas de deputados. "No dia 28 nós vamos fazer outra audiência pública, com os setores empresariais. Nós estamos convidando a Confederação Nacional das Indústrias (CNI), a Confederação Nacional do Comércio (CNC) e a Febraban (Federação Brasileira de Bancos)", afirmou o deputado.

De acordo com Zarattini, a comissão está aberta ao diálogo com as entidades empresariais, que até o momento não apresentaram sua posição sobre o projeto. "Nós já realizamos audiências públicas aqui em Brasília, fizemos em São Paulo, em Curitiba, e as entidades empresariais foram sempre convidadas e nunca compareceram. Nós temos mais uma vez insistido para que elas compareçam e deem a sua opinião. A gente ouve muito ruído por aí, de gente contrária a esse projeto, mas é necessário que eles venham e apresentem seus argumentos publicamente", cobra o deputado. 

Empresas que colaborarem terão penas mais brandas
O projeto de lei prevê ainda que empresas que, espontaneamente, aceitarem colaborar com a investigação de casos de corrupção de agentes públicos terão as penas atenuadas. "É um acordo de leniência. A partir do momento em que se constatou que a empresa está envolvida em irregularidade, ela pode firmar com o poder público um acordo de leniência, em que vai colaborar com a investigação", afirma Zarattini. 

Denúncias de corrupção na saúde
Nesta quarta-feira, a Polícia Federal (PF) começa a ouvir 17 pessoas de quatro empresas que apareceram em reportagem do Fantástico, no último domingo, negociando fraudes em contratos de prestação de serviços ao Instituto de Pediatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

A PF instaurou quatro inquéritos envolvendo as empresas Locanty Soluções, Toesa Service, Bella Vista Refeições Industriais e Ruffolo Serviços Técnicos e Construções. Entre os citados estão a gerente da Ruffolo, Renata Cavas; o diretor Rufolo Villar; o gerente da Locanty, Carlos Sarras; o presidente da Toesa, Davi Gomes; e o representante da Bella Vista Refeições Industriais, Jorge Figueiredo. Eles aparecem na reportagem negociando os contratos de prestação de serviço para a unidade de pediatria da UFRJ.

Questionado se a divulgação do mais recente caso de corrupção envolvendo empresas daria maior celeridade à aprovação do projeto, o deputado petista afirmou que o texto já tramita em "velocidade máxima", não se deixando influenciar por denúncias pontuais. "Nós trabalhamos sempre com a maior agilidade possível, dentro daquilo que é a tramitação da Câmara. Nós não podemos abolir o rito democrático. Não é porque aconteceu esse problema que nós vamos deixar de fazer um debate e um projeto de lei bem feito", disse Zarattini.

quarta-feira, 21 de março de 2012

PL 6826/2010 - Por Uma Legislação Que Puna as Empresas Corruptoras

Por Uma Legislação Que Puna as Empresas Corruptoras 
Como se diz popularmente: “Não existe corrupto, sem corruptor”
No Brasil nós não temos uma legislação que puna as empresas corruptas, ou seja, empresas que, através de sua ação fraudam processos de licitação, fiscalizações e medições de obras e serviços. Contra elas, nada acontece e os escândalos são cada vez maiores.

Em outubro do ano passado, foi instalada uma Comissão Especial na Câmara, para analisar e emitir parecer ao Projeto de Lei (6826/2010), do Executivo, que “dispõe sobre a responsabilização administrativa e civil de pessoas jurídicas pela prática de atos contra a administração pública nacional ou estrangeira”. Essa Comissão realizou quatro audiências públicas (duas em Brasília, uma em São Paulo e outra em Curitiba) para discutir os diversos aspectos relacionados ao Projeto. 

Depois do período de discussões, como relator do Projeto, elaborei meu relatório e, na semana passada, o apresentei à Comissão. Entre as punições que indicamos para as empresas corruptoras, estão multa, que pode chegar a 20% do faturamento da empresa; suspensão do contrato ou concessão; e proibição de contratação pelo poder público durante cinco anos. Se a empresa colaborar com as investigações, dando informações e nomes de outros envolvidos, as punições poderão ser reduzidas.

