quarta-feira, 1 de junho de 2016

Mídia faz campanha negativa para justificar entrega do pré-sal às multinacionais, denunciam especialistas

Campanha sistemática da mídia brasileira e de setores da oposição comandada pelo PSDB em desmoralizar, achincalhar e estigmatizar a Petrobras – empresa considerada símbolo do País e orgulho dos brasileiros – pode causar um grave dano à estatal, que pode perder o protagonismo na exploração do petróleo da camada do pré-sal. O projeto de lei (PL 4567/16) do senador José Serra (PSDB-SP), atualmente chanceler interino do governo golpista, abre a exploração dessa riqueza ao mercado petrolífero internacional.
“A empresa é apresentada como um fenômeno de fracasso econômico. Ela é apresentada na mídia, na opinião pública, nos meios políticos como problema e não como solução”, lamentou o professor do curso de Relações Internacionais da Universidade Federal do ABC (UFABC), Igor Fuser, um dos debatedores da audiência pública que ocorreu nesta terça-feira (31), na comissão especial que analisa o projeto entreguista de Serra.
Para o acadêmico, essa é uma visão falsa sobre a empresa. No entanto, é com base nessa interpretação que chega ao Congresso Nacional um pacote de propostas de mudanças nas regras de exploração do petróleo brasileiro e no modelo de funcionamento da Petrobras.
O segundo vice-presidente da comissão especial, deputado Carlos Zarattini (PT-SP), afirmou que a exposição dos professores revela “que existe esse terror que foi criado de que a Petrobras é uma empresa falida, sem condições”.
O parlamentar lembrou que fatores conjunturais não podem justificar a abertura dessa fonte de energia para as empresas multinacionais. Segundo ele, a mudança no regime de partilha – amplamente debatido no Congresso Nacional – significa a eliminação dessa garantia da Petrobras ter 30% e de ter a exclusividade nessa operação.
“Uma empresa que vai, nos próximos dois anos, acrescentar mais um milhão de barris de produção, a partir de projetos que já estão prontos e começando a produzir nos próximos dois anos, uma empresa que fecha o trimestre com 100 bilhões em caixa, é muito difícil que essa empresa não tenha condições de fazer os investimentos necessários”, avaliou Zarattini.
Ao discorrer sobre o desempenho da Petrobras, Igor Fuser destacou que em dezembro de 2014 a estatal cresceu em produção, chegando a três milhões de barris/dia de óleo. O pré-sal, continuou o professor, alcançou em 2015 a marca de um milhão de barris diários, um nível de produção que, salientou Fuser, aumenta a cada dia. “A Petrobras mantém recorde na exploração de petróleo do pré-sal”, disse.
“Desde a descoberta do pré-sal, a mídia colocava em duvida a viabilidade de exploração desse recurso. Colocava em dúvida a capacidade de a Petrobras explorar esse petróleo de uma forma técnica e economicamente viável”, lembrou Igor Fuser.
Conforme lembrou o professor, a produção do pré-sal ocorre de forma lucrativa e eficiente do ponto de vista econômico, mesmo em um momento desfavorável no mercado internacional como o atual. “Não podemos nos deixar levar quando se trata de algo tão estratégico, quando se trata de energia”, alertou Fuser, em critica à maneira como a mídia tem feito esse debate.
Ao se pronunciar sobre o tema, o diretor de Relações Institucionais da COPPE da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Luiz Pinguelli Rosa, se mostrou favorável à manutenção da Petrobras como operadora única do pré-sal. Para ele, os defensores da abertura às multinacionais, quando dizem que a Petrobras terá “prioridade” na exploração, tentam sinonimizar os termos.
“A Petrobras tem uma importância enorme. Sou a favor que ela continue como operadora exclusiva. É claro que a prioridade dá a impressão de ser a mesma coisa, mas não é. O Globo e os demais jornais nacionais vão sempre falar que é a mesma coisa. Os rapazinhos engravatados que a noite aparecem nas telas”, criticou Pinguelli Rosa.
“O pré-sal é estratégico. O pré-sal é um bilhete premiado. O problema é poder ir lá no fundo. É uma profundidade muito grande – uma camada de sal com características próprias e a Petrobras conseguiu fazer isso. É bom que ela se preserve dona de uma vantagem comparativa. Se ela abrir mão de ser operadora essa vantagem comparativa vai ser reduzida”, afirmou o diretor da COPPE.
Benildes Rodrigues
Charge: Bessinha

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