quarta-feira, 11 de maio de 2016

Projeto entreguista que retira da Petrobras exclusividade no pré-sal é ameaça à soberania nacional

O ex-presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli e dirigentes da Federação Única dos Petroleiros (FUP) se reuniram nesta quarta-feira (11) com os parlamentares petistas integrantes da comissão especial que analisa o projeto de lei (PL 4.567/16) que retira da Petrobras a exclusividade de 30% de participação na exploração do pré-sal. A proposta, de autoria do senador José Serra (PSDB-SP), é considerada entreguista e contrária à soberania nacional por permitir uma participação ainda maior de companhias petrolíferas internacionais na exploração do pré-sal.
Durante a reunião, Gabrielli e os petroleiros destacaram que uma possível aprovação do projeto pode afetar a recuperação financeira da empresa, prevista para ocorrer a partir de 2017. Segundo o ex-presidente da Petrobras, o déficit da empresa deve ser equacionado a partir do próximo ano, “devido aos 450 mil novos barris adicionados pelo pré-sal à produção nacional, aos acertos com a Petrobras advindos da cessão onerosa e com a entrada em funcionamento da refinaria de Abreu e Lima (PE)”, disse. 
“A Petrobras tem um problema de dívida de curto prazo, mas não se pode admitir que para resolver isso se retire a exclusividade na exploração do pré sal, que é uma questão para 30 anos. A mudança na legislação vai acelerar a exploração com ganhos maiores para as multinacionais do petróleo, com menos recursos para o Estado brasileiro, criando uma dificuldade muito maior para viabilizar uma política de expansão da indústria naval, da indústria de construção pesada no Brasil, comprometendo a geração de milhares de postos de trabalho para melhorar as condições de vida do nosso povo”, disse Gabrielli.

Após ouvir as explicações sobre o potencial da companhia, o coordenador da bancada do PT na Comissão Especial, deputado Carlos Zarattini (PT-SP), destacou a importância de se preservar a exclusividade de operação da Petrobras no pré-sal.
“Nós temos que preservar a Petrobras como operadora única para garantir o controle das jazidas do pré-sal, incentivar a produção nacional de equipamentos, mantendo a política de conteúdo nacional. Temos que demonstrar claramente que a companhia não está falida, como diz a oposição. Ela tem uma dívida alta, mas tem um caixa alto de 100 bilhões de reais, e vai incorporar mais de um milhão de barris a partir de 2017”, ressaltou.
Petroleiros- Sobre o desenvolvimento experimentado pela Petrobras, o diretor de assuntos jurídicos e institucionais da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Leonardo Urpia, ressaltou que nos últimos 13 anos dos governos petistas de Lula e Dilma a companhia experimentou um crescimento sem precedentes.  
“É bom frisar que a Petrobras cresce a partir de 2003, sai de 30 mil para 85 mil empregados, o nível de investimentos passa de cinco bilhões para 48 bilhões de dólares anuais, a participação do PIB pula de 3% para 13% do PIB. A Petrobras é outra empresa”, destacou.
Até sobre a maior crítica dirigida à companhia, que chegou a valer 320 bilhões de dólares e que hoje vale 120 bilhões, o dirigente sindical aponta avanços em relação ao passado.
“O valor de mercado em 2003 era de 20 bilhões e chegou a valer 320 bilhões de dólares. Hoje é de 120 bilhões, ainda assim seis vezes maior que em 2003. Agora querem retirar da Petrobras a capacidade de financiar sua atividade, que já permitiu a descoberta do pré-sal, a maior reserva de petróleo dos últimos 30 anos no mundo influenciando, inclusive, a geopolítica mundial”, explicou.
Também participaram da reunião os deputados Henrique Fontana (RS), Moema Gramacho (BA) e Valmir Prascidelli (SP), todos membros da Comissão Especial.

Héber CarvalhoFoto: Gustavo Bezerra/PT na Câmara

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