Para mim, a aprovação dessa lei será um avanço em relação à legislação atual. A situação de hoje não prevê punição às empresas. Ela prevê punição às pessoas físicas, aos dirigentes das empresas. É um processo muito demorado, onde as empresas geralmente conseguem escapar protelando o processo e impedindo sua conclusão.

Próximos passos: a Comissão está no período regimentar de recebimento de emendas ao PL e, no dia 28 de março, realizará uma nova reunião com a presença da FEBRABAN (Federação Brasileira de Bancos) e da CNI (Confederação Nacional da Indústria).

O Vídeo foi exibido no Jornal Nacional de 20/03/12.

quarta-feira, 14 de março de 2012

Zarattini apresenta relatório sobre o Projeto Anticorrupção

Relator altera punições para casos de improbidade administrativa

Arquivo/ Beto Oliveira
Carlos Zarattini
Apresentado nesta quarta-feira (14), o relatório do deputado Carlos Zarattini (PT-SP) ao Projeto de Lei 6826/10, do Executivo, altera as punições para pessoas jurídicas que praticarem atos contra a administração pública, nacional e estrangeira. Pelo substitutivo, as instituições condenadas ficarão impedidas de receber recursos públicos e de fazer contratos com a administração pública pelo período de um a cinco anos, e pagarão multas entre 0,1% e 20% do faturamento bruto anual, excluídos os impostos.

O texto do Executivo determina que as multas variem de 1% a 30% do faturamento bruto anual, também sem impostos. No entanto, o projeto original estipula que, caso não seja possível utilizar esse critério, o valor fique entre R$ 6 mil e R$ 6 milhões – o substitutivo prevê valores entre R$ 6 mil e R$ 60 milhões. Quanto à proibição de receber recursos públicos ou contatar com a administração pública, o texto inicial estabelece prazo entre dois e dez anos.
De acordo com Zarattini, a modificação do percentual das multas tem por objetivo adequar o texto aos critérios atualmente utilizados pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Já a alteração dos prazos seria para fazê-los coincidir com os utilizados hoje pelo Tribunal de Contas da União (TCU).

Acordos
Inédito no Brasil, o projeto do Executivo visa garantir o ressarcimento do prejuízo causado aos cofres públicos por atos de improbidade. De acordo com Zarattini, dos 34 países integrantes da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o Brasil é um dos três que não têm uma lei específica para punir empresas que pratiquem atos contra a administração pública nacional ou estrangeira.

O relator também introduziu um novo capítulo na proposta, para autorizar os órgãos públicos a celebrar acordo de leniência com as pessoas jurídicas responsáveis. Pelo dispositivo, empresas que colaborarem espontaneamente com a investigação dos atos de improbidade poderão obter atenuantes das penas, desde que os responsáveis sejam identificados.
Dentre as vantagens oferecidas, estão a dispensa do impedimento de contratar com a administração pública ou o recebimento de recursos públicos, além da redução da multa em até dois terços. O acordo, entretanto, não exime a pessoa jurídica da reparação integral dos danos.

Licitações e contratos
Zarattini acrescentou que, em seu texto, tipificou melhor quais são as irregularidades previstas. De acordo com ele, a redação agora define de forma mais clara, por exemplo, quais são as irregularidades relativas a licitações e contratos. “Inclusive incluímos suborno quanto à fiscalização trabalhista, previdenciária e até mesmo fiscal”, acrescentou.
A proposta apresentada hoje também institui o Cadastro das Empresas Inidôneas, a ser operado pela Controladoria Geral da União e alimentado com dados fornecidos por prefeituras e todos os órgãos públicos do País. As informações poderão ser acessadas por qualquer cidadão.

Íntegra da proposta:

Reportagem - Maria Neves
Edição - Maria Clarice Dias
Fonte: Agência Câmara de Notícias' - 14/03/2012 18:53

sábado, 10 de março de 2012

Por que uma lei que puna as empresas corruptoras

Ao ler estes dois artigos do Globo dá prá entender a necessidade de termos uma lei que puna as empresas corrptoras.

