terça-feira, 6 de setembro de 2011

Salários mantêm ganho acima da inflação

Entenda por que o Governo Dilma continua tão bem avaliado. É isso que impede os tucanos de valiarem corretamente a situação política e econômica. Agora torcem por juros altos, inflação e mais privatização. É só torcida...
 
Follha de São Paulo

ÉRICA FRAGA
MARIANA CARNEIRO
MARIANA SCHREIBER
DE SÃO PAULO

Sindicatos que renegociaram os salários dos trabalhadores que representam nos últimos dois meses conquistaram aumentos acima da inflação, realimentando pressões sobre os preços num momento em que o Banco Central decidiu reduzir os juros, principal instrumento de que dispõe para conter a inflação.
Mas os aumentos foram menos generosos do que os obtidos em 2010 e do que os alcançados por sindicatos que negociaram no primeiro semestre, num sinal de que a inflação mais alta e o esfriamento da economia tornaram mais difíceis as discussões.
Levantamento da Folha com 18 sindicatos com data-base no segundo semestre e que já concluíram a negociação revela que todos conseguiram reajustes reais (acima da inflação).
Mas os aumentos alcançados pela maioria foram inferiores aos de 2010. No primeiro semestre, a maioria dos 87 sindicatos ouvidos pela Folha obteve ganhos reais superiores aos do ano anterior.
"O mais significativo é que os sindicatos continuam com reajustes superiores à inflação. A magnitude dos aumentos é menor porque reflete expectativas de menor crescimento", diz o economista Aloisio Buoro, do Insper.
Mas concessões feitas por importantes empresas em negociações recentes confirmam que o aquecimento do mercado de trabalho, que aumenta a demanda por mão de obra, tem reforçado o poder de barganha.
A mineradora Vale vai pagar quase dois salários extras para os trabalhadores que se comprometerem a ficar na empresa nos próximos dois anos. No Paraná, os metalúrgicos da Renault garantiram reajuste real até 2013.
Segundo economistas, esses acordos representam risco para a aposta do BC de que a inflação recuará em 2012, mesmo com juros em queda.
O órgão reduziu a Selic de 12,5% para 12% na semana passada. Críticos argumentam que a pressão inflacionária segue forte, entre outros fatores, porque o mercado de trabalho está aquecido.
"Nos próximos anos o crescimento se manterá próximo de 4% e a economia perto do pleno emprego", diz Sérgio Vale, da consultoria MB Associados. "O resultado são salários reais crescendo com ameaça para a inflação."
As obras para a Copa do Mundo e para as Olimpíadas, além do aumento do salário mínimo definido para o ano que vem, reforçam o poder de compra dos trabalhadores.
O economista Carlos Thadeu de Freitas, ex-diretor do BC, pondera que os reajustes estão "descolados" da previsão de crise externa. E, por isso, vão perder fôlego.
Pelo menos na indústria alguns sinais começam a aparecer. Volkswagen e Ford decidiram parar a produção por alguns dias em setembro por excesso de estoques.




ANÁLISE EMPREGO




Desemprego deve cair ainda mais em 2011




Apesar do desaquecimento econômico até agora, 13° salário e Natal favorecerão mercado no segundo semestre

 
JOÃO SABÓIA


ESPECIAL PARA A FOLHA




Há muitos anos o mercado de trabalho no Brasil não mostrava indicadores tão favoráveis. O país passa por uma situação nova, levando alguns a afirmar que estaríamos vivendo praticamente a situação de "pleno emprego".


Vejamos: a taxa de desemprego vem caindo desde 2004. Segundo a Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE, em julho deste ano atingiu 6%, menor valor para o mês desde o início da série.


O emprego com carteira assinada não para de crescer, com mais de 1,4 milhão de empregos gerados em 2011 até julho, conforme o Caged.


O rendimento médio dos trabalhadores mantém-se em alta, com aumento de 4% nos últimos 12 meses. A combinação de crescimento do emprego e dos salários representou um aumento de 6% na massa total de rendimentos nas seis regiões metropolitanas cobertas pela PME do IBGE.


É verdade que tem havido alguns sinais desaquecimento da economia. Os dados divulgados pelo IBGE (sobre o PIB) são sintomáticos, sobretudo no setor industrial.


De qualquer forma, não deve ser esquecido que o terceiro trimestre é aquele em que a economia costuma se encontrar no auge.


Por outro lado, o pagamento do 13° salário e as festas natalinas favorecem o mercado de trabalho nos últimos meses ano. Portanto, não será surpresa se em dezembro a taxa de desemprego cair para algo próximo a 5%, como ocorrido em 2010.


Finalmente, cabe lembrar que o próximo ano começará com um vigoroso reajuste para o salário mínimo, que deverá atingir cerca de R$ 620.


Dentro dessa conjuntura, as perspectivas para novos aumentos reais nos rendimentos dos trabalhadores parecem positivas e devem favorecer as negociações salariais até o final do ano. Eventualmente os trabalhadores da indústria poderão encontrar mais dificuldades para obter ganhos mais favoráveis por conta da desaceleração.


As dúvidas ficam para 2012, na dependência do que vai ocorrer com a economia.


JOÃO SABÓIA é professor titular do Instituto de Economia da UFRJ

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