quinta-feira, 28 de maio de 2015

Embaixadores Árabes refutam imagem negativa e afirmam desejo de paz


Embaixadores representantes do Grupo de Amizade Brasil-Países Árabes, liderados pelo deputado Wadson Ribeiro (PCdoB-MG), reuniram-se nesta terça-feira (26), com a presidenta da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional, deputada Jô Moraes (PCdoB-MG). Nesta quarta-feira (27), a Comissão realiza audiência pública para discutir denúncias de que terroristas do Estado Islâmico estariam tentando recrutar jovens em território brasileiro. 

No encontro, o grupo composto por representantes da Tunísia, Líbia, Omã e Iraque, conversou sobre a preocupação com a atuação de grupos extremistas islâmicos e a imagem dos países muçulmanos junto ao parlamento brasileiro.


Os diplomatas fizeram questão de reforçar que os valores do Islã estão baseados na paz e que grupos radicais são minoria e não representam a essência pacífica de seus países.

Deputados e especialistas que participaram de audiência sobre na Comissão de Relações Exteriores recomendaram cautela na elaboração de uma lei antiterrorista. A preocupação dos parlamentares é que o combate aos crimes terroristas gere preconceito contra muçulmanos e culmine na retirada de direitos individuais.

"Temos que respeitar todos os povos que vivem no nosso país, levar em conta a contribuição que eles deram. Em segundo lugar, temos que nos proteger, o nosso território e nossa população, mas garantindo que direitos individuais sejam respeitados", disse o deputado Carlos Zarattini (PT-SP), um dos parlamentares que sugeriu o debate.

Para o chefe do Departamento de Relações Internacionais da PUC Minas, Jorge Lasmar, uma legislação brasileira antiterrorista não pode simplesmente responder à pressão internacional, mas deve estar atenta a todo o ciclo terrorista e refletir a realidade nacional.

Segundo ele, é preciso tomar cuidado para que não haja um empoderamento do Executivo, uma maior militarização da polícia ou a criminalização de movimentos sociais. "Não devemos cair na tentação de importar modelos internacionais existentes", disse Lasmar. "Terrorismo é um fenômeno complexo e está sempre em mudança."

Sem exaltação

A presidenta da comissão anunciou que fará um debate sereno sobre o tema. “Não nos interesse um clima de Fla X Flu”, explicou, para impedir exaltação nos debates.

Ela chamou a atenção para a necessidade de o Brasil elaborar um sistema antiterror próprio, autônomo, que reflita a realidade nacional. Vamos escutar a sociedade civil, em seguida o governo e saber que respostas ele pretende dar ao problema, anunciou a parlamentar.

O presidente do Conselho de Ética da União Nacional Islâmica (UNI) e vice-presidente da União Mundial da Juventude Islâmica (WAMY), xeque Jihad Hassan Hammadeh, minimizou o efeito de uma legislação específica no combate ao terrorismo no Brasil. Segundo ele, mais do que uma lei específica, o Brasil precisa aplicar as leis existentes no combate ao crime.

"Se quisermos realmente acabar com isso ou nos prevenir, é só aplicar as leis que existem hoje. Não sou contra leis, sou contra a discriminação e o preconceito. É só aparelhar o Exército hoje com as leis existentes. Se as leis que existem não diminuíram a criminalidade, não são as leis novas que vão impedir o terrorismo", disse o xeque na audiência.

Hammadeh também lamentou a imagem de terroristas que hoje pesa sobre a comunidade muçulmana, que reúne mais de 1,5 bilhão de pessoas ao redor do mundo. "Nós, muçulmanos, não reconhecemos o que se fala do islã hoje. Esses grupos (terroristas) não são reconhecidos. Não aceito ninguém me comparar a eles, nem me ligar a atos terroristas. Infelizmente, elas encontram eco em diversos setores da sociedade em diversos países, principalmente na mídia", afirmou.

"Deus no Alcorão sagrado diz que quem tirar a vida de uma pessoa inocente terá matado toda a humanidade. Esse é islã que eu conheço", concluiu.


Do Portal Vermelho
De Brasília, Márcia Xavier, com agências 

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