Quando corromper compensa

Globo Dom, 04 de Março de 2012 06:23

Para ganhar um contrato de R$ 75 milhões, o dono da Encomendas e Transportes Pontual, Osvaldo de Oliveira, tentou subornar uma funcionária do Ministério da Saúde, oferecendo 10% do valor. A servidora, exemplar, denunciou o crime, e a polícia conseguiu comprová-lo com escutas telefônicas. A Justiça foi ágil e condenou Oliveira. Tudo como deveria sempre ser. Mas a pena foi leve: dois anos de prisão, prontamente convertidos em pagamento de multa de R$ 1,6 mil e cesta básica mensal, por um ano, de R$ 500 a uma instituição.
Tentativa de suborno acaba em punição leve
Empresário de transportes flagrado oferecendo propina a funcionária da Saúde é condenado a pagar multas e cesta básicas
Jailton de Carvalho
BRASÍLIA. O empresário Osvaldo Gonçalves de Oliveira, dono da Encomendas e Transportes Pontual, foi flagrado pela Polícia Federal tentando subornar a chefe da equipe de pregoeiros do Ministério da Saúde, Marilusa Cunha da Silveira, para ganhar um contrato que, ao final de cinco anos, poderia render R$ 75 milhões. O caso, batizado de Operação Carga Bruta, ocorreu em 2008, e, em dezembro passado, num prazo recorde para os padrões da Justiça brasileira, a juíza Pollyanna Kelly, da 12 Vara Federal, condenou Oliveira e Nilson Veira Lima, cúmplice do empresário na negociata.
O caso poderia se tornar um emblema de investigação séria, de denúncia consistente e, claro, da quebra do tabu da impunidade se não fosse um pequeno detalhe: Oliveira e Lima foram condenados a dois anos de prisão e, como se não bastasse, tiveram a pena de privação de liberdade convertida em pena de restrição de direito. Oliveira foi condenado a pagar uma multa de R$ 1.660 e cesta básica mensal no valor de R$ 500, por um ano, a uma instituição de caridade. Lima foi multado em R$ 7,6 mil e pagamento de cesta básica.
Surpreso com a suavidade da sentença, o procurador Gustavo Pessanha Velloso recorreu ao Tribunal Regional Federal da 1 Região contra a decisão. Para o procurador, pena desse tipo só se justificaria em casos menos impactantes de tentativa de suborno, como oferecer alguma vantagem financeira para guarda de trânsito ou para fiscal ambiental com o objetivo de escapar de multa. O caso não se aplicaria à tentativa de corrupção em altas esferas do Ministério da Saúde. A Pontual é uma das maiores transportadoras do país e mantém contratos com diversas áreas do governo federal.
Só em 2011, a empresa recebeu R$ 6,6 milhões dos ministérios da Saúde e da Justiça. No início de 2008, Marilusa procurou a Polícia Federal para denunciar que tinha recebido uma proposta de suborno de Vieira Lima para fraudar uma licitação do Ministério da Saúde. A servidora foi orientada a fingir interesse na negociata. Em menos de dois meses, a partir de um inquérito para apurar o caso, a PF gravou uma coleção de espantosas conversas sobre mais um ataque aos cofres públicos.
No mais incisivo dos diálogos, gravado em 28 de março, Oliveira oferece 10% do valor do contrato a Marilusa e, em tom didático, explica como se daria o suborno. O desembolso ocorreria imediatamente após o pagamento de cada parcela do contrato. O negócio seria de aproximadamente R$ 15 milhões por ano e poderia ser prorrogado por mais quatro anos. Ou seja, seria um montanha de R$ 75 milhões.
- Então o que eu acerto com você é o seguinte : 10% do que cair no banco. Que eu vou te mandar a fatura lá de 2 milhões. Você vai pagar menos INSS, que é de 5%, menos Lei Kandir, que é 4,85 ou 5%, mais o desconto de 10% - diz o empresário, com toda simplicidade, à servidora.
