quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Em ato da saúde, Haddad diz que não teme debate sobre gestão da saúde


O candidato a prefeito Fernando Haddad (PT) lamentou o clima de “terrorismo” que dominou a campanha de José Serra (PSDB) nesta última semana do segundo turno. Durante o ato de entidades e profissionais de saúde em apoio a Haddad, ocorrido nesta noite de terça (23), o candidato afirmou que vai fiscalizar e debater o que tem prejudicado o funcionamento da saúde pública da cidade, apesar do orçamento ter quadruplicado desde o governo de Marta Suplicy.
“Nós vamos temer o debate público do que funciona e do que não funciona na cidade?” Foi com questionamentos desse tipo que o candidato tratou o que chamou de “onda de boatos” que surgiram na última semana da campanha.
“Por acaso, garantir o controle social para fiscalizar os contratos de gestão da saúde, isso é ideia estapafúrdia, como costumam dizer eles?” disse Haddad, lembrando que o Tribunal de Contas do Município já solicitou que haja fiscalização, controle e transparência sobre os rumos dos 40% do dinheiro da saúde que a Prefeitura entrega aos poderosos hospitais da cidade. “Será que isso ofende alguém? Vamos acompanhar os custos de tudo que é público, privado ou da parceria. Temos que trabalhar diuturnamente para garantir que esses recursos que não são pequenos sejam a garantia dos direitos universais da nossa população”, disse o candidato.

Jogo sujo

Embora Serra negue, as pesquisas eleitorais estão influenciando o clima de sua campanha, que aposta num vale-tudo de ataques ao petista, que não permitem resposta à altura dos ataques. Serra diz que Haddad vai acabar com as parcerias com hospitais privados que gerenciam 237 unidades de saúde. Embora o PT sempre tenha questionado o modelo privatizante proposto pelos tucanos, Haddad é enfático em dizer que não vai romper as parcerias, gerando o caos anunciado por Serra. Em seu programa de governo, por outro lado, a meta é restituir a gestão pública de saúde, embora não detalhe como e quando fazer isso.
Haddad tenta não ficar na defensiva e manter a campanha propositiva nesta reta final em que há pouco tempo para argumentações mais sofisticadas. Mas as distorções simplistas ditas de forma categórica contaminam o debate sobre assuntos complexos como o gerenciamento do sistema de saúde pública por organizações privadas.
Diante de 1200 profissionais, servidores, acadêmicos, militantes e entidades representativas de profissionais e usuários da saúde, Haddad disse que apresentou seu programa de governo no dia 13 de agosto e só agora, ao fim do segundo turno, a campanha adversária resolveu distorcê-lo. “Podiam ter virado e revirado para esclarecer e tirar todo tipo de dúvida, mas chega ao fim do segundo turno e fazem esse terrorismo com o eleitor”, lamentou o petista.
“Com quatro vezes mais recursos do que Marta Suplicy teve e as pessoas dizem que o pior problema da cidade, hoje, é a saúde”, disse o petista. Apesar deste fato, Haddad diz que Kassab e Serra se negam a querer discutir o que precisa ser discutido. “Não vamos ter medo de terrorismo. Vamos dizer o que queremos para a saúde da cidade. Porque quadruplicar o orçamento não resultou em melhoria para a saúde? Vamos voltar a trabalhar com um SUS que sempre sonhamos”, disse Haddad, encerrando seu discurso sob aplausos no auditório da Uninove Vergueiro.

Ideias estapafúrdias

Até então, Haddad apresentava suas propostas para a cidade, mas no evento desta noite, listou a boataria que Serra vem espalhando, revelando a defensiva em que foi colocado. “Imagina um ministro da educação baixar o salário dos professores como estão dizendo”, disse indignado o candidato, considerando que os boatos desta semana chegam às raias do delírio.
“Chegaram a importar um pastor do Rio de Janeiro para me atacar e acabaram dando um tiro no pé de bazuca”, disse Haddad, causando risos, ao mencionar o apoio anunciado de forma agressiva contra o petista pelo pastor Silas Malafaia, explorando o preconceito contra homossexuais. Serra acabou renegando o apoio, enquanto pastores de vários segmentos repudiaram a maneira indigna como o assunto foi conduzido. Cerca de 20 pastores declaram apoio a Haddad, esta semana, e repudiaram os ataques de Malafaia.
Desde o lançamento do programa de governo de Serra, no dia 15 de outubro, em vez de falar de suas propostas, o senador Aloysio Nunes (PSDB-SP) disse que o programa de Haddad é “uma antologia de bobagens” e “ideias estapafúrdias”. A campanha de Serra vem seguindo a risca a lista de “bobagens” do senador tucano, como a acusação sobre a parceria com organizações sociais e o respeito ao piso nacional dos professores.
“Dizem que nossas ideias são estapafúrdias, mas quem está propondo vender 25% dos leitos dos hospitais públicos para planos privados de saúde?”, disse Haddad, lembrando que Kassab prometeu três novos hospitais em sua campanha eleitoral, não entregou nenhum, e ainda defende essa proposta da terceira porta nos hospitais públicos. “Para Serra, essa não é uma ideia alucinada, mas um exemplo de seriedade, competência e planejamento pra ele”.
Haddad causou mais risos na plateia ao citar a resposta de Serra a um questionamento feito por um ouvinte da rádio CBN, em São Paulo, sobre o combate à violência e ao consumo de drogas dentro das escolas. “Ontem, o candidato deles barbarizou ao dizer que vai levar a Febem para dentro da escola para monitorar a propensão dos estudantes para o crime”, disse, acrescentando que foi questionado sobre a proposta de Serra: “Tentei ser elegante, perguntando se ele também ia fazer isso nas escolas particulares ou se era só para as crianças pobres”.
No rádio, para todo mundo ouvir, o candidato tucano defendeu a adoção de medidas preventivas que permitam identificar os jovens com “potencial para o crime”. “Vamos combater em parte com prevenção. Temos um programa feito conjuntamente com a fundação Casa (Centro de Atendimento Socioeducativo ao Adolescente), antiga Febem, para atuar nos jovens que estão dentro das escolas que ainda não entraram para o mundo do crime, mas que podem ter propensão para isso. Então nós vamos fazer com eles um trabalho preventivo, que é identificar quem tem um potencial para ir para o crime ou para ir para a droga para poder fazer um trabalho de acompanhamento, de monitoramento e ajuda a esses jovens. Não são somente medidas de segurança, são medidas preventivas. Essa é a questão fundamental”, declarou José Serra.
Em meio ao festival de boatarias a que Haddad tenta se defender, ele ainda falou no ato sobre a Rede Hora Certa que consta de seu programa de governo. “Identificamos em Diadema um programa em que o exame e a cirurgia ocorrem no mesmo local, o Quarteirão da Saúde. Aqui vamos fazer algo similar, que é a Rede Hora Certa, porque vai ser espalhado pela cidade”, disse.
Entre os que discursaram estavam a companheira do candidato, Ana Estela Haddad, a coordenadora setorial de Saúde do PT, Francisca Ivoneide, o coordenador do Grupo Técnico de Saúde da campanha, Milton Arruda, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha e a candidata a vice-prefeita Nádia Campeão. Mariane Pinotti foi muito aplaudida ao justificar seu apoio e de Gabriel Chalita (PMDB) a Haddad no segundo turno. Estiveram no palco parlamentares e representantes de entidades representativas da área da saúde, entre outros apoiadores.

Fonte: Spresso SP - http://virou.gr/TzJE0l

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