Advertência sobre vigilância do Coaf
Num outro trecho da conversa, numa aparente demonstração de experiência no negócio, Oliveira alerta para o risco de se fazer altos saques em espécie. Movimentações financeiras expressivas despertam a atenção do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) e pode resultar em investigações criminais. Para Oliveira, só pessoas sem inteligência cometem erros dessa natureza. Ele, não.
- Tem que ser bom para mim, para você, para ele, para o outro que tiver no meio. Agora, aquilo que eu tô falando com você, eu acerto com você. Quem vai aqui no final do mês e pagou e tal...e nunca de uma vez. Sabe que é a maior burrice chegar em um banco e tirar R$ 300 mil. Coisa de bobo - ensina.
Ainda à vontade na longa negociação, o empresário insinua que até 17% de propina é possível pagar. Com mais que isso, o negócio se tornaria inviável. A partir daí, ele lança a sombra da dúvida sobre outras áreas do governo.
- Lá na Funasa o desconto é 10% - diz.
O encontro entre Oliveira e Marilusa começou a ser preparado por Vieira com muita antecedência. Em 7 de fevereiro, depois de outras conversas iniciais, Vieira disse que estava falando em nome de Oliveira, dono da maior empresa de transporte de carga aérea de Brasília. Pela promessa do lobista, Marilusa receberia R$ 100 mil de entrada para direcionar uma licitação do Ministério da Saúde para a Pontual. Vieira confidencia à interlocutora a conversa que teria tido com o chefe.
- Ele (Oliveira) disse : "Eu quero saber quanto ela quer e quero saber se ela consegue derrubar esse contrato da Voetur para fazer outro, que tá ilegal, tem mais de seis anos". Eu disse: "eu sei que tá ilegal, que tem mais de seis anos. Agora depende de vocês para derrubar. Não é ela". Foi o que eu falei pra ele - conta Vieira.
Marilusa pondera que o trabalho é delicado e pede para falar com Oliveira. Depois de analisar o conteúdo das conversas e outros indícios obtidos pela polícia, a juíza Pollyana Kelly não teve dúvidas. "Com efeito, no dia 28/03/2008, o réu Osvaldo Gonçalves de Oliveira ofertou, de modo firme, consistente e direto, vantagem indevida, traduzida em percentual sobre o valor a ser auferido em razão da possível celebração de contrato de licitação com o Ministério da Saúde, à servidora pública Marilusa", conclui a juíza.
Mas, apesar de considerar os réus culpados, Pollyana Kelly fixou pena de dois anos de reclusão e, logo em seguida, converteu a pena em multa, pagamento de cesta básica e prestação de serviços. O procurador Gustavo Velloso considerou a pena leve demais e recorreu ao TRF1. O delegado Wesley Almeida, coordenador da Operação Carga Bruta, disse que o resultado do caso até o momento é frustrante.
- Até parece que neste país não vale a pena ser honesto - disse o delegado.
Procurado pelo GLOBO, Oliveira negou que tenha cometido qualquer crime. Disse que só fez a oferta para Marilusa porque queria denunciar fraude no ministério.
- A gente tinha montado um caso de gravação para poder pegar a Marilusa, que ela estava andando atrás da gente querendo dinheiro. Com a ajuda de um delegado amigo nosso, nós montamos isso. Infelizmente, ela só veio numa data, mas não veio depois - disse.
O Ministério da Saúde disse que ainda não recebeu qualquer comunicado da Justiça sobre a sentença. Marilusa não foi localizada.


Condenação não impede novos contratos
 
Globo Dom, 04 de Março de 2012 07:08
BRASÍLIA. Mesmo depois da denúncia de corrupção contra o empresário Osvaldo Gonçalves de Oliveira, os negócios da Encomendas e Transportes Pontual continuaram a prosperar no governo federal. Só de 2007 a 2011, a empresa recebeu aproximadamente R$ 60 milhões de diversos órgãos. Os mais expressivos contratos da empresa são com a Fundação Nacional de Saúde (Funasa), mencionada por Oliveira nas conversas gravadas durante a Operação Carga Bruta, da Polícia Federal.
No ano passado, a instituição desembolsou R$ 6,6 milhões para a empresa de Oliveira. Nos últimos cinco anos, essa cifra bate a casa dos R$ 39,2 milhões, conforme dados registrados no Portal da Transparência. A Pontual assinou contratos e recebeu dinheiro ainda de Ministério do Esporte, Casa da Moeda, Polícia Rodoviária Federal, Fundação Universidade de Brasília e Ibama, entre outros órgãos.
Segundo Oliveira, os grandes contratos da Pontual são mesmo com o governo federal. A empresa é considerada uma das maiores do país no setor e, nos últimos anos, estava em guerra contra a concorrente Voetur, dona de cobiçados contratos na área federal. Procurada pelo GLOBO na sexta-feira, a assessoria de imprensa do Ministério da Saúde não explicou porque os contratos da Pontual foram mantidos, mesmo depois das investigações da polícia e de uma denúncia formal do Ministério Público Federal.
O ministério também não respondeu se foi aberta investigação para apurar supostas ligações suspeitas de Oliveira com servidores da Funasa. Segundo a assessoria, o ministério não recebeu comunicado da Justiça Federal sobre a sentença de condenação de Oliveira e do cúmplice dele no negócio, Nilson Vieira. Para policiais que atuaram na Operação Carga Bruta, esse é mais um indicativo das dificuldades de punir irregularidades na administração pública.

sábado, 3 de março de 2012

OCDE Reconhece Avanços, Mas Cobra a Ausência de Lei Antissuborno

Qua, 29 de Fevereiro de 2012 19:36

A comissão especial destinada a emitir parecer ao projeto de lei (PL 6826/10), do Executivo, que estabelece medidas de combate à corrupção empresarial, ouviu, nesta quarta-feira (29), Nicola Bonucci, diretor de Negócios Jurídicos da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

Bonucci elogiou a iniciativa do governo brasileiro no combate à corrupção, mas criticou a ausência de lei específica que puna pessoa jurídica que incorra nessa prática.

“Esse projeto de lei é importante para a Convenção Antissuborno da OCDE e demonstra como o governo brasileiro está trabalhando essa questão. Dos 39 países signatários da Convenção, o Brasil, Argentina e a Irlanda são os únicos que ainda não estabeleceram leis que imputam responsabilidade à pessoa jurídica que pratica atos de suborno e corrupção”, lamentou Bonucci.

Questionado pelo relator da proposta, deputado Carlos Zarattini (PT-SP) se no âmbito da OCDE existe um setor responsável para dirimir conflito de competência entre legislações, quando houver julgamento de empresas estrangeiras, o diretor da OCDE disse que existe um Grupo de Trabalho sobre Suborno de Transações Comerciais da OCDE que debate a aplicação das leis e melhores práticas.

Bonucci disse ainda, que nesses casos, os interessados deverão sentar-se e debater os problemas. O importante, explicou o diretor, é que com uma legislação específica, o Brasil estará em posição mais confortável no cenário mundial. Nicola Bonucci contou também, que houve casos em que os problemas foram resolvidos através de um facilitador ou do secretário-geral.

Zarattini indagou também sobre punição a empresas brasileiras que atuam no exterior e que podem ser punidas segundo legislação desses países. O representante da OCDE disse que, antes da convenção, o único país que tinha legislação contra suborno era os EUA e, segundo ele, por isso as politicas americanas eram aplicadas não só para o Brasil, mas para outros países.

Nesse sentido, Zarattini reforçou a necessidade de se ter uma lei específica para julgar empresas brasileiras que venham a sofrer alguma acusação por atos ilícitos praticados. “O representante da OCDE demonstrou, claramente, que os EUA vem utilizando de sua própria legislação para punir empresas de outros países. A nossa própria legislação vai proteger e garantir um julgamento correto de eventuais irregularidades feitas por nossas empresas que atuam em âmbito internacional”, esclareceu Zarattini.

Benildes Rodrigues

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